Nova Lands é um jogo de construir bases e coletar recursos, com um pouquinho de ação ocasional, desenvolvido pela BEHEMUTT e publicado pela HypeTrain Digital. O título nos coloca no controle de um astronauta que cai com sua nave em uma ilha em um mundo desconhecido e, naquele momento, bem inóspito. Por quê não podemos cair no mundo dos resorts e spas, não é mesmo?
E aí, será que vale a pena ajudar esse navegante estelar? É o que veremos agora, em mais uma análise do Pizza Fria!
Passinho do robô
Se tem uma coisa que o ser humano aprendeu faz tempo, leitores e leitoras deste websítio, é que automatizar é viver. Ah, o sonho, doce sonho de colocar as máquinas para fazerem todo nosso trabalho enquanto descansamos na paz do criador, sem um pingo de preocupação na mente. De fato, desde que o primeiro passo foi dado nas épocas do Fordismo (eu sei que é mais para produção em massa, mas automatizou de certa forma, não é mesmo) sempre estamos em busca desse elusivo estado do ser.
Deixando de lado as questões sociais e empregatícias da parada, e o risco de uma possível Skynet vir nos dominar e evaporar a todos, o conceito de deixar as coisas se resolverem por si só é bem interessante. Principalmente se for colocado em jogos que tem um foco justamente no trabalho manual e na coleta. E é parar provar essa teoria maluca que entra nosso jogo da vez: Nova Lands.
Olha, devo dizer que fiquei intrigado quando vi a propaganda que faziam do título. Construir longas linhas de montagem e coleta de recursos? Uso de bots e drones? Jetpacks? Oras pois senhora propaganda, onde assino meu nome para dar um confere nisso aí? Brincadeiras à parte, admito que entrei com uma curiosidade grande, e um receio maior ainda, para ver se o jogo era tudo isso que falavam mesmo. E será que foi? Acompanhe comigo.
Um dos aspectos mais pobres, por assim se dizer, de Nova Lands é sua narrativa. Ela começa com nosso astronauta caindo em uma ilha, e ficando preso lá. Indignado com a situação, ele ou ela decide sair desmatando a vegetação local a fim de juntar gravetos e terra para, eventualmente, dar um jeito de voltar para casa. Quase um Robinson Crusoé das estrelas, por se dizer.
Ao longo de nosso tempo nesse lugar, encontramos alguns outros náufragos e uns bons e velhos alienígenas que estão dispostos a nos ajudar, e serem ajudados, em troca de moeda ou recursos. O ponto é que essa interação é um tanto quanto superficial, servindo mais para apresentá-los, e suas função práticas, do que para construir um universo.
Nova Lands não precisa de uma trama mais robusta, por assim se dizer. Afinal, o jogo é todo focado em construir nossa pequena planta espacial e nosso império de pequenos bots/bolinhas que lançam lasers pelos olhos. Mas, que posso fazer? Sou um cara simples, e curto quando as coisas que jogam me dão algo para acompanhar. Não que vá tirar o mérito da coisa, nem de longe. Mas, vale dizer.
Já na jogabilidade, Nova Lands se excede. A premissa básica da coisa é que estamos em uma ilha, rodeada por outras, e que precisamos ir coletando recursos e construindo coisas até podermos voltar para casa. Inicialmente, temos acesso apenas aquela em que caímos, mas após construir um radar vamos, pouco a pouco, liberando outras. Esse é um dos primeiros objetivos que temos em mente.
Feito isso, vamos evoluindo pouco a pouco tanto em tecnologia quanto em habilidade. Tudo que fazemos, de matar inimigos até plantar coisas, nos dá experiência e pontos de habilidade que podem tanto melhorar nosso boneco quanto nossos robôs, permitindo colocar mais por ilha, fazendo com que andem mais rápido, essas coisas. Esse sistema é bom, porque nos dá uma ideia de que sempre estamos chegando mais longe.
Primeiro vamos fazendo nossos metais em fornos como pessoas da idade média, depois começamos a ter eletricidade à carvão, depois solar e por biocombustível, e por aí vai. É muito interessante como Nova Lands dá uma visão clara de como estamos avançando e de como nossas pequenas ilhas estão se tornando cada vez mais eficientes e turbinadas.
Além das missões que o jogo nos dá, temos algumas secundárias obtidas dos NPCs que habitam o mundo. Elas são boas para melhorar atributos e liberar novas skins para nosso personagem (e temos muitas), além de dar uma variada na rotina. Todo esse ciclo é extremamente viciante, e me vi agarrado muito mais tempo do que imaginava apenas vendo as coisas acontecerem.
Agora vem o brilho de Nova Lands: a automação. Basta colocar uma torre, que pode conter até cinco robôs, para que uma ilha se torne totalmente autossuficiente, tanto em recursos quanto em produção. É sério, basta mandar alguns bots coletarem e deixar outros para mover os ingredientes para criação de itens conforme necessário. Coloque a velocidade desse último, com uma habilidade, em 400% e pronto! Se espere para ver um Sonic amarelo voando de um lado ao outro fazendo seu trabalho por você.
Ah, mas na ilha em questão não tem o que quer? Não é problema. Construa uma braço mecânico entre ela e outra para transferir os itens que precisa, ou construa um drone. Quer recursos animais mas não que usar o rifle para caçar, por conta dos controles meio errados? Sem problema patroa, coloque um robô guardião com seu laser mágico para resolver a questão.
De fato, esse aspecto de Nova Lands ficou muito bem feito, e construir todo o sistema de automação e criação das ilhas é uma diversão só. Ainda mais depois de vermos tudo em ação, funcionando como um reloginho. Eu diria que o título segura esse brilho e fascinação até mais para perto do final, quando suas várias mecânicas foram introduzidas. Nesse ponto, após longas horas, ele pode se tornar um pouco repetitivo.
Sons e bisuais em Nova Lands
Nova Lands tem uma cara bem bonita, com cores vivas e vibrantes, e modelos pixelizados bem fofinhos. Uma coisa impressionante foi que, mesmo com minhas ilhas zoneadas e cheias de tranqueiras, ainda consegui entender onde tudo estava e o que se passava. Uma prova de que os visuais, de fato, foram bem feitos. Pena que, com um grande montante de elementos na tela, o jogo possa ter congelamentos ocasionais ou lentidão no carregamento inicial.
A trilha sonora é muito boa, com músicas relaxantes perfeitas para nos colocar num estado de espírito bem pacífico. Nesse tipo de jogo, esse é o trabalho que esperamos.
Vale a pena comprar Nova Lands?
Estou frustrado, leitores e leitoras. Não com Nova Lands, mas com o fato de que falhei miseravelmente na tarefa de desenvolver uma máquina que digitasse as conclusões para mim. Maldita realidade! Bom, vamos lá. Como sempre, é hora de puxar a memória recente e ver o que falamos de legal, e tão não legal, sobre nosso jogo do dia.
Do lado positivo, consta que ele tem uma mecânica bem singular e muito bem implementada com a automação, um loop de jogo viciante, muitas mecânicas sendo introduzidas e uns visuais bem dos bonitos. Eu deixaria como negativo apenas o controle que pode ser malcriado em alguns momentos, e uma leve perda de gás mais para o fim de suas várias horas de jogo.
Mas, ao fim e ao cabo, nem tem como não recomendar Nova Lands. O jogo é divertido, viciante e nos dá muitas ferramentas para sermos criativos com nossas construções, além de uma variedade boa em mecânicas e elementos e ser traduzido para o português do Brasil. Fãs do estilo irão se deleitar, com certeza. Mas acredito que os novatos também terão muito o que aproveitar. O jogo é chique, de fato.
Nova Lands está disponível desde junho para Nintendo Switch, Xbox One, PlayStation 4 e PC, via Steam e Epic Games Store.
*Review elaborada no Nintendo Switch, com código fornecido pela HypeTrain Digital.
Pizza Fria
Reviews, notícias e tudo sobre o mundo dos gamesPor Matheus Jenevain, Pizza Fria
Atualizado em 8 Out 2023.