O (survivor) horror está de volta! No último dia 28 de outubro, a Capcom lançou a tão aguardada DLC de Resident Evil Village, a Winters Expansion. A expansão traz a câmera em terceira pessoa para a história principal de Village, conteúdo adicional para o minigame Os Mercenários e Sombras de Rose, uma história adicional que se passa após os eventos principais do jogo base.
Vamos nos aventurar pelo vilarejo mais uma vez em mais uma review do Pizza Fria! Se quiser saber o que achamos do jogo base, nossa análise está disponível aqui!
Um novo mundo diante dos nossos olhos
A série Resident Evil é conhecida por moldar o que se torna padrão nos jogos de horror: começando pela câmera fixa, os cenários pré-renderizados, passando pela inovação com a câmera sobre o ombro até os dias atuais, onde re-imaginações de títulos antigos se tornaram a norma, graças ao sucesso dos remakes mais recentes da Capcom, como Resident Evil 2 e Resident Evil 3.
Os títulos que continuam a história da franquia, no entanto, seguiram o caminho contrário ao adotarem a atualmente famosa perspectiva em primeira pessoa em Resident Evil 7: BIOHAZARD e Resident Evil Village. Essa escolha foi recebida com reações mistas pelos fãs, que passaram a pedir por uma alternativa com a câmera em terceira pessoa, já clássica da série, e eu estava inclusa!
Entre os vários fatores, podemos listar o baixo campo de visão (field of view) que atrapalhava a jogatina e até casos de enjoo e tontura com a movimentação em um espaço tão apertado de visão, para a preferência de um estilo de câmera diferente, ou apenas o desejo de curtir Resident Evil em uma visão mais próxima dos títulos anteriores.
E os pedidos foram ouvidos! A primeira novidade de Resident Evil Village: Winters Expansion é a opção de escolha entre as câmeras de primeira e terceira pessoa. E é como se um novo mundo surgisse diante de nossos olhos! A nova perspectiva nos proporciona uma melhor visão do cenário, melhor navegação pelos cenários e, consequentemente, proporciona uma gameplay muito melhor, facilitando o combate entre os diversos inimigos e chefões, o que acaba em uma economia de recursos muito melhor.
Mas se você espera ver o rosto do nosso protagonista Ethan Winters… infelizmente, ainda não seremos agraciados com essa dádiva – o próprio personagem se encarrega de virar de costas ao tentarmos rotacionar a câmera até seu rosto. E as cutscenes passam para a primeira pessoa quando acionadas, o que pode ser um pouco desconfortável e assistir a câmera afastar e aproximar por tantas vezes durante o jogo, mas nada que estrague a experiência geral com o novo modo em terceira pessoa.
Em geral, sobre a câmera em terceira pessoa, ponto muito positivo para a Capcom ao adicionar essa opção em Resident Evil Village – Winters Expansion!
Os Mercenários: Ordens Adicionais
Já imaginou como deve ser controlar a Lady Dimitrescu e seus vários metros de altura? A atualização do modo Os Mercenários: Ordens Adicionais, agora é possível jogar com Alcina Dimistrescu, além de Karl Heinsenberg e Chris Redfield, disponível para os compradores da Winters Expansion.
Diferentemente da campanha principal e da história secundária Sombras de Rose, o modo Mercenários não conta com a opção de troca entre as câmeras em primeira ou terceira pessoa; aqui, o minigame permanece utilizando a câmera original de Village, em primeira pessoa.
Assim como já era na sua forma original, Os Mercenários: Ordens Adicionais não brilha como as versões anteriores do minigame em Resident Evil 4 e Resident Evil 5 e, infelizmente, os personagens adicionais não fortalecem a experiência, que não diverte. Fica um sentimento de que a Capcom até tentou salvar o minigame, mas continua não sendo o suficiente.
Sombras de Rose
A DLC Sombras de Rose é, sem sombra de dúvidas, o grande elefante na sala dessa review. Com o seu desenvolvimento anunciado há mais de um ano, em junho de 2021, o tempo se passou e pouco se sabia do conteúdo da história adicional de Resident Evil Village: Winters Expansion, ou se ao menos seria lançada, graças ao silêncio à la Silent Hill feito pela Capcom sobre a DLC.
Durante esse ano de silêncio, muito se especulou sobre uma campanha secundária com Chris Redfield de protagonista, já que durante os eventos de Village muito se descobre como Redfield vem navegando sobre à ameaça de Mother Miranda, os perigos do vilarejo e a própria organização que ajudou a fundar, a BSAA.
No entanto, Sombras de Rose conta justamente a história de Rosemary Winters, a filha de Ethan e Mia, que 16 anos depois dos eventos de Village sente vergonha dos poderes adquiridos por entrar em contato com o mutamiceto. Rose, então, embarca em uma jornada em busca de um Cristal Purificador que promete remover os poderes de Rose. E essa jornada podemos chamar de, na melhor das hipóteses, morna.
O tempo médio de completação está entre duas a três horas de jogo – o que é muito longo quando metade do tempo é gasta em combates idênticos uns aos outros, com nenhuma variedade de inimigos exceto na última meia hora da DLC. Pessoalmente, as duas horas se passaram como uma tortura.
Explico: tortura por lidar com os poderes de Rose, que muito se assemelham àqueles vistos em revistas em quadrinhos sobre mutantes, não uma série de jogos sobre bioterrorismo. Poderes que são usados para eliminar inimigos juntamente com armas de fogo, decisão que pouco lembra sequer a aventura original de Resident Evil Village e mais parece com alguma DLC que encontraríamos em Marvel’s Avengers, por exemplo.
Uma gameplay repetitiva e fraca com uma história que não se sustenta e fecha o arco da família Winters, que também foi recebida com reações mistas entre a comunidade de fãs, tratando sobre assuntos relativamente simples e que não adicionam muito à história principal e, pelo contrário, produz ainda mais confusão sobre pontas abertas no jogo base, introduzindo conceitos mal explicados como os frascos de RW-Variant, que tornam os poderes de Rose, que em um primeiro momento são ilimitados, em um poder consumível que piora a experiência do jogador.
Sombras de Rose assusta pelo conteúdo fraco e pelo futuro da franquia; se é esse o tipo de jogos da sequência numerada que devemos esperar pelo futuro, com a permissão de parafrasear o próprio jogo, Resident Evil está a poucos passos de se tornar a mera sombra daquilo que um dia foi; “A mere shadow of his former self.”
Vale a pena comprar Resident Evil Village: Winters Expansion?
A experiência da campanha principal de Resident Evil Village em terceira pessoa é um deleite para os fãs que por algum motivo não aprovaram a escolha de câmera em primeira pessoa; no entanto, Os Mercenários: Ordens Adicionais não diverte e Sombras de Rose é, honestamente, esquecível. A opção de mudança de câmera deveria ser uma opção gratuita para todos os donos de Village.
Aguarde por uma promoção muito boa, que não machuque o seu bolso; do contrário, não compre Resident Evil Village: Winters Expansion. A boa experiência do jogo principal em terceira pessoa não vale o valor completo da expansão; muito menos os demais conteúdos adicionais e a DLC.
Resident Evil Village foi lançado originalmente em maio de 2021 para Xbox One, Xbox Series X|S, PlayStation 4, PlayStation 5 e PC, via Nuuvem.
*Review elaborada em um PC equipado com GeForce RTX, com código fornecido pela Nuuvem.
Pizza Fria
Reviews, notícias e tudo sobre o mundo dos gamesPor Flávia "Cassiopeia", Pizza Fria
Atualizado em 11 Nov 2022.