Sea Horizon é um RPG de ação em turnos, misturado com uma pitada de roguelite, desenvolvido pela 45 Studio e publicado pela eastasiasoft. O título nos coloca no comando de uma série de aventureiros, saídos de diversos cantos do mundo e da vida, que exploram os mares e toda sorte de caverna e rincão perdido em busca de tesouros, fama e a boa e velha ajuda aos que mais necessitam.
E aí, leitora. Será que esse navio nos levará a uma viagem feliz e aventureira pelos mares, ou apenas para um passeio lotado de enjoos e decepções? É o que veremos agora, em mais uma análise do Pizza Fria!
Mar aberto
É isso, leitor(a). Acabou a bonança, a vida simples e idílica. De jogos, amores, sabores e meme. Não senhora. Sou um homem renovado, dos mares. Um corsário moderno! Contudo, antes de seguir para minha vida de pilhagens e aventuras, decidi dar-lhes a última graça de receber minhas opiniões quentes, totalmente profissionais e definitivamente, valha-me Deus, séries sobre videojogos eletrônicos.
Esta semana falaremos sobre Sea Horizon, um pequeno título que tive a oportunidade de testar no Switch recentemente. Lançado como uma mistureba de RPG em turnos com roguelite, o título me prometia aventuras potencialmente infinitas, buscando tesouros e enfrentando inimigos, curiosamente, sortidos por região com uma série de heróis diferentes.
Lembro-me que fiquei intrigado com a dinâmica proposta por Sea Horizon. Jogos rogue-qualquer coisa geralmente são de hack and slash, de tiro, ou de qualquer outra categoria sortida do enorme leque de ação. Devo dizer que raramente somos agraciados com aqueles focados em RPG, e menos ainda com aqueles que se foquem nos bons e velhos turnos.
Comecemos, como de praxe, falando um pouco da história. Sea Horizon conta a trajetória de um bando de heróis, nem sempre relacionados, que buscam por aventura por motivos diversos, mais ou menos altruístas. Cada um conta com seu próprio capítulo, curtinho, falando um pouco sobre suas origens, motivações, e uma pequena narrativa.
O Wanderer, por exemplo, foi até um templo em busca de derrotar um mal que assolava a região. O Explorer, por outro lado, procurava por uma série de malfeitores que tocavam o terror pelas bandas da taverna em que estava. Esses capítulos são bons para conhecermos um pouco mais sobre cada um, ainda que a história seja bem rápida e concisa.
Ainda que seja ficar por dentro das motivações, a personalidade e objetivos de cada um não são o ponto mais forte de Sea Horizon. Isso, eu diria, repousa em sua premissa e jogabilidade. Antes de seguir com nosso papo, é importante termos em mente que esse jogo é um roguelite. E o que, pelas barbas de Tritão, seria isso? Vejam o que um maravilhoso e sábio rapaz escreveu certa vez:
Já no roguelite o jogador tem habilidades e poderes diferentes a cada ciclo (ou run). A ideia básica é a seguinte: a cada rodada você passa por mapas, ou telas, randomizadas. Os itens que coleta, poderes ou armas por exemplo, também são aleatórios. Ao morrer, geralmente, você perde tudo. Mas mantém alguns recursos que são usados para aprimorar habilidades básicas dos personagens. MESMO, Eu
O esquema de Sea Horizon e mais ou menos o seguinte: podemos escolher, inicialmente, um de três modos: história, dungeons e exploração. O primeiro modo é o mais pedestre, utilizado em boa medida apenas para desbloquear mais heróis e contar suas histórias e presepadas, solo ou em conjunto. Cada herói tem seu momento ao sol, e terminar seu episódio o libera para os dois outros modos.
O modo de dungeon em Sea Horizon nos coloca explorando cavernas em busca de um chefe, e o modo de exploração nos lança no maior mapa em busca de missões, combates e tesouros. A movimentação se dá através de espaços em um “tabuleiro”, com casas representando lutas contra inimigos, oportunidades para curar, recuperar as reservas de comida, entre outras coisas mais. Para andar precisamos gastar alimento, e ficar sem faz com que nossa aventura tenha um fim precoce e doloroso.
A segunda parte se refere ao combate, que ocorre no bom e velho esquema de turnos. Mas, temos uma grande diferença aqui. A cada rodada rolamos dados para ver a quantidade de recursos que temos. Eles devem ser gastos para ativar as habilidades que possuímos, e os itens que equipamos definem a quantidade e o tipo que recebemos a cada lançar de dados.
Isso é muito interessante, e dá uma camada de estratégia que torna tudo mais divertido. Precisamos pensar bem na composição de nossas habilidades e dos equipamentos. Será que vale a pena equipar algo que dá mais potencial de defesa, mas que diminui a geração de recursos de ataque? Ou um que dê mais chances de não rolar um recurso, mas conte com um efeito super bolado?
Mas ainda que tenhamos a build mais quebrada do universo, ainda podemos morrer facilmente em Sea Horizon. E isso nos lança de volta ao começo, com itens e habilidades iniciais. Bom, ou quase. Aí vem o rogue da parada, podemos escolher uma das habilidades ou equipamentos para manter e continuar em nossa nova tentativa. Além disso, também podemos pegar um bônus para facilitar nossa vida. E precisaremos, porque a dificuldade pode ser um pouco estranha. Ora fácil demais, ora punitiva demais.
Um único problema disso, e de podermos acabar caindo no tédio e marasmo com facilidade. O jogo, grosso modo, se resume a mover a pecinha de nosso aventureiro pelo mapa e entrar em combate com os inimigos, gerenciando vida e alimento para podermos continuar movendo e lutando. E assim em diante. Eu cá achei relaxante, e uma agradável experiência para distrair e desligar a mente. Mas, de todo modo, não julgaria quem perdesse o interesse rapidamente.
Sons e Visuais
Sea Horizon conta com gráficos bem coloridos, naquele estilo desenhado e cheio de charme. Ainda que não tenhamos uma variedade enorme de cenários e inimigos, achei tudo que vi muito legal. Principalmente nos protagonistas, muito diferentes entre si seja em suas roupas base ou nas que desbloqueamos ao longo da aventura. Uma única coisa que notei é que o visual fica um pouco desfocado, ou embaçado, quando passamos do modo dock par o portátil. Mas, nada que derrube o castelo.
Os sons são agradáveis, ainda que pouco variados. Temos barulhos de ataques, magias, choros de dor, o de sempre. As músicas são agradáveis, mas acabam por se repetir demais ao longo do tempo. Contudo, devo tirar o chapéu para o barulhinho feito ao rolar os dados no início de cada turno. Que coisa mais deliciosa de se ouvir.
Vale a pena comprar Sea Horizon?
Leitor(a), devo dizer que mudei rapidamente de opinião. Não sobre Sea Horizon, isso continua e defenderei até o final. Me refiro à minha ideia de me tornar um corsário viajador. Acabei de ver sobre os perigos do alto mar, sobre escorbuto e me recordei de que não faço a mínima ideia de como nadar. Agora que minha carreira naval se foi pelo ralo, ironicamente, vejamos a súmula de nosso jogo de hoje.
Explorar o tabuleiro dos mapas é bem divertido, e a dinâmica de mesclar equipamentos, recursos e habilidades dá uma camada estratégica e uma rejogabilidade boa ao título. Além disso, poder explorar tanto os capítulos da história dos aventureiros quanto cavernas ou cenários maiores é um plus. Isso pode ser meio enjoativo se jogarmos por longos períodos, no entanto. Além disso, as músicas podem se tornar enjoativas e o visual no modo portátil fica um pouco borrado demais em alguns momentos.
Ao fim e ao cabo, não senti vontade alguma de colocar Sea Horizon para andar na prancha. Sim, o jogo pode ser um pouco repetitivo em certos momentos. Mas a experiência geral agrada, tem uma variedade boa de habilidades, heróis e equipamentos. Além disso, toda rotina de jogo é muito relaxante e passa bem o tempo. Portanto, se curtirem títulos de RPG em turnos, principalmente se tiverem uma pegada diferente, irão se agradar do que temos aqui. Eu, pelo menos, voltei satisfeito da viagem. Recomendo.
Sea Horizon foi recentemente lançado para Nintendo Switch, após um período de acesso antecipado para PC, via Steam, desde maio deste ano. O título está disponível por R$ 69,00 e suporta os idiomas inglês, francês, alemão, espanhol, chinês e japonês.
*Review elaborada no Nintendo Switch, com código fornecido pela eastasiasoft.
Pizza Fria
Reviews, notícias e tudo sobre o mundo dos gamesPor Matheus Jenevain, Pizza Fria
Atualizado em 5 Nov 2022.