Ninja Gaiden: Master Collection é uma coletânea (sério) com os 3 jogos principais da “nova era” da série Ninja Gaiden. Desenvolvido e publicado pela Koei Tecmo, os jogos te colocam na roupa apertada do ninja Ryu Hayabusa em suas desventuras e aventuras vividas, nessa continuidade, no PS3 e Xbox 360.
Será que a velha mágica se manteve nessa remasterização? Me siga para as sombras e veremos, leitor, em mais uma análise antecipada do Pizza Fria!
Imaginem uma referência nada original ao jeito ninja de ser, por favor
Outro dia acordei com uma leve dor nos joelhos, leitor. Isso pode significar duas coisas: que o tempo vai mudar repentinamente ou que temos mais um remaster em vistas de ser lançado. Veja bem, além desse sinal também me lembrei da época em que eu me esgueirava pelas sombras de Tóquio, livre leve e solto. Correndo nas paredes, jogando as coisas nos outros. Os bons tempos! Que saudade!
Se isso realmente aconteceu? É uma boa pergunta, gatuno andarilho. Mas isso não importa, porque eu não sou o único ninja de volta ao jogo nesse recinto! Ninja Gaiden: Master Collection traz de volta aos holofotes (ironicamente) meu chegado Ryu Hayabusa, em duas de suas aventuras mais interessantes em sua longa, longa carreira de ninja. Como é, a coletânea tem três jogos? E Ninja Gaiden 3? Silêncio!
Se você for da velha guarda com certeza deve ser lembrar das primeiras incarnações da série. Ninja Gaiden começou na época dos consoles de 8 bits, com uma jogabilidade de plataforma extremamente divertida e, por Deus, altamente punitiva. Veja bem leitor, eu não tenho nada contra jogos difíceis. Sou ruim igualmente em todos! Mas os Ninja Gaiden clássicos eram caóticos.
A série fez seu pulo para a gloriosa era 3D em Ninja Gaiden Black, originalmente lançado para o XBOX 360. Ela trouxe Ryu para o mundo da ação com uma jogabilidade de combate refinado, difícil e consideravelmente violento. O jogo era divertido demais, e teve uma continuação que considero um dos melhores jogos de ação já feitos: Ninja Gaiden 2. Essa saga terminou, dizem, com Ninja Gaiden 3. Mas minha mente bloqueou essa informação e me recuso a tentar lembrar.
Todos esses jogos tiveram versões aprimoradas. Sigma no caso do primeiro e segundo e Razor’s Edge no caso do terceiro. Ninja Gaiden: Master Collection trabalha em cima dessas versões, motivo pelo qual gerou uma grande polêmica entre os fãs. Principalmente por conta das censuras, muito mais visíveis em Ninja Gaiden Sigma 2.
Veja, ele era um jogo extremamente violento e sangrento em sua primeira versão. Sangue jorrando, pedaços voando, o pacote completo. Ocorre que a versão “definitiva”, a Sigma 2, cortou grande parte desse esquema. O jogo ganhou novos personagens e uma série de balanceamentos, mas o sangue que jorrava foi transformado em fumaça roxa e o número de inimigos na tela foi diminuído. E isso pirou o pessoal mais purista, que apreciava a dificuldade do título.
Isso é algo que deve ser mantido em mente ao se analisar o valor de Ninja Gaiden: Master Collection. Veja bem, leitor. Eu sou um fã da série, porém sempre apanhei horrivelmente para os jogos e nunca dei muita ideia para a violência. A versão Sigma dos jogos sempre me foi cara por ter mais personagens e missões, então não foi nada que me incomodasse. Mas compreendo o ultraje de parte da fanbase.
Uma coisa que foi deixada de lado, e me entristeceu, foi o multiplayer. Ninja Gaiden Sigma 2 tinha um cooperativo muito legal, no qual dois jogadores enfrentavam uma série de missões juntos. Muito difíceis, porém muito divertidas. O terceiro também tinha um modo competitivo interessante. Mas, infelizmente, Ninja Gaiden: Master Collection traz apenas a porção singleplayer dessas experiências.
Jogabilidade
Ao fim e ao cabo, Ninja Gaiden: Master Collection conseguiu trazer uma representação muito boa dos jogos para a nova geração. Os combates continuam ótimos como sempre, e no PS4 joguei com um framerate macio e constante. Mesmo em momentos de maior ação e explosões não senti nenhuma lentidão.
O grande brilho de Ninja Gaiden sempre foram as lutas, e ainda são espetaculares. Ninja Gaiden Sigma é um bom aperitivo, com diferentes armas e magias com seus combos e efeitos. É um ótimo começo para quem não conhece a série. Mas é em Sigma 2 que o bicho pega de verdade.
A maior jóia de Ninja Gaiden: Master Collection continua maravilhosa como sempre, contando com uma série de armas diferentes, que vão desde a boa e velha Dragon Sword até foices e kusarigamas. É impressionante como Ninja Gaiden sempre conseguiu ter várias armas, e fazer com que todas tivessem estilos de jogo e mecânicas diferentes. É muito bom aprender cada uma, e isso confere uma longevidade considerável para os títulos.
Ninja Gaiden: Master Collection não mexeu muito no gameplay, em geral. Por exemplo, qualquer coisa que não envolva sair fatiando os outros continua sendo tenebrosa. O jogo conta com algumas opções de movimentação como pulos e corridas na parede, mas os controles são “leves”, fazendo com que qualquer ação que exija precisão seja um sofrimento constante.
Mas, ao fim e ao cabo, tudo se encaixa bem. Os combos são bons de fazer, os golpes têm impacto e a falta de sangue em excesso não diminui o espetáculo da coisa. Considerando, ainda, que os jogos contam com capítulos extras com outros personagens que também possuem suas armas e combos específicos. Até em Ninja Gaiden 3, que por motivos que me fogem a compreensão tentou se focar mais em história do que no combate. Porque, claro, o que preciso em meu jogo de ninjas do qual solto fogo nos outros vestindo um spandex de couro é uma história sobre o peso da morte na consciência humana.
Sons e Gráficos
Não há muito que se falar aqui, na verdade. Os gráficos continuam no mesmo patamar do que eram na geração antepassada, porém muito mais arredondados e menos serrilhados. O port ficou bom, e além de se tornar mais agradável aos olhos também manteve uma boa performance em todos os três jogos.
As músicas do jogo são muito boas, e pontuam bem os momentos. Seja no combate intenso, ou no monólogo de um demônio gigante tentando transformar a estátua da liberdade em uma abominação gigante. É exagerado e cafona, do jeito que eu gosto! Contudo, há um problema na sincronização de áudio.
Muitas vezes ocorria de certos golpes terem seus efeitos sonoros muito após serem lançados, ou não ocorrerem mesmo. Ou então serem muito baixos. Em algumas cenas me parecia que Ryu batia nos inimigos com um macarrão de piscina, ao invés de uma espada destruidora de vidas. Não é nada que acabasse com o mundo, mas me incomodou o suficiente para notar. Ainda que só tenha ocorrido, majoritariamente, em cutscenes.
Vale a pena comprar Ninja Gaiden: Master Collection?
Um adendo que já deve ter percebido, sagaz leitor, é que eu realmente, realmente não gosto de Ninja Gaiden 3. Mesmo em sua versão atualizada e com mais conteúdo ele tenta inserir questões filosóficas forçadas em um título de ação, e acaba não entregando nem jogabilidade e nem trama. É um adicional bom no pacote, mas longe de ser um diferencial.
Ninja Gaiden Sigma 1 é um jogo excelente, mas é no Sigma 2 que vejo o grande valor de Ninja Gaiden: Master Collection. Ele é incrível, divertido, com várias armas e uma grande variedade de conteúdo, missões e dificuldades. Mesmo sem as capacidades do online continua sendo a nata do creme.
Eu gostei muito do meu tempo com Ninja Gaiden: Master Collection, e achei uma remasterização digna da série. Ainda que a escolha das versões Sigma tenham desagradado os fãs mais puristas da série, não vejo como um impeditivo para o aproveitamento dos jogos e nem algo que impeça novos jogadores de se apaixonarem por Ninja Gaiden.
Três jogos, vários personagens jogáveis, dificuldades, missões extras, enfim. Há muito em oferta aqui. Se você gosta de jogos de ação, ou é fã da série, faz bem em conferir Ninja Gaiden: Master Collection. Principalmente pelo Sigma 2. Sim, é meu preferido, como adivinhou? Como é, falar mais sobre Ninja Gaiden 3? Hora de usar minha velha mágica e sumir nas sombras novamente.
NINJA GAIDEN: Master Collection chega nesta quinta-feira, 10, para PC, via Steam, PlayStation 4 e Xbox One.
*Review elaborada em um PlayStation 4 padrão, com código fornecido pela Koei Tecmo.
Pizza Fria
Reviews, notícias e tudo sobre o mundo dos gamesPor Matheus Jenevain, Pizza Fria
Atualizado em 9 Jun 2021.