A Sony lançou, no começo de 2023, o PlayStation VR2, seu mais novo dispositivo de realidade virtual. Compatível somente com o PlayStation 5, e usando os melhores recursos do videogame mais potente da empresa até aqui, o headset chega com a promessa de apresentar jogos e visuais de alta fidelidade, recursos sensoriais e rastreamento ótico.
E será que isso tudo funcionou na prática? A convite da PlayStation Brasil, pude testar o PlayStation VR2 por algumas semanas e a resposta da minha experiência com o acessório eu trago agora, em mais uma review do Pizza Fria!
Montagem e construção: o primeiro grande passo da evolução
Eu já tive um PlayStation VR e minha principal crítica em relação ao óculos de realidade virtual da geração passada foi em relação à sua montagem. Era preciso conectar muitos fios e câmera externa à uma unidade de processamento, que necessitava estar ligada à uma tomada, o que exigia uma atenção extra do jogador. Logo, foi com muita alegria que, ao abrir a caixa do PS VR2 e observar seus componentes, notei apenas um cabo USB-C, que precisa estar conectado ao PS5 sempre que for ser usado. Uma evolução e tanto, apesar de ainda estar um tanto distante do Meta Quest 2, que dispensa cabos em alguns modos de jogo.
Montado, é evidente que o PlayStation VR2 oferece um enorme salto geracional na tecnologia VR. O headset chega com diversos recursos que os jogadores do PlayStation 5 já estão acostumados, como o gatilhos adaptativos e feedback tátil nos controles, além do áudio 3D em fones que podem ser acoplados ao aparelho. No entanto, ao iniciar a instalação veio a primeira das grandes surpresas: o PlayStation VR2 vem equipado com câmeras de rastreamento integradas, que tornam a configuração do espaço de jogo um processo simples e rápido. O aparelho mapeia o ambiente automaticamente e define a área máxima de jogo, ajudando a evitar acidentes. Isso significa que não haverá mais necessidade de realizar configurações manuais para delimitar a área de jogo.
Em seguida, outra característica impressionante: o rastreamento ocular. Jogos que suportam esta funcionalidade, como Horizon Call of the Mountain, usado em boa parte deste teste, permitem ao usuário executar movimentos apenas olhando na direção desejada. Além disso, a tecnologia é usada para uma função específica de renderização, que torna a área em que você está focada super detalhada, melhorando assim a eficiência do aparelho.
Ainda falando sobre foco, o PlayStation VR 2 é projetado para acomodar uma variedade de formatos de cabeça e é estruturado de forma que o peso do dispositivo recai sobre o topo da cabeça, e não no rosto. Além disso, ele possui um mecanismo de ajuste único em formato de disco na parte de trás da alça de cabeça, o que facilita a obtenção de um ajuste confortável depois de colocar o dispositivo na cabeça. Na parte frontal, há uma espécie de roldana, que muda o campo de visão. Com um design bastante similar ao seu antecessor, o dispositivo tem uma aparência limpa em branco e preto, que combina bem com o PlayStation 5.
Controles e a hora de jogar!
Outra das grandes novidades do PlayStation VR2 está nos controles Sense, dispositivos criados exclusivamente para ele. Ele é consideravelmente mais confortável que o Move, por exemplo, da geração anterior, e sua “pega” encaixa muito bem em ambas as mãos, já que os botões são divididos em duas partes. Na prática, é como se dividisse o DualSense em dois, com alguns botões ficando na mão esquerda, e outros na mão direita.
A qualidade da tela do PlayStation VR2 é uma OLED 4K habilitada para HDR, que visa oferecer imagens nítidas e detalhadas, com um amplo campo de visão de 110 graus facilitaria a sensação de estar em um outro mundo. No entanto, ao iniciar um jogo, minha sensação foi de decepção. Eu tenho miopia e astigmatismo nos dois olhos, cuja soma dos graus ultrapassa os 6.5 em cada olho. E mesmo com os óculos corretos, minha experiência – que era bem divertida no PlayStation VR – ficou bem estranha no PS VR2, e eu ainda não descobri o porquê. Tentei ajustar o foco da roldana frontal, e mesmo encontrando a melhor posição na cabeça, acabava sempre enxergando algumas imagens embaçadas.
Mesmo assim, insisti. E o uso dos controles Sense do PSVR 2 são bem interessantes. Os gatilhos adaptativos e o feedback tátil nos dão uma sensação de interação com o jogo muito realista. O rastreamento de movimento faz com que o movimento para trás, por exemplo, nos faça pegar uma flecha, enquanto é preciso encaixá-la no arco para disparar. O mesmo vale para a remada, disponíveis nos primeiros minutos de Horizon Call of the Mountain, destacando como o headset se comporta em jogos deste estilo.
Por outro lado, apesar de ter recebido mais de 30 jogos em sua janela de lançamento, é importante frisar que as opções, hoje, são limitadas. O PlayStation VR2, por exemplo, é incompatível com os jogos do PS VR original, o que pode frustrar jogadores. O dispositivo também exige estar constantemente conectado ao PlayStation 5 e, ao contrário do Meta Quest 2, não é capaz de rodar nenhum jogo em sua memória.
Vale a pena comprar um PlayStation VR2?
Opinar sobre o PlayStation VR2 é uma questão bem pessoal e, creio eu, vai depender muito da experiência que você tiver com o aparelho e outros dispositivos VR. Eu, por exemplo, não consegui sentir o prazer que sentia ao jogar com o PS VR original, muito por conta de acabar enxergando embaçado, mesmo configurado adequadamente. Minha noiva e um amigo, que testaram o headset no período que fiquei com ele na minha casa, não relataram nenhuma experiência como a minha. Logo, creio que é algo muito pessoal e o ideal seria que todos tivessem a oportunidade de testá-lo antes de tomar a decisão de compra.
E muito disso passa pelo valor elevado que é exigido do jogador para ter uma experiência VR no PlayStation 5. Além de ser necessário possuir o console, que custa em média R$ 4.000 no nosso país, o PlayStation VR2 deve ser adquirido à parte, e tem o preço sugerido de R$ 4.499,90. Um valor muito elevado, o que torna o headset um produto super premium e para poucos.
Há ainda a questão da biblioteca, ainda, limitada. Embora seja possível jogar os títulos já existentes do PS5 em um “modo cinema”, os jogos criados para a plataforma ainda são poucos, e não há uma boa perspectiva de jogos anunciados em um futuro próximo. Por enquanto, o grande AAA em desenvolvimento é Resident Evil 4 VR.
Mesmo assim, no geral, o PlayStation VR2 é uma evolução significativa em relação ao PSVR original em termos de facilidade de uso, qualidade e imersão. O preço e a oferta limitada de jogos podem ser um empecilho para alguns, mas a experiência oferecida por ele, caso você não tenha problema de visão, é inegável. É uma adição valiosa ao arsenal de qualquer gamer sério, e tem o potencial de abrir novos horizontes para a experiência de jogar videogames.
*O PlayStation VR2 foi cedido por empréstimo para testes pela Sony.
Pizza Fria
Reviews, notícias e tudo sobre o mundo dos gamesPor Lucas Soares, Pizza Fria
Atualizado em 10 Jul 2023.