Octopath Traveler II é o mais novo JRPG da Square Enix. Após o primeiro jogo da franquia vender mais de 3 milhões de cópias globalmente, conquistando o público com o estilo HD-2D e inspiração em clássicos da década de 1990, era natural que houvesse um novo jogo, dado o sucesso e entusiasmo do público com o título. Dito e feito.
Revelado em setembro de 2022, durante uma Nintendo Direct, Octopath Traveler II só será lançado no próximo dia 24 de fevereiro, para Nintendo Switch, PC e PlayStation, marcando, inclusive, a estreia da franquia nas plataformas da Sony. Mas nós fomos um dos veículos que tiveram acesso ao jogo, e eu te conto tudo o que você precisa saber para jogar o game agora, em mais uma análise antecipada do Pizza Fria!
Oito novas histórias
Octopath Traveler II segue o mesmo princípio do primeiro jogo, oferecendo aos jogadores oito personagens iniciais, cada um com suas próprias motivações, que precisam deixar seu lugar de origem e viajar pelo mundo. Daí o nome da franquia. Desta vez, estamos em Solistia, um local com vilas, cidades, florestas e dungeons para os jogadores explorarem. O objetivo é terminar as histórias individuais de cada personagem, eventualmente desbloqueando missões em conjunto entre eles, para chegar ao capítulo final, que só é desbloqueado após o término de todas as histórias. Para isso, precisamos explorar o mapa, visitar lugares e, claro, conhecer os nossos viajantes.
A narrativa de Octopath Traveler II não segue um caminho único. Os jogadores escolhem o seu personagem inicial, e devem cumprir o primeiro capítulo dessa história específica para poder explorar Solistia. A exceção é Osvald, um estudioso de magia que foi condenado por matar a própria família em um incêndio, e enviado à uma prisão em que ninguém havia escapado com vida, onde é preciso fazer os dois primeiros capítulos para ter acesso aa explorar o mapa. Diante disso, ele acabou sendo a minha escolha.
A partir daí, quando se ganha liberdade para explorar o mapa de Solistia, cabe ao jogador definir qual caminho ir, e qual será o próximo personagem a conhecermos a história e desbloquearmos em nossa party. De uma forma geral, as histórias de Octopath Traveler II são interessantes e contam com algumas reviravoltas bem interessantes. Mas confesso que me senti um pouco incomodado com a necessidade enorme de grindar para avançar em algumas delas, que recomendam níveis muito altos, logo após você terminar as primeiras partes.
Mas entendo que isso foi uma forma que os desenvolvedores encontraram para fazer o jogador explorar e avançar nas histórias de outros personagens, além de também aumentar a vida útil e o tempo de gameplay do jogo, mas senti alguma disparidade. Exemplificando é o capítulo 2 de Throné, uma ladra que quer deixar essa vida, que recomenda personagens no nível 7 no segundo capítulo, mas nível 31 para o terceiro. Uma disparidade grande!
Um gameplay bem profundo
Além de histórias com profundidade narrativa, Octopath Traveler II também acerta ao aprimorar elementos de gameplay, que literalmente transformam a forma de jogar. Isso porque cada personagem tem um Job, que pode equipar determinados tipos de armas, além de escudos, capacetes, armaduras e acessórios. A qualidade de cada item varia de acordo com as lojas que você encontra, como já se tornou uma tradição no gênero. No entanto, conforme você avança, é possível desbloquear Jobs secundários, que podem ser equipados para todos os personagens principais.
Esses Jobs secundários, além de adicionarem novas magias e status aos personagens, são somados ao que você já tem, e desbloqueiam novas opções ao jogador, incluindo ataques básicos com novas armas (quando equipadas), skills e até skills de suporte, que são bem interessantes para o progresso do jogo. Cada personagem pode aprender até 8 skills pré-definidas de cada Job, além de duas EX Skills, sempre vinculadas ao Job principal. Para desbloquear, você precisa gastar Job Skills (JP), obtidas ao término de cada batalha.
No entanto, a profundidade dos Jobs secundários é ainda maior. Eles são desbloqueados através de missões secundárias, quando encontramos guildas pelo mapa. Avançar nos Jobs secundários não requer JP, mas sim, cumprir as missões dadas em cada guilda, que basicamente são encontrar certos tipos de itens, derrotar alguns inimigos e afins.
Isso torna o jogo bem interessante, principalmente ao combinar personagens com status já pré-definidos. O inquisidor Temenos, por exemplo, tem o Cleric como seu Job principal, o que lhe garante altos pontos em ataque e defesa elemental. Ao misturarmos com a classe Scholar, que é a primária de Osvald, temos um personagem com muita força e capacidade ofensiva, além de um alto nível de SP, podendo soltar poderosas magias ofensivas com frequência.
Com tudo isso explicado, já deu pra ver que a progressão em Octopath Traveler II não é a tradicional, de apenas subir de nível. Por mais que faça parte do jogo, e seja fundamental para melhorar os atributos de cada personagem, é a build montada, somada aos equipamentos que você decidir, que vão ditar o rumo de como será a dificuldade do jogo. E isso é interessante porque, em um primeiro momento, eu falhei nas primeiras missões, mesmo estando no nível acima do recomendado. Quando comecei a explorar o jogo, entender os Jobs e como equipar Skills, a coisa mudou bastante.
Ochette, por exemplo, tem uma ligação com a natureza, e a habilidade de capturar monstros. Mas esses monstros podem ser usados apenas uma vez em batalha, ou serem “consumidos” em troca de itens, que o jogador pode trocar por recursos. Somado à isso, cada personagem de Octopath Traveler II conta com uma habilidade no mapa para ser executada fora das batalhas. Essa habilidade consiste em interagir com NPCs de forma geral, e em arrancar informações de em batalhas, roubar um personagem, conduzir alguém para algum lugar, ou mesmo se juntar ao grupo, ajudando em batalhas.
Um game que não te pega pela mão
Dito isso, é preciso ressaltar que Octopath Traveler II não pega o jogador pela mão e o conduz pelo gameplay, pelo contrário. É óbvio que existem tutoriais que nos guiam pelas tarefas básicas e nos ensinam os primeiros passos, mas é um JRPG bem diferente do usual.
A começar pelo mini-mapa, que não guia o jogador pelo caminho que você quer seguir. Não há opção de definir um destino e segui-lo, exceto em duas ocasiões: quando você obtém informações com NPCs de itens escondidos em cidades, ou quando está cumprindo uma missão principal. Em ambas essas situações, o mini-mapa ganha sinalizações específicas. Fora isso, ele é uma bola, com sinalizações de missões secundárias disponíveis e qual direção seguir para chegar em alguma outra parte do mapa.
É importante ressaltar também que não há qualquer guia pelas missões secundárias de Octopath Traveler II. Ao conversar com quem te passa a missão, elas são adicionadas ao Journal do jogador, com informações extremamente básicas do que fazer. Não há nenhum guia, então, você vai precisar de tempo para cumpri-las, e conhecer todos os personagens, bem como desbloquear as funções do mapa, será bastante útil para isso. Além disso, há uma complexidade porque Solistia é dividia em… (adivinha?) oito regiões! E cada uma delas tem peculiaridades, e é onde cada personagem está. Logo, a jornada obrigatoriamente passa por toda a região.
Por fim, as próprias batalhas contam com algumas “pegadinhas”. Todos os inimigos contam com poucos fracos, mas é preciso analisá-los (com uma skill), ou acertá-los com suas fraquezas, para quebrar o escudo. Infringir um “Break” significa que o inimigo não vai agir naquele turno, o que garante uma ótima vantagem, especialmente em boss battles.
A incrível ambientação audiovisual
Falar que a Square Enix é a mãe dos JRPGs é chover no molhado. A empresa é responsável pelas franquias de maior sucesso e longevas do gênero, como Final Fantasy e Dragon Quest, além de já ter lançado jogos que fizeram muito sucesso no estilo, como Chrono Trigger e Chrono Cross, além das franquias Kingdom Hearts e Of Mana. Logo, há sempre uma expectativa do que a empresa vai oferecer no seu próximo jogo.
E Octopath Traveler, o primeiro, de 2018, “revolucionou” o gênero com quando trouxe gráficos HD-2D misturados com pixel art retrô e um mapa em 3D. Fiquei bem feliz em notar que o mesmo estilo está mantido na sequência, e ainda melhor. O game nos presenteia com belos cenários, todos bem detalhados, e com um lindo contraste entre pixel art e gráficos em alta definição.
Basicamente, todos os personagens e elementos interativos, como animais, save points e NPCs são feitos em pixel art. Os demais elementos do cenário também trazem o estilo, mas com uma maior definição gráfica, em especial para detalhes do clima, como mar, vento e as árvores em movimento. A iluminação do jogo também é um espetáculo e o jogo fica muito bonito no Nintendo Switch OLED.
Também é importante ressaltar que a Square Enix, mais uma vez, trouxe uma trilha sonora memorável para um dos seus JRPGs. Octopath Traveler II acerta em cheio nesse quesito, com um excelente trabalho do compositor Yasunori Nishiki, que também assina o Octopath Traveler, e conta com músicas diferentes para acompanhar jornada dos nossos viajantes. Efeitos sonoros também compõe bem a narrativa.
Por outro lado, duas coisas me incomodaram em Octopath Traveler II. A primeira delas é a dublagem nas “cutscenes”, que parece extremamente robótica. Com gráficos em pixel art, ela poderia ter sido feita de uma forma que trouxesse mais emoção para o que os personagens conversam, mas parece apenas uma leitura aleatória do texto na tela. A segunda, infelizmente, é mais uma ausência de localização em português do Brasil em um jogo com origem japonês da Square Enix, algo que engrandeceria o jogo, caso tivesse, para o público daqui, e consequentemente, atrairia mais jogadores.
Vale a pena comprar Octopath Traveler II?
Octopath Traveler II é um jogo que indico de olhos fechados para os fãs de JRPG. O título traz histórias e personagens interessantes, acompanhados de um gameplay moderno e uma incrível ambientação audiovisual. Há desafios consideráveis, em especial na construção de builds e nos enigmas das missões secundárias, o que engrandece ainda mais o jogo. Por outro lado, senti que a dublagem foi dispensável, e lamento muito, mais uma vez, a ausência de localização em português em um JRPG da Square Enix.
Octopath Traveler II chega na próxima sexta-feira, 24 de fevereiro, para Nintendo Switch, PC, via Steam, PlayStation 4 e PlayStation 5, custando R$ 299,90 em todas as plataformas.
*Review elaborada no Nintendo Switch, com código fornecido pela Square Enix.
Pizza Fria
Reviews, notícias e tudo sobre o mundo dos gamesPor Lucas Soares, Pizza Fria
Atualizado em 16 Fev 2023.