Guia da Semana

Ready or Not, game da VOID Interactive lançado para PC, via Steam, tem uma proposta um pouco diferente. A última vez que joguei algo assim, que levasse em consideração situações estressantes com reféns, foi em SWAT 4, jogo lá de 2005. Desde então, o mais próximo disso que pude ver no mundo dos games foi na franquia Rainbow Six. Portanto, o jogo tem uma premissa mais madura e é indicada para maiores. Mas será que a ideia funciona bem, e traz toda a tensão imersiva para diversas situações estressantes? E isso é interessante de ser reproduzido em um jogo? Enfim, essas e outras questões serão analisadas nesta review do Pizza Fria!

Pronto para jogar?

A ideia trazida para o jogo, que deixa bem claro em sua página do Steam que é para maiores por ter conteúdo sensível, é apresentar um shooter em primeira pessoa, intenso, tático e atual. No título, assumimos uma unidade da SWAT, Special Weapons and Tactics, ou Armas Especiais e Táticas, tendo de controlar situações de hostilidade e de confronto. Mas é claro, estamos diante de um jogo, e sabemos que a ideia, por mais que tente “simular” esse tipo de situação, tende a ser mais desenvolvida para o entretenimento. Ou seja, não há nada radicalmente impactante como parece. No entanto, o título dá um certo gosto da ação, e devemos ter cuidado redobrado.

A fim de desenvolver as diretrizes de confronto e um sistema de pontuação desafiador e realista para Ready or Not, a VOID buscou opiniões de diversas equipes policiais ao redor do mundo, para criar um sistema, que claramente mostra o lado mais “arcade” do título. E tudo bem. A ideia desta pontuação é feita para criar um sentido mais competitivo da ação em campo.

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Embora imersivo, Ready or Not não é um jogo visceral como outros. Ainda bem… (Imagem: Divulgação)

Jogabilidade requer atenção redobrada

Como já dito acima, Ready or Not requer muita atenção, ainda que não seja uma simulação perfeita. Para termos ideia, o jogo traz consigo um sistema mais aprimorado de realismo no que diz respeito aos danos. Ou seja, não é como CS ou Call of Duty. Aqui, se tomamos um tiro certeiro, já era. O jogo traz um sistema aprimorado de modelos para a penetração balística, variando de diversas formas, seja por uma bala ricocheteada, pela parte onde a bala atinge as placas do colete. É simplesmente muito fácil morrer. E, por isso, você deve estar sempre atento. A cada porta, a partida pode acabar. Ou você pode eliminar um refém sem querer. E isso não é legal…

Além disso, há na jogabilidade um certo cuidado para o manuseio de armas, bem como na elaboração de cada movimentação do jogador. Isso foi criado para proporcionar aos agentes em campo um maior nível de controle sobre sua eficácia em situações de confronto. No entanto, Ready or Not traz tudo isso de maneira simplificada, sem a confusão de ter mil teclas para serem ativadas. E isso fica ainda mais prático se jogarmos online, pois o chat de voz suportado pelo game facilita bastante na comunicação, não precisando de atalhos como os utilizados para controlar os bots no modo solo.

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Em uma espécie de “delegacia”, podemos trocar os armamentos e treinar. (Imagem: Divulgação)

A IA do jogo é sofrível neste ponto, transformando a experiência de jogar sozinho em algo deprimente. Por diversos momentos os membros do grupo não respeitam as ordens, agarram no mapa, etc. Em outros casos, a situação se inverte, passando para os reféns, que ignoram totalmente nossos comandos para se abaixar, o que, tecnicamente, é até normal de se acontecer em situações de estresse, sobretudo com o prestígio da SWAT, que ouve palavrões e diversas baixarias dos personagens não-hostis. Mas, em outros casos, alguns prontamente já se ajoelham e esperam a abordagem dos membros da equipe. Mas isso é totalmente incerto e, honestamente, não sei nem se é um “erro”. Contudo, vale ser dito…

Restaurar a “ordem em meio ao caos”

Em Ready or Not, a experiência, como foi possível ressaltar acima, deve ser compartilhada com outros jogadores. Só assim será possível criar abordagens e estratégias através das informações obtidas em plantas baixas e em outros dados da missão. E para executar diversas ações, os agentes têm à sua disposição uma miríade de itens como aríetes, escudos balísticos, escadas táticas, bombas, armas não-letais e muitos outros recursos. Tudo isso é essencial para encarar as situações propostas pelo jogo, que devem ser aumentadas ao longo do tempo, já que o game saiu de acesso antecipado recentemente.

Por fim, Ready or Not tem uma série de mais de 60 itens para os jogadores se equiparem para as mais diversas situações. E olha, isso faz toda a diferença para cada missão. Por exemplo, o uso de lanternas ou visão noturna é essencial para agir em lugares mais escuros, assim como um aríete ou uma gázua são úteis para abrir portas com ou sem delicadeza, é claro. Além disso, as armas podem ser equipadas com diversos apetrechos, sendo o “loadout” do game bem robusto e completo, um ponto bem positivo no game da VOID.

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Os tiroteios são bem intensos em alguns momentos – e há fogo amigo. (Imagem: Divulgação)

Problemas no campo

No entanto, ainda existem muitos erros a serem corrigidos neste game, que tem tudo para ser um dos melhores do gênero. Primeiro, a desenvolvedora poderia ter um pouco mais de zelo com a inteligência artificial dos inimigos e reféns, além dos já citados agentes controlados pelo computador no singleplayer. Isso por si só já daria um toque a mais de imersão em Ready or Not. Outro ponto também que poderia ser mais bem explorado são os diálogos e frases citadas pelos agentes e pelos personagens ao redor do mapa. Aliás, em um mesmo nível você também pode encontrar diversos gêmeos idênticos, o que pode ser besteira, mas acaba tirando um pouco do “realismo” proposto.

Esses “probleminhas” menores, quando decidem se juntar a problemas como glitches ao algemarmos os personagens, por exemplo, tira ainda mais a imersão proposta. E Ready or Not é repleto de pequenos glitches e bugs que acabam incomodando por se repetirem constantemente. É claro, há ainda muita coisa a ser melhorada no game, ele está no caminho certo e tal, mas isso precisa ser visto com urgência, sobretudo agora que o jogo está na versão 1.0.

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Por mais que tenha pontos positivos, o jogo peca por ter muitos erros. (Imagem: Divulgação)

Vale a pena jogar Ready or Not?

Ready or Not tem uma proposta um pouco fora do convencional, e sei que esse tipo de abordagem incomoda a muita gente. E faz todo o sentido. Mas ainda assim, é interessante de se perceber que o jogo não apela para um clima pesado em excesso, algo que acaba sendo reduzido por conta de seus gráficos, que não são nada ruins, mas prezam por reduzir o realismo. Mesmo consultando diversas polícias ao redor do mundo, o jogo nitidamente não teve o objetivo de ser 100% simulador, algo que o próprio sistema de pontos fala por si só. Afinal de contas, matar um refém é um problema sem precedentes, sendo essencial estar preparado para o jogo, que exige muita atenção.

De fato, é um jogo que pode ser um pouco estressante. Em alguns momentos, é por conta da situação que nos coloca, tendo de zelar pela vida de civis, mesmo que virtuais. Por outro, por alguns bugs e glitches, além de outros probleminhas. Enfim, Ready or Not é um jogo bom no que se propõe, não tem um preço cheio, funciona muito bem no modo online, sobretudo por ter uma variedade de mapas e situações diferentes que podem ser jogadas em cada um deles. Há muito a melhorar? Sim, sem dúvidas a VOID terá um bom trabalho pela frente, e os jogadores e jogadoras poderão contribuir ao reportar os problemas no botão disponibilizado dentro do jogo.

Por fim, enfatizo novamente que é uma questão de gosto e estilo. Claramente, o jogo pode ser problematizado de diversas maneiras. Mas se pensarmos bem, praticamente todos os games acabam entrando nesse tipo de raciocínio. Portanto, se você gosta de jogos de ação que requerem muita cautela, tática e atenção, Ready or Not é uma excelente pedida, sobretudo por não ter o preço cheio de diversos lançamentos, custando R$ 88,99 no Steam. Agora, se você não quer ser colocado em situações de estresse, melhor procurar outra coisa…

*Preview elaborada em um PC equipado com uma GeForce RTX, com código fornecido pela VOID Interactive.

Pizza Fria

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Por Álvaro Saluan, Pizza Fria

Atualizado em 13 Dez 2023.