Star Ocean The Divine Force é um JRPG de ação, com combate mais rápido e frenético que o normal, desenvolvido pela tri-Ace em conjunto com a Square Enix e publicado pela própria Square Enix. O título nos coloca no controle de dois personagens, cada qual com protagonismo e uma visão diferente da história, que são jogados de cabeça em uma grande aventura planetária e espacial.
E aí, será que ele vale nosso curto tempo nesse planeta? É o que veremos agora, em mais uma análise, de outro mundo, do Pizza Fria!
Busquei cobre e encontrei foi ouro. Mais ou menos.
As estrelas, leitor(a). Quem nunca sonhou em voar entre elas? Ou desejou algo esperando que acontecesse. Ou apontou e ganhou uma enorme verruga no dedo, tal qual mãezinha dizia? Ou, ainda mais, imaginou o que haveria além delas. Na imensidão do espaço, e das galáxias conhecidas e desconhecidas? Acredito que todos já nos perguntamos isso, ou ao menos tivemos uma pequenina curiosidade alguma vez na vida.
Mas, nem sempre as coisas são como esperamos. Agora, por exemplo, tive uma nova confirmação de que há, de fato, vida inteligente fora deste planeta. E dentro dele, como certamente podemos notar. Bom, voltando, estava tranquilo com minhas pantufas jogando Ghost Song quando ouvi um barulho enorme vindo da cozinha. Imagine minha surpresa, então, ao ver um escape pod todo estourado em meu chão, com um robozinho planando no ar. Onde, um belo dia, ficava minha mesinha de café.
Bem, nem tudo são lágrimas. Passado o susto, e a suspeita que estava alucinando de sono devido ao fato de ter bebido uma quantidade cavalar de suco de maracujá, analisei melhor nosso novo visitante e vi que estava falando uma série de letras e números, sem parar. Gênio que sou, decidi digitar essa parada na Steam e recebi nosso jogo da vez: Star Ocean The Divine Force.
Star Ocean The Divine Force, então. Devo admitir que fiquei bem contente em saber que a tri-Ace estava trabalhando em mais um título dessa série que é puro amorzinho. O primeiro título da franquia foi lançado em 1996, quase trinta anos atrás. Contudo, o primeiro título que tive contato foi o Second Story, no PSP. Achei fascinante, tanto pelos personagens quanto pela premissa, e me apaixonei desde então.
Uma coisa que curti muito, e vi novamente aqui, foi o sistema de dois protagonistas. Saquem só, antes do jogo começar podemos escolher se iremos controlar o mercador espacial Raymond, ou Ray para os íntimos, ou a princesa Laeticia. Ainda que ambos estejam juntos por boa parte da aventura, o ponto de vista diferente faz com que as experiências também o sejam. Agradável demais.
Falemos de Raymond, por exemplo. A história dele começa com uma entrega normal que dá extremamente errado, após nosso herói com corte de cantor sertanejo ter sua espaçonave estourada por uma de maior classe pertencente à Federação. Caindo de cabeça, figurativamente, em um planeta estranho, nosso chegado precisa unir forças com a princesa Laeticia e seu protetor Albaird. Sua missão? Procurar por seus amigos que se perderam após a explosão.
Da mesma forma, Laeticia também passa por certos rolos até se encontrar com Ray. Dali em diante a história segue com ambos buscando objetivos particulares, em conjunto, até os acontecimentos se desenvolverem no que será o arco maior. Mas, a forma que cada um vê cada ocorrido, e lida, difere de acordo com qual escolhemos para jogar. Isso é bem legal. A trama não tem o escopo de ópera visto em outros títulos da série, como o próprio Second Evolution, mas é competente e cumpre seu papel de motivar os personagens e nos manter interessados.
Como falei acima, Star Ocean The Divine Force é um JRPG de ação. Isso quer dizer que toda exploração e pancadaria ocorre em tempo real, sem a necessidade de pausar para usar menus ou coisa do tipo. O jogo nos fornece todas as ferramentas para poder seguir na treta sem parar por um segundo, rolando e costurando entre os inimigos largando o braço sem parar.
Durante os combates, contamos com habilidades e ataques que colocamos em um combo string representado por triângulo, quadro e círculo. Podemos combinar várias, bastando que tenhamos o AP necessário para executar. Cada ação consome um pouco de AP, que pode ser aumentado esperando alguns segundos ou executando certos feitos, como esquivar ou derrotar inimigos. Eu curti demais, porque tudo é muito frenético e bombástico. Sem dúvida, esse é um dos melhores sistemas de batalha da série e, devo dizer, de qualquer action RPG que joguei recentemente.
Além disso, podemos alternar entre o boneco que quisermos durante as lutas ou exploração. Cada um possui habilidades e armas diferentes, o que aumenta consideravelmente a diversidade. Nossos heróis também possuem a D.U.M.A, um robô que pode ser utilizado tanto em treta quanto passeio. Ele pode gerar barreiras e ser usado para dar um avanço para perto ou longe de um inimigo. Mudar de direção rápido, confundindo o oponente, causa o chamado blindside, que aumenta nosso dano e dá um atordoamento no inimigo. Simples, efetivo e aplica mais uma camada técnica à ação.
D.U.M.A também pode ser utilizado para explorar os mapas verticalmente, seja buscando itens ou cristais que usamos para melhorá-lo. Os mapas são bem expansivos, recheados de inimigos e coisas para pegar. Mas, salvo isso, são bem desertos e sem nada de grande interesse. Além disso, a performance cai bastante quanto maior for o espaço renderizado.
Que me leva ao outro ponto. A performance de Star Ocean The Divine Force é sofrível. Pensei que fosse do meu lado, e dobrei a quantidade de lenha que coloco na maria fumaça que chamo de PC. Mas, vi outros relatos de pessoas com a mesma treta. Por exemplo, qualquer configuração que utilize mais de 30 FPS faz com que o jogo trave fortemente. Stutter, freezes e crashes, o pacote completo. Realmente lastimável.
Sons e visuais
Star Ocean The Divine Force tem um escopo legal, com personagens bem desenvolvidos, charmosos e localidades agradáveis. O misto de sci-fi com fantasia medieval sempre foi um positivo da franquia, e não decepciona. Contudo, os gráficos são bem básicos, sem muita pompa e com animações meio tortas. Muitas cutscenes ainda usam aquele esquema do boneco ficar mexendo a boca constantemente enquanto a voz toca, sem nenhuma naturalidade.
A sonoplastia agrada, com todos os protagonistas e antagonistas muito bem dublados, muitos diálogos gravados para interações com o mundo e uma trilha sonora chiquérrima. O tema de combate é bem maneiro, e a música cantada pelo rockstar nipônico HYDE não decepciona. Confiram abaixo:
Vale a pena comprar Star Ocean The Divine Force?
Boas novas, leitor(a). O robô foi embora e me prometeu (acredito, não entendo beep-boop) uma nova mesinha. Agora, leitor, a vida poderá voltar ao normal. Finalmente. Bom, e agora é tempo de amarrarmos nossa análise de Star Ocean The Divine Force. Como falei, sou fã da série isso, por si só, já faz valer a experiência.
Mais que isso, a trama despretensiosa, os personagens divertidos, o sistema de dois protagonistas e o combate totalmente excelente fazem Star Ocean The Divine Force ser uma boa pedida para qualquer apreciador do gênero, seja fã da franquia ou não. Devo dizer que esse foi um dos JRPGs mais agradáveis que joguei recentemente, mesmo que tenha uma performance ruim e mapas vazios. Descer o FPS para ficar trancado em 30 resolveu, mas ainda é inaceitável ter de fazer essa gambiarra em pleno 2022, ano da tecnologia… Que rude!
Ao fim e ao cabo, eu recomendo Star Ocean The Divine Force para todo apreciador do estilo. O jogo diverte, ainda que irrite em alguns momentos por conta da performance, e tem conteúdo o suficiente para fazer com que o investimento e a jogatina não sejam desperdiçados. Talvez o título não te leve até aos confins da galáxia, mas ao menos um pequeno passeio entre as estrelas deve rolar.
Star Ocean The Divine Force foi lançado para PlayStation 5, PlayStation 4, Xbox Series X|S, Xbox One e PC, via Steam, no dia 27 de outubro.
*Review elaborada em um PC equipado com uma GeForce GTX, com código fornecido pela Square Enix.
Pizza Fria
Reviews, notícias e tudo sobre o mundo dos gamesPor Matheus Jenevain, Pizza Fria
Atualizado em 6 Nov 2022.