Pizza Possum é um dos jogos mais simples e cativantes que joguei em muito tempo! No melhor estilão arcade, o único compromisso do jogo é com a diversão, que fica ainda melhor quando jogado em modo cooperativo local.
Desenvolvido por apenas duas pessoas, Thomas van den Berg e Friedemann Allmenröder, os fundadores da Cosy Computer, o game chega hoje para PC e consoles. E você quer saber se Pizza Possum vai fazer seus olhinhos de gambá brilharem? Se sim, confira esta análise antecipada para o Pizza Fria!
*Qualquer semelhança entre Pizza Fria, Pizza Possum e todas as pizzas que aparecem no jogo são mera coincidência.
Ambicioso como um gambá
Pizza Possum é um jogo casual, curtinho e deliciosamente divertido no qual você assume o papel de um gambá faminto. Como dizem seus criadores (do jogo, não do gambá), “a vida é simples se você é um gambá”.
Você ama roubar comida… toda a comida. E o mundo está todo ao seu alcance. Exceto quando se é caçado por cães de guarda em uma cidade quieta que lembra as vilas italianas de pescadores.
Não que algum dos inconvenientes acima sejam suficientes para te impedir.
A simplicidade é tamanha que os controles do jogo são muito fáceis: você se movimenta com a alavanca analógica, pausa o jogo e tem um botão para usar os itens, quando os tiver. E só.
A historinha é absurdamente simples também: a cachorrinha e rainha Bella Chonki, no alto da vila, preparou uma pizza gigantesca. Gigantesca mesmo, do tamanho de uma grande mesa redonda. O gambá, lá da orla, sentiu o cheiro e decidiu que seu sabor preferido de pizza é aquele mesmo: sabor de pizza roubada!
O jeitinho arcade de Pizza Possum lembra muito o que era Crazy Taxi: temos um único mapa, a cidade, dividida em diferentes áreas trancadas por detrás de portões dourados que somente se abrem quando conseguimos roubar comida suficiente para ganhar a chave.
Como o pequeno gambá esfomeado que somos, começamos na orla para sempre chegar até essa pizza. E é disso e nada mais que o jogo trata. Embora seja um único “mundinho”, a pitoresca vila apresenta diferentes rotas até chegar à cobiçada pizza gigante.
Assim, nosso objetivo na “pele” de um gambá é roubar a comida espalhada pelo cenário. A comida é encontrada nos caixotes de feira, sobre balcões de barraquinhas, nos estandes de sorvetes ou nas cafeterias de rua.
Já disse que a palavra-chave aqui é “simplicidade”?
O jogo mais básico que crianças conseguem brincar num espaço determinado é certamente Esconde-Esconde. E é justamente Esconde-Esconde que melhor define Pizza Possum: some um pouco de ação e devemos evitar ser vistos pelos cães de guarda enquanto roubamos comida para conseguir chaves e avançar para subir um pouco mais.
É adoravelmente delicioso correr pelos belos cenários modelados em low-poly e “sofrer” (com mais risadas que aspas) pela suave tensão humorística de cães bobalhões que patrulham as ruas.
Quando corre tudo bem, o máximo que acontece é um susto: a exclamação sobre a cabeça dos cães mostra que eles estão alertas, mas basta se esconder atrás da parede ou em uma moita sem ser visto.
À medida que subimos, mais patrulhas inundam o cenário e os cães ficam mais ágeis. E, pasme, mesmo se tratando da mesma cidadezinha, os temas variam. Saímos da orla com casas de pescadores, passamos por uma vizinhança mais rica e até por vinícolas labirínticas ou penhascos rochosos.
Como disse, há várias rotas para o jogador escolher. E as tentativas são algo rápidas, cerca de meia horinha para cada corrida com sucesso.
Mas, a cada fracasso, os pontos da comilança são computados tal qual comida que sobra em prato de self-service e, aos poucos, o jogador libera itens para as próximas tentativas.
Encontrados em caixotes espalhados por aí, basta um botão para usá-los. E os itens são os mais variados, desde uma pastilha de sal de frutas para “desinflar” o gambá até cavaletes para impedir o avanço dos cães de guarda.
Sem dúvida, falhar algumas vezes faz bem, já que nosso inventário só cresce ao final das tentativas e demora um pouco até liberar as bombas de gás e as luvas de boxe.
Ladrõezinhos por natureza: parceiros no crime
Espero ter te dado a ideia de que Pizza Possum é diversão alucinante.
Aos poucos, o jogador entende a dinâmica da brincadeira de Esconde-Esconde, aprende quais são as melhores rotas e como se esquivar dos cães.
Mas sabe como salpicar mais tempero nesse arcade colorido? Duas palavras: modo cooperativo. Sim, Pizza Possum só admite ser jogado por duas pessoas e apenas no mesmo aparelho, ou seja, trata-se de um couch co-op sem nenhuma conexão à internet.
Aperte o botão de pausa e escolha “Reiniciar em modo cooperativo” para que um jogador seja o gambá e o outro, o guaxinim. A piada vem pronta, né?
Os dois animais mais larápios da natureza, unidos pela comilança.
O curioso, neste caso, é que a lógica segue a mesma, mas o ritmo vira outro! Pizza Possum fica mais acelerado, reequilibra as condições para ganhar as chaves e coloca ainda mais vigilantes por aí.
A receita é um caos instantâneo, e um dos motivos é a tela, que não é dividida… isto é, quando não é necessário: se afastem e vejam uma linha cortar a tela. Essa linha é dinâmica e gira rapidamente dependendo da movimentação dos bonecos gambá e guaxinim, o que constantemente acelera e vira uma loucura.
Mas, pouco tempo depois, pegando o jeito, entendemos que a inclinação marca muito bem a direção na qual devemos andar e aprendemos a lidar com a linha sambista.
E os risos são inevitáveis neste modo, já que entre a ação no game e as falas dos jogadores, há muita bobagem por aí! No modo cooperativo, quando um jogador é pego, a corrida não para e volta para um ponto de checagem. Aqui, o jogador livre tem a chance de esbarrar no cão que fez a detenção para liberar seu parceiro no crime.
E a bagunça é tão grande que, em um dado momento, minha mulher no comando do guaxinim disse um “Fui pêga!”, enquanto eu comia um enorme sorvete no cenário e imediatamente gritei “Não consigo, tô gordo!”
“Tô gordo” virou quase um sinal amarelo a partir de então: era um aviso para que o outro jogador fosse prudente.
Com o passar das subidas, aprendemos a coordenar esse stealth e alternar investidas, sacando bem os trejeitos de todos os setores.
Vale a pena jogar Pizza Possum?
SIM! Nossa, é difícil apontar algo errado neste pequenino e delicioso jogo indie feito por duas pessoas com muito carinho.
Digo “pequenino” por ter apenas um só (grande) mapa e por durar pouquíssimo, algo cerca de duas horas e pouco. Caso queira abrir todos os itens e encontrar os bolinhos colecionáveis, some outro par de horas. Contudo, a novidade se exaure, claro, mesmo depois de passar três vezes seguidas, que é a proposta principal deste arcade.
Não dediquei uma seção para visuais e sons porque aquilo que você é o que você tem: Pizza Possum é rápido, roda bem, tem belos visuais em poucos polígonos modelados com muita técnica e mesmo, com muita bagunça na tela, a pessoa se encontra rapidamente.
O outro destaque são os sons, dos gritos de todos os animais envolvidos aos temas musicais lúdicos e cômicos. Os cães gritam “Possum!” (Gambá!) enquanto o gambá, em sua fuga alucinada, grita um “UaUaUaUAAAAAHH!” que é engraçado toda vez! Já as músicas em jazz trazem toda a sensação de improviso e parecem ter saído de um filme em preto e branco.
Deu pra sentir que tem algo de Untitled Goose Game? Esse tipo de comédia pastelão? Pois é, Pizza Possum foi meio assim e vai arrancar diversão de crianças e adultos, pois não tem uma bandeira vermelha para qualquer idade.
Mesmo com poucas horas de duração, é um jogo que sempre pode ser revisitado e apresentado a visitas que nem joga tanto, porém quer passar um tempinho descontraído. Por menos de 25 reais, recomendo ter na biblioteca sem muito medo.
Nós aqui em casa amamos Pizza Possum, a conclusão, aliás, foi “isso é jogar videogame!”
Pizza Possum chega hoje para PC, via Steam, Xbox Series X|S, PlayStation 5 e Nintendo Switch.
*Review elaborada em um Xbox Series S, com código fornecido pela Raw Fury.
Pizza Fria
Reviews, notícias e tudo sobre o mundo dos gamesPor Carlos Maestre, Pizza Fria
Atualizado em 28 Set 2023.