Guia da Semana

A série Mount & Blade, da desenvolvedora independente TaleWorlds, que já pode ser considerada uma das mais relevantes nas simulações de guerra medieval, traz Mount & Blade II: Bannerlord. O título é a sequência do aclamado Mount & Blade: Warband. No pano de fundo, Bannerlord transcorre 200 anos antes de Warband e aprimora ainda mais o detalhado sistema de combate, além de expandir o mundo de Calradia.

Porém, é de suma importância ressaltar que Mount & Blade II: Bannerlord ainda encontra-se em Acesso Antecipado. Portanto, esta análise levará isso em consideração, pontuando e até mesmo “sugerindo” algumas possíveis melhorias. De toda forma, finalmente, depois da longa espera (desde 2012, quando o jogo foi anunciado), finalmente poderemos contar pra vocês as novidades diretamente da Calradia!

A história de Mount & Blade II: Bannerlord

Como dito na introdução, Mount & Blade II: Bannerlord se passa a 200 anos antes de Mount & Blade: Warband. Neste período, inicia-se o declínio do Império Calradiano e, consequentemente a formação de diversos Reinos, que já apareceram nos títulos anteriores.

Vale ressaltar que o Império Calradiano e seu declínio são uma analogia à um evento histórico: a queda do Império Romano. Como se sabe, neste momento iniciou-se a formação dos vários reinos primitivos nas regiões da Europa, Oriente Médio e Norte da África. O jogo, bem como sua ambientação, reinos, contextos sociais, armas, armaduras, e até a arquitetura se inspiram no período entre 600 a 1100 d.C. Por fim, seguindo os traços da História, existem diversos vassalos diferentes que servem o Reino. E caberá a você reunir as peças da bandeira (daí o nome Bannerlord) e lutar para manter o Império ou destruí-lo.

Mount & Blade II: Bannerlord
O mapa de Calradia. Imagem: Gamexguide.com

Contudo, me furtarei a falar apenas isso, com o objetivo de não spoilers. Nesse ponto, o jogo segue busca ser bem fiel em sua ambientação, que surpreende bastante. Os reinos e impérios buscam ser análogos aos observados na história da humanidade: e isso é refletido até mesmo nas questões estilísticas, tais como roupas, arquitetura e armas.

As facções

Oito facções fazem parte de Mount & Blade II: Bannerlord, onde cada uma é composta por diversos clãs e facções menores, que concorrem entre si – e você pode escolher qual delas apoiar ou até conspirar contra todas. A primeira, o Império de Calradia, é baseado nas civilizações greco-romanas, que tomavam uma parte substancial do mapa. Contudo, os calradianos foram enfraquecido por guerras civis e invasões de outros povos, que se parecem muito com os nórdicos (grosseiramente chamados de bárbaros).

Os calradianos são divididos em três facções. A do norte acredita que o senado deve escolher o imperador. Já a facção do sul crê que a viúva do imperador mais recente deve se tornar a imperatriz. Por último, o povo ocidental acredita que os militares devem escolher o imperador. Todas elas usam um equilíbrio de cavalaria pesada, lanceiros e arqueiros.

Mount & Blade II: Bannerlord
Lute contra diversos inimigos. Imagem: Divulgação.

Os outros povos

  • Os vlandianos, baseados em reinos medievais da Europa Ocidental, particularmente os normandos, são um povo feudal especializado em cavalaria pesada.
  • Inspirados nos russos, os sturgianos estão localizados nas florestas do norte. Além disso, são especializados em infantaria.
  • Já os Aserai habitam o deserto do sul, sendo adeptos das táticas de cavalaria e infantaria e são baseados nos árabes pré-islâmicos, algo facilmente percebido em suas vestes e arquitetura.
  • Os Khuzaits são um povo nômade e habitam a estepe oriental. São especialistas em tiro com arco montado, lembrando bastante os povos mongóis e turcos.
  • Por fim, os battanianos, que são baseados nos povos celtas, habitam as florestas centrais da Calradia. Esse povo é especializado em emboscadas em táticas de guerrilha.

Jogabilidade e gráficos

Mount & Blade II: Bannerlord aprimora a jogabilidade, que já era muito simples e bem desenvolvida e traz gráficos ainda mais incríveis. A premissa do jogo basicamente segue a mesma: relações com diversos personagens, a construção de um exército, fatores econômicos, batalhas, etc. É incrível de se perceber que, mesmo sendo um jogo feito por uma desenvolvedora independente, o título mantém uma qualidade geral relevante.

Porém, em alguns detalhes bem pontuais, falta um certo polimento. Seus menus, por exemplo, poderiam ser mais bonitos; as fontes das letras utilizadas no jogo também deviam ter um cuidado melhor, pois soam como um homemade game. É claro, o jogo está em Early Access e, convenhamos… Estes são pontos que não mudam em NADA a jogabilidade. Aliás, retornando a ela, o jogo apresentou poucos bugs e glitches no decorrer das batalhas e outras tarefas. Portanto, este aspecto segue fluindo maravilhosamente, merecendo ser exaltado seu êxito enquanto simulador.

Mount & Blade II: Bannerlord
Os detalhes gráficos estão bem aprimorados. Imagem: Divulgação.

As grandiosas batalhas

E, por falar em batalhas, elas estão ainda maiores! Os cercos em Mount & Blade II: Bannerlord são ainda mais estratégicos ao serem comparados aos vistos no título anterior, Warband. Neles, os jogadores terão como opção a construção de diversos mecanismos de cerco e, além disso, posicioná-los estrategicamente bem antes do início da batalha, enquanto a cidade inimiga encontra-se cercada. Tais ferramentas são de extrema importância para atingir as fortificações inimigas, criando brechas para o exército adentrar. Contudo, para desencorajar bombardeios prolongados, alguns dos mecanismos de cerco poderão ser destruídos durante os confrontos.

As fortificações dos castelos e cidades agem claramente a favor dos defensores. Isso faz todo o sentido, pois a arquitetura de tais construções é feita exatamente para isso: dar vantagem aos internos. Um exemplo facilmente percebido é que os buracos abertos e até mesmo os caminhos dos portões ficam em pontos de estrangulamento muito estreitos. Com isso, permite aos defensores abaterem com relativa facilidade um grande número de inimigos. Portanto, antes de atacar qualquer fortificação, se prepare, pense bem antes e guie seu exército da melhor maneira possível, pois se algo der errado, não sobrarão soldados para contar a história.

Mount & Blade II: Bannerlord
Lute em batalhas monumentais! Imagem: Divulgação.

Algumas novidades

O jogo apresentou algumas novidades e melhorias bem relevantes para o seu enredo. A primeira delas diz respeito ao sistema de relações entre os personagens. Nele, será possível usar um aprimorado sistema de diálogo para buscar convencer os personagens não-jogáveis a fazer determinadas coisas de acordo com o seu interesse.

Um exemplo recorrente é o de vender exércitos mercenários para líderes, algo que ocorreu diversas vezes comigo. Para isso, o jogador precisará preencher uma barra de progresso através da escolha de respostas; se a barra estiver cheia, o personagem cederá ao jogador e, caso aconteça o contrário, o desejo será negado. Nesse caso, há um jeitinho para resolver o problema: o jogador poderá empregar o sistema de troca para tentar subornar o personagem. Contudo, cuidado! Se o jogador insistir e não obter êxito, o acordo pode se tornar impossível e o relacionamento entre ambos ser duramente afetado.

Mount & Blade II: Bannerlord 8
Casar e ter filhos é uma possibilidade de seguir em Mount & Blade II: Bannerlord. Imagem: Divulgação.

Outra novidade ocorrida em Mount & Blade II: Bannerlord graças ao sistema de persuasão, é a possibilidade de poder cortejar e casar com personagens não-jogáveis e ter filhos, prolongando assim sua linhagem e, consequentemente, estreitando relações com personagens poderosos. Portanto o jogo ganha aqui uma sobrevida: se o personagem controlado jogador acabar morrendo, um de seus filhos poderá herdar seus soldados e feudos. Com isso, ele se tornará um novo personagem jogável. Interessante perceber que a desenvolvedora pegou um cenário provável da própria História da humanidade e o utilizou para prolongar a divertida experiência do jogo.

O modo multiplayer

Tal como em Warband, Mount & Blade II: Bannerlord segue com o modo multiplayer que permite aos jogadores entrarem em grandes combates entre si. Para isso, o título conta com uma variedade de mapas e modos de jogo. O modo multijogador de Bannerlord é totalmente restrito a batalhas, fugindo da fórmula de RPG encontrada no modo Campanha. Neste caso, foca-se muito mais na escolha de tipos de soldados específicos pautados na ação. utiliza um sistema de classes que permite aos jogadores escolher com que tipo de soldado querem jogar. A diferença é tanta, que os modos são separados no launcher do jogo, abrindo dois aplicativos distintos.

Os modos de jogo

  • Siege: Um modo básico de ataque e defesa, onde um lado sitia um castelo e o outro time defende. Neste modo em especial, tive dificuldades de encontrar jogadores e, infelizmente não pude testá-lo.
  • Team Deathmatch: Um dos modos mais comuns em jogos multijogador, consiste em entrar para uma equipe e matar a outra.
  • Modo Skirmish: Este é um modo PVP 6v6, em que um jogador começa com uma quantidade limitada de pontos necessários para gastar a cada rodada. Portanto, tropas e equipamentos de melhor nível serão mais caras. Sendo assim, os jogadores precisam ser estratégicos sobre como gastá-los.
  • Modo Capitão: Cada jogador irá liderar um grupo de personagens controlados pelo computador durante diversas batalhas neste modo de captura à bandeira 6v6.

Contudo, os desenvolvedores manifestaram o desejo em adicionar um modo multiplayer à campanha. Isso aconteceria futuramente através de alguma DLC. Porém, isso apenas ocorreria após o lançamento, algo que não tem nem data para ocorrer.

Vale a pena comprar Mount & Blade II: Bannerlord?

Para um jogo disponível em Acesso Antecipado, confesso que Mount & Blade II: Bannerlord me surpreendeu, entregando um conteúdo bem sólido. Claro que o jogo tem certos detalhes para arrumar, como os menus, alguns pequenos bugs na IA e outros que eu certamente deixei passar batido. Além disso, ao longo de suas atualizações até a versão final, o jogo certamente terá muitos aprimoramentos, incluindo novas quests secundárias. Nesse ponto o jogo acaba sendo repetitivo e pouco interessante, algo que pode cansar. Sua jogabilidade aprimora o que já foi visto nas versões anteriores e os gráficos estão bem bonitos, enfatizando aqui os efeitos de luz nos mapas e reflexos nas armaduras.

Mount & Blade II: Bannerlord é o jogo ideal para amantes de simulações de combate. E, mais do que isso, é feito carinhosamente para entusiastas da história da humanidade e suas reinterpretações. Tudo isso somado dá um status bastante digno ao game da TaleWorlds, o colocando bem próximo de títulos consagrados no quesito qualidade e diversão. Sendo assim, se você gosta de ver batalhas gigantes (e fazer parte delas) e, ao mesmo tempo, acha interessante gerir aspectos como relações sociais e econômicas, este jogo é feito pra você! Ou seja, vale muito a pena, sobretudo por render intermináveis horas de jogatina.

*Review elaborada no PC, com código fornecido pela desenvolvedora.

Por Álvaro Saluan, Pizza Fria

Atualizado em 3 Mai 2020.