Rhapsody: Marl Kingdom Chronicles é uma coletânea produzida e publicada pela Nippon Ichi Software, inc. Contendo os dois últimos jogos lançados da série Rhapsody, a saber Rhapsody II: Ballad of the Little Princess e Rhapsody III: Memories of Marl Kingdom, o título promete entregar aventuras mágicas e musicais nunca antes vistas por essas bandas de cá.
E aí, será que vale a pena cair de cabeça nesse rolê? É o que veremos agora, em mais uma sinfônica análise do Pizza Fria!
No reino mágico da música
Não há magia maior no mundo, leitores e leitoras, do que aquela lançada para transformar títulos, até então, exclusivos para o público japonês em algo acessível para todos nós que não falamos o idioma. Ou, ao menos, aqueles de nós que conhecem a língua da rainha. Seja como for, o que importa é que Rhapsody: Marl Kingdom Chronicles está na área, trazendo os dois últimos jogos da trilogia principal para nossa apreciação.
Eu sempre curti a série Rhapsody, já do tempo do primeiro título no saudoso PS1, o único que podíamos jogar em inglês até então. Me recordo de adorar o charme do jogo, com um humor inocente e uma pegada quase de conto de fadas. Em um ano de RPGs mais pesados como Final Fantasy XVI e companhia, uma aventurinha leve até que poderia cair muito bem.
Um aviso aos navegantes, Rhapsody: Marl Kingdom Chronicles é um título único que conta com o jogo 2 e 3 da série. Sendo assim, para evitar a fadiga, farei uma análise geral do que temos em mão, a fim de que possamos entender se o que temos aqui vale o tempo gasto ou não. Além disso, vou me focar um pouco mais em Rhapsody III: Memories of Marl Kingdom por ser o título com o qual mais me identifiquei. Ao longo da análise, chamarei Rhapsody II: Ballad of the Little Princess de segundo jogo e Rhapsody III: Memories of Marl Kingdom de terceiro jogo. Acredito eu que será mais fácil e econômico que escrever esses nomes extensos toda vez.
Como um todo, o segundo jogo de Rhapsody: Marl Kingdom Chronicles conta a história da vida de Kururu, a filha da protagonista do primeiro jogo. A primogênita da agora rainha Cornet Marl vive uma vida em seu castelo mas, igual a mãe, sonha em encontrar um amor para chamar de seu. Quem nunca, não é mesmo? Ao passear pela floresta com sua amiga Crea, nossa protagonista é salva do ataque de um dragão por um carinha misterioso chamado Cello. O amor nasce, a aventura começa e o resto é história. Desse ponto em diante, nossa princesinha irá precisar lutar tanto para ficar com seu amado quanto para expulsar um mal que ameaça seu reino.
O terceiro título tem uma trama dividida em capítulos, cada qual com seu personagem principal e ponto de vista diferente. Ele funciona quase como uma antologia, expandindo em pontos deixados em aberto pelos títulos anteriores e expandindo o universo já estabelecido. É uma maneira bem legal de se trabalhar, tornando-se melhor ainda agora que foi lançado junto de Rhapsody II: Ballad of the Little Princess.
Um ponto comum entre os dois jogos é que suas histórias são recheadas de humor, amor e charme. Me diverti horrores, e é muito fácil se conectar com seus diversos personagens, sejam eles heróis ou vilões. Além disso, temos pequenos momentos musicais espalhados por sua duração que criam uma atmosfera quase de conto de fadas, ou um daqueles filmes famosos de princesas que vemos há anos, cheio de magia e encanto.
Esse foi um dos pontos que mais me agradou em Rhapsody: Marl Kingdom Chronicles, e algo que não encontramos tanto mais hoje em dia, mesmo no gênero dos jogos de RPG. Aventuras puras e leves como essas caem bem as vezes, não é mesmo?
Rhapsody: Marl Kingdom Chronicles oferece uma jogabilidade parecida em seus títulos, mas com algumas pequenas diferenças. Falarei de maneira geral, devido ao fato de que tudo que vale para um título é quase certo para o outro. Ainda que, verdade seja dita, o terceiro conte com o sistema mais refinado e expandido, muito dado ao período em que foi lançado e por ser o mais novo.
Tanto o segundo quanto o terceiro saem dos moldes de turnos do Rhapsody original para um combate de turnos mais ou menos tradicional. Agora, temos nosso grupo composto por personagens que ainda agem em sua vez, mas sem precisar se movimentar pelo tabuleiro. O maior diferencial da série é que, na verdade, controlamos 4 equipes com 4 bonecos, totalizando 16 ao total. Muita coisa, não é?
Saquem só, podemos escolher 4 heróis, bonecos ou monstros (que podem se unir a nós após derrotados) para serem os primeiros da fila. Esses que iremos controlar diretamente em seu respectivo turno, ou abrir mão da ação para comandar algum dos que compõe sua fila. Salvo esses, todos os outros agem de maneira automática e aleatória, podendo ser curados ou apanhar como qualquer outro herói.
Esse sistema é bem bacana, porquê dá uma variedade incrível para composição de times e habilidades. Além disso, alguns bonecos conferem bônus significativos de atributos ao líder de uma fileira na qual estejam alocados, o que nos convida a pensar se vale mais a pena colocá-los na vanguarda para soltar o braço em geral ou deixá-los como boost de atributos.
As princesas de Rhapsody: Marl Kingdom Chronicles , e o Cello, também podem utilizar os chamados puppets, bonecos (literalmente) que agem como personagens normais mas são muito mais úteis quando colocados na fileira de alguém que tenha uma alta afinidade com eles. Como Cornet ou Kururu, por exemplo.
Ao atacar, os puppets criam notas musicais que, após atingir determinada quantidade, permitem o uso das famigeradas rewards. Elas são golpes fortíssimos, que envolvem jogar flans e panquecas nas pessoas (sério), que arrasam a oposição e aumentam a chance de que qualquer monstro derrotado por eles entrem para o nosso trenzinho da alegria.
Tudo em tudo considerado, a jogabilidade de Rhapsody: Marl Kingdom Chronicles entrega bastante, sendo profunda na medida e bem divertida. Contudo, apenas alguns pontos azedaram para mim. Por exemplo, quase toda vez que mudamos de capítulo no terceiro jogo precisamos reiniciar no nível 1. Isso é meio chato, visto que saímos de um ponto de poder para um no qual qualquer sapo tem o potencial de quebrar a gente.
Fora isso, apenas reclamo da facilidade geral do combate que, salvo enfrentando monstros muito mais forte, geralmente dá trabalho. E, por fim, achei meio chato ter que ficar comprando e equipando itens em todos os membros das minhas 4 linhas de combate. Compreendo ser uma necessidade, mas não posso dizer que não ponderei se haveria maneira de terem deixado o processo menos enfadonho.
Sons e Visuais
Rhapsody: Marl Kingdom Chronicles conta com os visuais já amados e consagrados dos jogos da Nippon Icchi, como meu amado Disgaea, por exemplo. Temos sprites charmosas, muito bem coloridas e animadas. Além de cores vibrantes e uma fofura que permeia toda a experiência. Eu realmente gostei do que vi, e acredito que boa parte do vislumbre do título vem de como ele se apresenta. Dado que foram lançados, originalmente, faz um tempo, é de se aplaudir que tenham se mantido tão bons até hoje.
O mesmo pode-se dizer do som. Não temos muitas vozes, a maioria no terceiro título, mas as que aparecem são bem feitas e as músicas são maravilhosas. Além dos sons de combate e mapas, temos pequenos concertos com músicas próprias que roubam a cena. Realmente, todo o espetáculo audiovisual faz sua parte para elevar a experiência.
Vale a pena comprar Rhapsody: Marl Kingdom Chronicles?
Um dia, leitores e leitoras. Um dia estarei aqui falando do meu glorioso remaster de Godhand. Ainda que esse dia não seja hoje, pelo menos posso me conformar que Rhapsody: Marl Kingdom Chronicles me permite, finalmente, curtir as aventuras de Cornet e companhia do conforto de meu Switch. Mas será que vale, de fato? Bom, vamos recapitular.
O jogo entrega muito conteúdo, com duas aventuras recheadas e muito divertidas de se acompanhar. Ambas contam com visuais charmosos, músicas envolventes, uma história fofa toda vida e um combate divertido e com profundida, embora muito fácil em alguns momentos. Além disso, o esquema de times em fileiras dá muito pano pra manga na hora de pensar a melhor galera para bater de frente com os males que assolam o reino. Mesmo que equipar e reunir essa gente toda possa ser meio enjoado algumas vezes.
Mas, ao fim e ao cabo, meu tempo com Rhapsody: Marl Kingdom Chronicles foi um deleite. Ri e me diverti, a ponto de que posso falar que essas pequenezas não me incomodaram quase nada. Uma pena que o título, ao que vi pelo menos, não esteja disponível em nossa língua, dificultando o acesso em alguns casos. Mas, seja como for, Rhapsody: Marl Kingdom Chronicles é uma oferta de calibre, e vale a pena ser vivida. Se estiver procurando uma série de jogos para se apaixonar, como Cornet pelo seu príncipe, adivinhe só: acabou de encontrar.
Rhapsody: Marl Kingdom Chronicles será lançado no dia 29 de agosto para Nintendo Switch, PlayStation 5 e PC, via Steam.
*Review elaborada em um Nintendo Switch, com código fornecido pela NIS America.
Pizza Fria
Reviews, notícias e tudo sobre o mundo dos gamesPor Matheus Jenevain, Pizza Fria
Atualizado em 24 Ago 2023.