A última vez que joguei um título da franquia The Settlers faz um bom tempo. Naquele período, os jogos eram comprados em revistas de banca, que vinham com CDs cheios de versões demonstrativas. Ou seja… tem muito tempo! Daí em diante, pouco li ou vi sobre a franquia. No entanto, eis que em 2023, a Ubisoft lança The Settlers: New Allies, para PC, via Epic Games Store e Ubisoft. Daí, um turbilhão de memórias surgiram, mas em um jogo totalmente renovado e em uma fase totalmente diferente da minha vida. Enfim, mas o que interessa para nós é: o jogo é bom? E é justamente isso que iremos ver em mais uma review do Pizza Fria!
A narrativa da campanha
Sempre que jogo títulos de estratégia em tempo real, gosto de ver o que a campanha tem a oferecer. E em The Settlers: New Allies a ideia não seria diferente. Somos apresentados a três facções distintas, os Elari, os Maru e os Jorn, tendo cada uma seus pros e contras, além de histórias únicas. A dinâmica proposta pela campanha, que traz 13 missões, trata da diplomacia e ação de um povo que busca território em novas localidades, acabando por esbarrar em outras culturas e, em paralelo, a reencontrar com vestígios do seu próprio passado. E tudo isso é contado através da própria jogabilidade e de algumas cutscenes bem simples, mas funcionais.
Além disso, além da campanha imergir os jogadores e jogadoras no mundo novo de The Settlers: New Allies, ela é bem útil para introduzir diversos detalhes sobre a jogabilidade no geral, além de apresentar minuciosamente o funcionamento de unidades, construções e outras dinâmicas pertinentes. Neste ponto, o título facilita bastante a vida dos jogadores, sobretudo os novatos.
A ideia da história do game lembra muito o conceito de colonização e contato com novos povos, mas com uma perspectiva extremamente simplista e… sem sal. Não sei, mas a narrativa de The Settlers: New Allies não me agradou tanto, elaborando muito pouco as relações e traçando uma espécie de linha entre povos “civilizados” e “bárbaros”. Mas essa nem é a pior questão que tive ao longo da campanha, que até tem seus desafios, mas se perde em pontos narrativos meio bobos.
Sim, se você não pensar em suas atitudes, pode ser que você fique emperrado, tendo que voltar ao último arquivo salvo. Por exemplo, para construir prédios, você precisa de determinados materiais como a madeira e, caso você tenha feito outras coisas e não cabanas para extrair esta matéria-prima, toda a jogabilidade fica comprometida. Afinal de contas, como construir cabanas para extrair madeira se você… não tem madeira!? Pois é, eu bem que tentei contornar isso, mas me soou mais plausível começar a aventura de novo. Pois é, foi um erro meu, mas mesmo assim, deveriam haver alternativas pra tentar virar o jogo.
A economia de The Settlers: New Allies
Eu particularmente curtia bastante o processo econômico de The Settlers na época em que conheci a franquia. E em The Settlers: New Allies, algumas coisas continuaram positivas – com exceção do que foi dito acima. No entanto, para boa parte dos jogadores, esse aspecto pode ser muito exaustivo, tirando toda a ação das batalhas de foco. Neste ponto, parece que The Settlers: New Allies deu uma exagerada, pois acaba sendo muito lento o processo de extrair materiais, transforma-los e, finalmente, criar unidades ou até mesmo outras construções.
Aliás, sobre construir, confesso que me frustrei com o processo, pois parece que a inteligência artificial dava umas bugadas e não fazia as construções, mesmo com todos materiais alocados e com tudo pronto para a execução da obra. Isso ia deixando o jogo lento e, por consequência, meio chato. Não sei, mas a impressão que fiquei é que tudo é muito lento e a dinâmica vai toda indo por água abaixo. As batalhas, por sua vez, até são bem desenhadas e as unidades reproduzem bem o conflito, tendo cada uma características específicas. Mas ainda fica a sensação de faltar algo.
Mesmo sendo um jogo com uma mecânica mais elaborada na questão econômica, marca maior da franquia, parece que em The Settlers: New Allies a coisa se perde um pouco, sendo meio truncada e sem emoção. Todavia, se analisarmos pelo aspecto técnico, há todo um preparo por trás das coisas, em que a matéria-prima bruta precisa ser transformada, um tronco de árvore em tábuas, por exemplo, para a coisa fluir. Melhor ainda, para se alistar tropas, você precisa criar novas moradias para conseguir comportar todo mundo, algo que se expande também para toda a produção nas madeireiras, padarias e afins. Mas é aquilo que já disse: diferente dos jogos anteriores, parece que em The Settlers: New Allies não flui tão bem.
Outros pontos relevantes
The Settlers: New Allies apresenta vários modos multijogador online com até 8 jogadores, que trazem toda a dinâmica apresentada na campanha, mas de forma muito mais direta. Porém, as coisas seguem fluindo de forma mais lenta, mas até que oferecem batalhas mais emocionantes contra outros jogadores ou IA. De toda maneira, parece que acaba sendo muito mais do mesmo. Confesso não ter sentido aquele frio na barriga de ter a emoção de partidas disputadas, além de ter achado poucos jogadores para dividir a experiência, algo que me fez buscar pelejas contra os bots.
Os gráficos de The Settlers: New Allies são agradáveis e bem funcionais. O mesmo pode ser dito para as questões de áudio. Eu gostei do que vi, o jogo é atraente, mas acaba esbarrando nos problemas de jogabilidade. Por ser um game legendado em português, facilita muito a vida dos jogadores, sobretudo durante o modo campanha, que conta com cutscenes simples, mas que vão guiando a limitada história apresentada.
Por fim, vale mencionar os bugs encontrados ao jogar The Settlers: New Allies. O título por várias vezes acabou crashando, me obrigando a começar uma missão quase que do zero. Ainda fiz questão de monitorar para saber se o problema poderia ser do meu PC, mas não era. E isso ficou ainda mais evidente após fazer uma atualização do game e ele simplesmente não querer abrir mais, me obrigando a executar uma varredura nos seus arquivos e, só depois disso, voltar a funcionar, mas ainda com os crashes citados. Contudo, na experiência de jogo mesmo, só tive o problema das unidades de engenharia travarem, não executando as funções que eu ordenava. De resto, tudo ok.
Vale a pena comprar The Settlers: New Allies?
Apresentando uma jogabilidade muito mais focada na economia do que nas batalhas, que acabam sendo bem simplórias, The Settlers: New Allies é um título que pode não agradar ao público atual, sobretudo por ser um jogo arrastado, embora tenha alguma lógica por trás disso que justifique a calmaria quase que excessiva de suas longas partidas, que podem matar de tédio até mesmo os estrategistas fãs de jogos 4X como eu. Contando com gráficos e sons bacanas, além das legendas em português, tem seus momentos, embora apresente uma narrativa bem básica e meio clichê. Sua sobrevida consiste no modo multiplayer (caso tenha jogadores disponíveis). Ou seja… complicado.
Além disso, o título apresentou muitos crashes e probleminhas pra ser executado, mas dentro do jogo mesmo, tudo correu dentro do esperado. Concluindo, The Settlers: New Allies é um jogo de R$ 299,99 que não chega nem perto de títulos mais consagrados, como os da franquia Age of Empires. Portanto, talvez quando entrar em promoção, aí sim seja possível dar uma chance. Contudo, já vá sabendo que é um jogo que conta com suas limitações…
*Review elaborada em um PC equipado com uma GeForce RTX, com código fornecido pela Ubisoft.
Pizza Fria
Reviews, notícias e tudo sobre o mundo dos gamesPor Álvaro Saluan, Pizza Fria
Atualizado em 4 Mar 2023.