Guia da Semana

Loop Hero é um jogo tático de combate e cartas desenvolvido pela Four Quartes e distribuído pela Devolver Digital. O título tem elementos de jogos idle, um sistema de RPG leve e um conceito de criação de terrenos com cartas de baralho que é um pouco diferente para descrever de forma resumida.

Felizmente, leitor, ainda temos uma quantidade boa de palavras! Então venha, e veja a análise de Loop Hero.

Prá lá e pra cá

Loop Hero conta a história de um herói que acorda em uma bela manhã para ver que o mundo que conhecia e suas memórias acabaram. Tudo que ele pode ver é escuridão, e nada é como ele (acha) que era antes. Um lich destruiu tudo, e nada resta ao nosso azarado herói além de andar sem rumo na escuridão. Glamoroso!

Contudo, ainda há um pouco de esperança no meio disso. Em duas andanças, ele se depara com um acampamento de sobreviventes, que estão tão perdidos quanto ele, se esquecendo tanto quanto ele, mas com a mesma vontade de sobreviver. Tendo esse acampamento como base, o herói começa sua aventura circular em busca de uma forma de restaurar seu mundo ao que era antes.

A trama é bem minimalista, mas funciona bem para justificar a mecânica central do jogo funcionar em ciclos (loops) e recomeços. Também são apresentadas questões interessantes como o lugar dos monstros no novo mundo que vai ser criado, do valor das memórias e de como todos os seres viventes são impactados e perdem em conjunto com a situação de tudo.

Loop Hero
Perdido e sem rumo. (Imagem: Reprodução)

Jogabilidade de Loop Hero

Simplicidade é uma virtude, leitor, como meu velho avô dizia. Isso é importante de se manter em mente ao analisar e apreciar Loop Hero. A premissa do jogo é super simples. O jogo coloca seu personagem para andar em um caminho determinado em cada rodada (chamado de expedição) e cada volta no caminho é chamado de ciclo. Ou loop, daí o nome do título. Referências leitor, clássico.

A ideia básica é o seguinte: você tem um caminho composto por blocos, nos quais você pode colocar cartas que são derrubadas por inimigos fortes. Cada carta tem um efeito, e algumas adicionam terrenos com efeitos particulares e que geram inimigos diferentes. Por exemplo, florestas geram lobos, cemitérios esqueletos e assim por diante.

O uso de cartas para completar o bloco é uma das mecânicas centrais do título, e dá uma camada interessante de complexidade. Inimigos mais fortes derrubam itens melhores, e certas cartas como montanhas ou rochas concedem mais vida ao jogador. Contudo, muitas cartas desse tipo juntas podem gerar ninhos de inimigos fortes como goblins, o que leva o jogador a pensar bem enquanto coloca as suas.

Loop Hero
Mapa cheio de cartas colocadas (Imagem: Reprodução)

Além disso, cartas como as que colocam vilarejos no mapa dão a oportunidade de ganhar níveis e habilidades conforme se derrotam monstros, além de curarem um pouco da vida em cada ciclo. E isso é algo que vale ouro, porque pontos de vida sempre estão baixos. Sério, praticamente o tempo todo.

O combate contra inimigos é feito no estilo de RPGs clássicos, com o herói e os monstros alternando em turnos. Você não controla seu personagem, que ataca alvos determinados pela inteligência do jogo e pela sorte. A aleatoriedade é algo sempre presente no jogo, seja nos combates ou nos itens que os inimigos deixam e que podem ser equipado.

Isso é algo interessante, mas faz com que uma onda de azar particularmente forte destrua uma expedição em que você não seja abençoado com boas armas e itens. O jogo possui três classes: guerreiro, ladino e necromante, e algumas delas dependem muito mais de itens para funcionarem. Um ciclo com um necromante mal equipado sempre vai acabar em lágrimas.

Loop Hero
Por que sempre tem que ser aranhas? (Imagem: Reprodução)

Os inimigos vão ficando cada vez mais fortes conforme você preenche o mapa e completa os ciclos, e quando a barra de dificuldade chega em um determinado limite um lich aparece em seu acampamento. Passar com ele inicia uma luta que ao ser vencida permite que você volte para sua base ou continue os ciclos normalmente em busca de recursos.

Essa é a segunda parte do jogo. Você possui uma base que pode ser construída e aprimorada, com diversas construções fornecendo diversas vantagens. Começar com certas armas, poções de cura, novas classes e cartas. Enfim, é algo que vale a pena e você sempre vai querer estar fazendo. As melhorias são feitas com recursos ganhos em expedições, e são bem caras de fazer. Isso é meio chato algumas vezes, porque não há velocidade e a sensação de progresso é baixa.

Mas, tudo em tudo considerado, a jogabilidade de Loop Hero é divertida. Não possui tantas nuances, mas ajuda a passar o tempo e pode ser surpreendentemente desafiadora. Ainda mais se a fortuna não lhe sorrir, e desejar te dar equipamentos repetidos ou mais fracos. Totalmente excelente!

Loop Hero
Um exemplo de expedição que comecei e terminei no azar total. (Imagem: Reprodução)

Sons e Visuais

A cara de Loop Hero é bem retrô. O jogo foi feito para parecer do fim do Nintendinho ou início do Super Nintendo, me parece, e acertou bem na mão. As sprites são bem feitas, charmosas e retrô o suficiente para ter personalidade e serem visualmente agradáveis. Não há muito o que julgar dada a simplicidade do conceito, mas o pouco que tem me agradou.

O som também é bem feito, com efeitos sonoros legais e músicas que condizem bem com o tema deprimente do título, Além disso, elas pontuam bem os momentos de calma no início de cada expedição e desespero quando o chefe se aproxima. É uma escalada de ritmo boa, que me ajudou a ficar pilhado para o eventual confronto com o lich e a inevitável surra que levei.

Os retratos dos personagens também são legais, porém levemente genéricos. Monstros, vampiros, aldeões, o de sempre. Como disse, é complicado fazer uma análise mais aprofundada dada a temática de Loop Hero. Mas, levando tudo em conta, é agradável e não me doeram os olhos. Aprovado.

Vale a pena comprar Loop Hero?

Leitor, vou ser sincero com você. Eu fiquei completamente maravilhado com Loop Hero. Fiquei horas e horas girando e girando, passando raiva em alguns momentos e balançando minhas mãos calejadas por anos de jogos para céu em uma raiva impotente contra o RNG do jogo. Mas, amei cada minuto. A última vez que fiquei tão capturado por algo estava em um show do Santana em Woodstock, 1969. O que leitor, se é verdade? Claro, por que a pergunta? Eu jamais mentiria para você, juro.

Brincadeiras a parte, Loop Hero me divertiu bastante, mais do que frustrou. Acredito que algumas coisas poderiam ser mais rápidas, como construção da base, e o conceito do jogo pode o tornar repetitivo algumas vezes. Mas, uma base sólida, gráficos agradáveis e uma trilha sonora maneira me fizeram apreciar o tempo que passei com ele. Ah, e tem legendas em português!

Se você quiser algo para passar o tempo e esquecer dos problemas da vida, não há melhor recomendação no momento do que Loop Hero. Simplicidade, charme e uma combinação inovadora de jogo de cartas com RPG e leves elementos de roguelike fazem com que ele seja algo difícil de deixar passar desapercebido. Recomendo fortemente.

Loop Hero está disponível para PC, via Steam, e acaba de ser anunciado para Nintendo Switch, com lançamento previsto para o fim deste ano.

*Review elaborada em um PC equipado com AMD RX, com código fornecido pela Devolver Digital.

Pizza Fria

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Por Matheus Jenevain, Pizza Fria

Atualizado em 18 Ago 2021.