Hitman: Blood Money é um jogo de stealth desenvolvido pela IO Interactive, sendo o quarto jogo da série Hitman, que acompanha as aventuras do assassino profissional Agente 47. O jogo foi lançado originalmente em 2006 para PC, PlayStation 2, Xbox e Xbox 360, e agora chega para Android e iOS com gráficos remasterizados e controles adaptados, com o nome de Hitman: Blood Money – Reprisal, sob responsabilidade da Feral Interactive.
Mas como será que foi o trabalho da desenvolvedora para relançar um dos mais aclamado título, de uma consagrada franquia, para dispositivos móveis, com quase 20 anos de vida? A resposta eu trago agora, em mais uma review antecipada do Pizza Fria!
Um dos clássicos jogos da franquia
Hitman: Blood Money apresenta uma narrativa intrincada, centrada no icônico assassino de aluguel Agente 47, que trabalha para a Agência Internacional de Contratos (ICA). A história gira em torno dos esforços de 47 para desmantelar a “Franchise”, uma organização rival de assassinatos por contrato que ameaça a ICA e busca obter a tecnologia de clonagem que criou o próprio 47.
A narrativa de Hitman: Blood Money é aprofundada pela complexidade do próprio Agente 47. Ele não é apenas um assassino frio; seu passado, motivações e a forma como interage com o mundo ao seu redor contribuem para um personagem multifacetado. Conforme a história progride, os jogadores descobrem mais sobre a origem enigmática de 47 e as forças que moldam o submundo do crime que ele habita. É algo bem diferente do que nos acostumamos a ver nos jogos mais recentes da franquia, por exemplo, o que torna Blood Money algo bem excêntrico.
Isso acontece muito porque a história do jogo é em grande parte revelada por um personagem secundário, Alexander Leland “Jack” Cayne, um ex-diretor do FBI, que narra os eventos da vida de 47 e seus contratos para o jornalista americano Rick Henderson. Este enquadramento fornece uma perspectiva única sobre as ações e o impacto de 47 no mundo ao seu redor.
O cenário de Hitman: Blood Money também desempenha um papel crucial na narrativa. Cada missão ocorre em uma localização única, como Chile, França, Rússia e várias localidades nos Estados Unidos, que não apenas apresenta desafios diferentes em termos de jogabilidade, mas também contribui para a história maior. Os ambientes são variados, indo de luxuosos palácios a locais mais sombrios e clandestinos, cada um refletindo aspectos da sociedade e dos personagens que habitam o jogo. Pra mim, a diversidade de cenários não só mantém o título visualmente interessante, mas também ajuda a contar a história de forma mais rica e envolvente.
Um gameplay familiar
Hitman: Blood Money foi o título responsável por introduzir várias novidades no gameplay da série, como a possibilidade de escalar obstáculos, usar NPCs como escudos humanos, se livrar dos corpos, personalizar armas e equipamentos e realizar assassinatos que pareçam acidentes, tornando-o mais “atual”, em especial para quem jogou HITMAN World of Assassination. O título também possui um sistema de notoriedade, que aumenta ou diminui de acordo com as ações do jogador. Quanto mais notoriedade, mais fácil será para 47 ser reconhecido e mais difícil será para ele completar suas missões.
Se nós formos capturados em câmeras de vigilância ou vistos cometendo assassinatos, a notoriedade aumenta, tornando mais fácil de ser identificado. O game oferece métodos para reduzir a notoriedade, como a destruição de equipamentos de vigilância e suborno. A notoriedade adquirida nas primeiras missões afeta as subsequentes, e a quantia de dinheiro recebida pelo jogador depende da execução das missões, com assassinatos silenciosos e sem testemunhas rendendo maiores pagamentos.
É importante frisar isso pois Hitman: Blood Money também possui um sistema de dinheiro que afeta o desempenho do agente 47. O jogador recebe uma recompensa por cada missão concluída, que pode ser usada para comprar novas armas, equipamentos e melhorias. No entanto, o dinheiro também é influenciado pelo nível de notoriedade do agente 47. Quanto maior a notoriedade, mais difícil será completar as missões sem ser reconhecido ou perseguido.
Além disso, funcionando como um enorme título sandbox, Hitman: Blood Money destaca pela liberdade que oferece ao jogador para planejar e executar as missões da forma que preferir. Cada cenário é um playground repleto de possibilidades, desde se disfarçar de outras pessoas até usar objetos do ambiente como armas improvisadas. O jogador também pode interagir com outros personagens, como testemunhas, guardas e civis, e escolher se quer ser discreto ou violento.
Audiovisual agradável, mesmo datado
Um dos aspectos mais elogiados de Hitman: Blood Money em 2006 foi o seu visual, que apresentava cenários detalhados, personagens realistas e efeitos de luz e sombra. É um jogo de 2006 e estamos quase em 2024. Então, a aposta em relançar o título para dispositivos móveis é certeira, pois não há uma grande exigência em apresentar visuais foto realistas.
Um dos grandes destaques da época foi a engine própria, chamada Glacier Engine 2, que permitia criar ambientes dinâmicos e interativos, com objetos que podiam ser movidos ou destruídos. Hitman: Blood Money também oferece com um sistema de física avançado, que simulava o comportamento dos corpos e dos fluidos, como sangue e água.
Além disso, o visual também se destaca pela criatividade. Como dito acima, o cenário oferece um papel crucial na narrativa, sendo únicos. Seja em uma mansão na Califórnia ou em uma ópera em Paris, o game explora diferentes estilos visuais, como o noir, o western e o futurista. Além disso, oferece diversas opções de disfarces para o Agente 47, como gostamos, que podia se vestir como um palhaço, um padre ou um astronauta.
Um dos grandes destaques ainda foi a trilha sonora original, que é incrível. Composta por Jesper Kyd, ela traz ambientes sonoros distintos, arranjos sombrios e ameaçadores, incluindo músicas como uma versão de “Ave Maria” de Franz Schubert, cantada por Daniel Perret do Coral de Meninos de Zurique, e outras faixas como “Tomorrow Never Dies” por Swan Lee, “White Noise” por The Vacation, e “Slasher” pelo Institute For The Criminally Insane. È importante frisar que a trilha foi indicada para o prêmio de Melhor Trilha Sonora de Videogame no MTV Video Music Awards de 2006.
Uma boa adaptação
Hitman: Blood Money – Reprisal foi muito bem adaptado para dispositivos móveis, pensado principalmente para atender às necessidades e desejos dos jogadores contemporâneos. O game traz uma série de novas funcionalidades e melhorias de qualidade de vida, tornando a experiência mais imersiva e adaptada à jogabilidade em telas menores. Um dos destaques é o “Instinct Mode”, inspirado em jogos mais recentes da série, que realça objetos interativos e pontos de interesse, facilitando a navegação e estratégia em ambientes complexos.
Além disso, a inclusão de um minimapa no HUD oferece uma consciência situacional completa, permitindo aos jogadores um melhor planejamento e execução de suas missões. Os alertas na tela, indicando quando estão em áreas proibidas ou agindo de forma suspeita, são cruciais para manter o disfarce e evitar detecções indesejadas. Os controles touchscreen são personalizáveis, inclusive com configurações para canhotos, ajustes no tamanho dos botões, estilos de trackpad, sensibilidade, aceleração e mais. Para os fãs da experiência clássica, o jogo também oferece suporte a gamepad e teclado & mouse, via bluetooth, com layouts tanto originais quanto modernizados. Uma pena que não tenha ganho localização para o português do Brasil.
Vale a pena comprar Hitman: Blood Money – Reprisal?
Hitman: Blood Money se mantém como uma experiência altamente recomendável, especialmente para os fãs de jogos de stealth e estratégia. A adaptação para dispositivos móveis, realizada pela Feral Interactive, preserva a essência do clássico de 2006, ao mesmo tempo em que introduz melhorias significativas na jogabilidade e nos gráficos, adaptados para as telas menores.
Por um lado, a narrativa complexa e envolvente, juntamente com a liberdade de gameplay em cenários diversificados, oferece aos jogadores uma experiência rica e variada. A habilidade de planejar assassinatos, usar diferentes disfarces e manipular o ambiente ao seu redor permanece tão atraente quanto era na versão original. Além disso, a trilha sonora imersiva e a qualidade gráfica, embora datada, ainda conseguem impressionar e contribuem para a atmosfera única do jogo.
Por outro lado, é importante considerar que, apesar das melhorias, Hitman: Blood Money – Reprisal ainda traz algumas limitações inerentes ao seu tempo de desenvolvimento original. Os gráficos, apesar de remasterizados, podem não atender às expectativas dos jogadores acostumados com as últimas tecnologias visuais. Além disso, a adaptação dos controles para dispositivos móveis, embora bem executada, pode exigir um período de adaptação para alguns jogadores, especialmente aqueles mais habituados aos controles tradicionais de console ou PC. Para o público brasileiro, é uma pena que não haja legendas em português do Brasil.
Pra mim, Hitman: Blood Money – Reprisal é uma compra que vale a pena para os fãs do gênero e da série, oferecendo uma oportunidade de revisitar um clássico com conveniências modernas. Para novos jogadores, pode ser uma excelente porta de entrada para conhecer a franquia Hitman. Seus pontos fortes superam as limitações, proporcionando uma experiência de jogo sólida e satisfatória.
Hitman: Blood Money – Reprisal chega no dia 30 de novembro para Android e iOS. Uma versão para Nintendo Switch está planejada para ser lançada em 2024.
*Review elaborada em um iPhone SE 2020, com código fornecido pela Feral Interactive.
Pizza Fria
Reviews, notícias e tudo sobre o mundo dos gamesPor Lucas Soares, Pizza Fria
Atualizado em 29 Nov 2023.