Resident Evil 4 é considerado um dos melhores jogos de todos os tempos. Ostentando uma média de 96 (!) pontos no Metacritic, o game originalmente lançado para o GameCube em 2005, é também o mais bem avaliado da franquia, que teve seus altos e baixos, principalmente fora da série principal. Logo, foi um movimento extremamente natural o hype que se criou em torno do remake, considerando o sucesso do original, após novas versões de Resident Evil 2 e Resident Evil 3 terem sido lançadas nos últimos anos.
O game nos conta a história do agente Leon S. Kennedy, que é enviado para uma região remota e rural da Europa, após a filha do presidente dos Estados Unidos, Ashley Graham, ter sido sequestrada por um grupo de fanáticos religiosos. Misturando elementos de survival horror e muita ação, será que a nova versão de Resident Evil 4 entrega tudo aquilo que se espera dela? A resposta eu te trago agora, em mais uma review antecipada do Pizza Fria!
Abre o olho, cabrón!
Antes de começar a falar sobre o novo Resident Evil 4, eu queria explicar aos leitores e leitoras que esta é uma análise pré-lançamento, sendo publicada sete dias antes do jogo se tornar público, logo, há muitas questões que não podemos discutir para não estragar a sua experiência ao jogar. Logo, você vai notar que muitas das explicações que darei serão superficiais, ou que elementos que você acredita que deveriam ser discutidos no texto não foram. Há uma razão contratual para isso.
Resident Evil 4 se passa seis anos após os acontecimentos de Racoon City, que se passam de forma simultânea em Resident Evil 2 e Resident Evil 3. Após ter sobrevivido ao caos na delegacia, Leon S. Kennedy passou por um intenso treinamento e se tornou um agente especial, que acaba designado à uma ingrata missão: salvar Ashley Graham, filha do presidente dos Estados Unidos, que foi sequestrada por um grupo de fanáticos religiosos. Ao chegar em uma região rural da Europa, nosso herói percebe que as coisas não são como ele esperava. Na verdade, elas lembram muito algo em que ele já havia vivido no passado, e tentava sem sucesso esquecer. Ao menos isso!
Assim começa a história da nova versão de Resident Evil 4, que se desenrola ao longo de 16 capítulos, com muitos momentos marcantes ao longo da narrativa. A campanha em si é muito boa, traz de volta personagens interessantes e queridos dos fãs, como Luís Sera e Ada Wong, que são parte importante de como tudo se desenrola. Além disso, é importante ressaltar que Leon não é o único personagem jogável no game, e que a jogabilidade muda totalmente quando estamos controlando outro personagem.
Outras mudanças importantes estão nos bosses. Boa parte deles estão de volta, com visuais incríveis, realistas e, serei bem sincero, bem nojentos. Mas também há alguns bosses que foram retirados no remake. Logo, é importante destacar também que não é um jogo 1:1 em relação original. Além de atualizações gráficas e de gameplay, o novo Resident Evil 4 também traz alterações em outros elementos.
Gameplay que evolui
Um dos grandes elogios que Resident Evil 4, o original, recebe até hoje é sobre como seu gameplay é diversificado e variado, talvez até um pouco à frente do seu tempo. E eu fiquei bastante satisfeito ao comprovar que o remake não só continua com essa proposta, como também expande e traz algumas novidades.
Isso porque a nova versão de Resident Evil 4 alterna muito bem entre os elementos de ação, exploração e resolução de puzzles, já que o título funciona como um jogo linear, dividindo muito bem esses momentos. Há novidades nos puzzles, que não são nem difíceis, nem muito fáceis. Geralmente é preciso apenas explorar parte do cenário, ler alguns documentos e pensar um pouco para encontrar a solução.
Já os momentos de ação são os melhores, ao meu ver. Resident Evil 4 acrescenta muito no gameplay, oferecendo diferentes inimigos, e formas de derrotá-los. Além das armas tradicionais e da faca, o jogador pode usar elementos do cenário, como chutar um infectado um andar pra baixo, além de explodir coisas. Como a demo Chainsaw apresenta, você pode até mesmo deixar que alguns inimigos mais poderosos derrotem os mais fracos pra você.
Explorar em Resident Evil 4 também é uma das tarefas essenciais. Isso porque, dependendo do nível de dificuldade que você joga, recursos são finitos e eventualmente você vai sentir falta de alguma coisa. Logo, ir em cada canto do mapa é importante, pois você vai encontrar e abrir caixas, barris e baús com itens importantes para deixar sua maleta (sim, ela e seu gerenciamento estão de volta, até com opção de organização automática) bem completa. Há, claro, itens que servem exclusivamente para serem vendidos ao Mercador, que também retorna, bem como a possibilidade de se acrescentar joias à eles, aumentando o valor do colecionável em questão.
No combate corpo a corpo, Resident Evil 4 traz novidades, mas enxergo que também poderia ser melhor. Isso porque, apesar de ser um survival horror, Leon é um agente altamente treinado, e eu senti falta de ataques corpo a corpo que não fossem com a faca. Um socão poderia cair bem no jogo em 2023. Bem como a opção de desviar, que é limitada em momentos específicos e desaparece rapidamente se não apertarmos O/B para não sermos atingidos. Quase sempre sofri com isso. Leon é meio travadão para jogar, mas muito rápido em momentos em que precisamos chutar inimigos em batalha.
Por fim, as missões secundárias do Mercador estão de volta. O jogador vai destruir alguns medalhões azuis pelo mapa em troca de recursos exclusivos para negociar, mas existem outras opções. Em resumo, já que não posso dar muitos detalhes, elas abordam derrotar inimigos específicos, ou coletar algum tipo de item. O que eu posso falar é que cumprir elas é um verdadeiro adianto, pois elas quebram muito o galho, em especial no começo e meio do jogo.
Mais um brilho audiovisual
Resident Evil 4 é mais um jogo lançado com a RE Engine, proprietária da Capcom, e que cumpre muito bem seu papel de entregar gráficos incríveis e visuais aterrorizantes. O game é lindo e, roda no PlayStation 5 com duas opções gráficas: Taxa de Frames e Resolução. Optei pela Taxa de Frames, e ele ainda permitiu ativar o Ray Tracing, o que o deixa ainda mais bem construído. E numa TV 4K, é incrível. Me chamou atenção o modelo dos personagens principais da narrativa, em especial de alguns vilões, como Ramón Salazar e Lorde Sadler.
Mais do que os personagens, o visual também é impressionante. A taxa de quadros se manteve alta com o Ray Tracing ativado em todo o gameplay, e o game rodou de forma fluída, mesmo em momentos de muitos inimigos na tela, explosões e mudanças de cenário. Impulsionado pela velocidade de leitura do PS5, os loadings também são velozes e o jogo só recarrega o mapa ao finalizarmos capítulos, quando morremos, ou quando fazemos uma ação específica em momentos próximos ao Mercador.
E se tratando de som, o novo Resident Evil 4 é um absurdo. A imersão proporcionada pelo Audio 3D é incrível, e jogar com headsets compatíveis, como o PULSE 3D, ajuda a localizar de onde estão vindo os inimigos. O jogo em si até muda a trilha sonora quando entramos e terminamos batalhas, mas há detalhes interessantes que os próprios infectados falam que são curiosos de se ouvir.
Fora isso, há uma dublagem de altíssimo nível em português do Brasil e, em alguns momentos, espanhol, por conta do cenário que Resident Evil 4 se passa. Falar com o Mercador é incrível, bem como ouvir algumas piadas feitas por Leon na localização, em muitos dos momentos de interação que ele tem com outros personagens, em especial com Ashley.
Mas nem tudo são flores…
Apesar de brilhar em quase tudo que se propõe, Resident Evil 4 falha principalmente no endgame. Ao término da campanha, o que podemos fazer é… começar um NG+ e só. Não há uma campanha extra, como no original, ou o Modo Mercenários, que está previsto para ser lançado em data futura. Ao concluir a narrativa, resta ao jogador caçar conquistas e cumprir desafios em troca de Pontos de Conclusão, que liberam skins e mecânicas diferentes.
Além disso, o visual de muitos dos infectados é extremamente similar, variando apenas o tipo de roupa que usam, ou as armas que empunham. Com a tecnologia de hoje, o título poderia ter feito algo para gerar de forma aleatória o visual, mas não foi feito. Isso foi algo que me incomodou um pouco.
Vale a pena comprar Resident Evil 4?
Resident Evil 4 é um excelente jogo, mas creio que não será tão marcante como o original. O tempo passa e, muitas das mecânicas que o game apresentou de forma inédita em 2005, hoje deixam de ser novidade.
E estamos falando de um um produto que acerte em quase tudo que se propõe. A divertida história, que funciona bem como progressão de gameplay, ganhando alguns ajustes para ser mais moderna, a própria variedade na jogabilidade, os puzzles sofisticados – mas nem tão complicados – somado aos gráficos de ponta, são bem interessantes, mas o fato de ser um jogo que praticamente “terminou, acabou” em 2023, pode afastar alguns fãs da franquia. Por outro lado, por trazer um breve resumo dos acontecimentos de Racoon City, o título também pode ser uma porta de entrada para novos jogadores. E isso é ótimo, porque o game funciona muito bem de forma independente.
Resident Evil 4 será lançado no dia 24 de março para Xbox Series X|S, PlayStation 4, PlayStation 5 e PC, via Nuuvem.
*Review elaborada no PlayStation 5, com código fornecido pela Capcom.
Pizza Fria
Reviews, notícias e tudo sobre o mundo dos gamesPor Lucas Soares, Pizza Fria
Atualizado em 24 Mar 2023.