Guia da Semana

The Signifier: Director’s Cut é um jogo de investigação e thriller produzido pela Playmestudio e distribuído pela Raw Fury. Contendo elementos de investigação e puzzles, ele nos joga em um mundo de mistérios e incertezas envolvendo a mente, os riscos inerentes do avanço das inteligências artificiais e de um crime não resolvido.

Será que conseguimos descobrir o segredo dessa análise? Vejamos, caro leitor, agora.

Mas que viagem, cara

Como disse em minha análise de Biomutant, leitor, alguns momentos de minha vida são tão singulares que não podem ser nada além de sonhos. Será que isso é a realidade? Será apenas uma fantasia criada pelo consumo excessivo de paçocas e balas de goma do fim de semana? Hm, possivelmente.

Mas nada disso importa! O importante, no momento, é o que pensei sobre The Signifier: Director’s Cut. Eu realmente não sabia o que esperar ao começar a jogar. Tenho um certo gosto por jogos mais narrativos, com foco em personagens e história além da ação. Contudo, também tendo a perder o interesse rapidamente. Que coisa!

Daí veio minha grande surpresa, positiva devo dizer, com The Signifier: Director’s Cut. Fiquei completamente absorvido pela história, pelos personagens e pelo universo criado. Não entendi quase nada e coloquei os puzzles no fácil, mas amei cada segundo. Realmente me alegra o coração ver uma trama bem contada.

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Essa decoração é tão anos 3000. (Imagem: Divulgação)

Devido o estilo do jogo, não irei detalhar a história nem dizer além do mínimo necessário. É algo que precisa ver por si só! O lance maior, tal qual é, é o seguinte. Estamos no papel de Russel, um cientista responsável por ajudar a criar um sistema chamado dreamwalker, que permite explorar sonhos e memórias de pessoas para compreender determinados acontecimentos.

Em um belo dia, ele é convocado para auxiliar na investigação da morte de uma executiva chamada Johanna. A teoria principal é de que ela se suicidou, mas a verdade vai muito além. Cabe à nos explorarmos os cenários do mundo real, e de suas memórias, para descobrir o que, de fato, aconteceu.

Além disso, a história levanta questões relacionadas aos avanços das tecnologias de inteligência artificial, extremamente sofisticadas no universo do jogo, e os impactos sociais e morais que tiveram na vida das pessoas. Ao ponto de serem reguladas por um órgão específico, e serem regidas por leis severas.

The Signifier: Director's Cut
Sinta que atmosfera forte. (Imagem: Divulgação)

A jogabilidade se passa, majoritariamente, explorando as memórias através do Dreamwalker e de uma inteligência artificial chama Eevee. Baseado em fatos e informações que encontramos analisando cenários do mundo real, podemos utilizar o aparelho para visualizar lembranças e sonhos através de dois planos: objetivo e subjetivo.

E aqui está o grande brilho de The Signifier: Director’s Cut. O plano objetivo leva em conta as coisas da forma que a vítima se lembra. Objetos, sons, acontecimentos e afins. O plano subjetivo leva em conta os sentimentos da vítima, e seu estado emocional no momento do crime. Um conceito bem original, devo dizer.

Isso é incrível, porque permite analisar as cenas de crime e observação de vários pontos diferentes. O plano subjetivo, especialmente, é magia pura. É necessária uma boa interpretação dos elementos mais “esotéricos” e metafóricos para chegar à solução de alguns dos puzzles do jogo. E isso é maravilhoso.

The Signifier: Director's Cut
Vertigem pesada em The Signifier: Director’s Cut. (Imagem: Divulgação)

Alguns deles, inclusive, me deixaram feliz em resolver. Admito que, como disse, joguei no fácil com auxílio do jogo para a resolução de alguns. Mas, de qualquer modo, tenho zero arrependimentos. As soluções são boas de qualquer forma, e a maior parte delas é muito bem pensada.

A exploração de cenários também é divertida, e com uma boa atenção aos detalhes. Podemos analisar diversos documentos, imagens e sons. E são todos comentados pelo personagem, o que ajuda a lançar luz sobre como funciona sua mente e como ele enxerga os acontecimentos.

Os outros personagens que conversamos também são interessantes. Johanna, a moça assassinada, se torna praticamente uma amiga. Ainda que a vejamos apenas pela memória, The Signifier: Director’s Cut faz um bom trabalho ao caracterizá-la e mostrar mais sobre o que a fez chegar ao ponto de sua morte.

The Signifier: Director's Cut
O mundo real é tão deprimente. (Imagem: Divulgação)

Além disso, temos visões sobre algumas partes da vida de Russel, também. Sobre como se relaciona com seu antigo companheiro de trabalho e pesquisa, com sua filha distante e com as implicações éticas e técnicas das pesquisas que faz sobre a psiquê humana. Além disso, podemos selecionar respostas e perguntas em determinadas partes do jogo que influenciam nos acontecimentos e desdobramentos da história.

Tudo em tudo, o jogo tem uma atmosfera muito bem criada e suportada. Fico feliz de jogar esses títulos, que envolvem e me mantém constantemente na beirada na cadeira. Minhas pernas doloridas pensam o contrário, mas o que vale é a experiência.

Sons e Visuais

Os visuais do jogo são legais, trabalhando muito para construir todo esse místico e ar de mistério que falei há pouco. Os cenários do mundo real são bem padrões, mas no mundo objetivo e, principalmente, subjetivo que The Signifier: Director’s Cut brilha intensamente.

Os objetos e suas representações são maravilhosos, e dá para ver que os desenvolvedores pensaram sobre cada pequeno pedaço do cenário no momento de sua criação. As texturas são um pouco estranhas em alguns pontos, e as cores fortes e brilhos podem incomodar um pouco os olhos. Mas, de qualquer modo, é muito bem feito.

O som também agrada, com trilhas calmas e melancólicas acompanhadas de um bom trabalho de vozes. Isso é essencial para o conjunto, visto que boa parte da tensão bem construída nesses jogos vem de um misto de visual e som. The Signifier: Director’s Cut também não decepciona nesse ponto.

The Signifier: Director's Cut
O famoso Dreamwalker. (Imagem: Divulgação)

A única coisa que me incomodou mais foi o carregamento excessivo entre um plano e outro, e algumas texturas um pouco estouradas e quadriculadas. Mais pelo fato de que, ainda que arrojados, os cenários não são muito expansivos ou cheios. Mas, novamente, nada que venha a matar a experiência.

Vale a pena comprar The Signifier: Director’s Cut?

E agora, leitor, qual a solução do mistério de minha análise? Pois bem! Acho que é hora de colocar as cartas na mesa e dizer o que descobri sobre The Signifier: Director’s Cut. Coloque seu chapéu e preste atenção nessas fotos e papéis que coloquei na sua frente.

Eu achei o jogo realmente brilhante, com temas pertinentes, interessantes e bem expostos. Principalmente no que tratava dos avanços no campo da inteligência artificial e os riscos inerentes do mesmo. Esse assunto tem se tornado cada vez mais comum, e nossa vida cada vez mais automatizada e controlada por máquinas e inteligências além da nossa.

The Signifier: Director’s Cut ganha pontos por levantar essa discussão, e nos ajudar a pensar mais sobre o tema. Isso garante que ele seja um jogo que, mesmo depois de terminado, vai continuar em sua cabeça. Além disso, fica sendo uma boa pedida para replays, pois conhecer a trama toda ajuda a ver pontos que, no início, não parecem ter sentido algum. Isso aumenta o valor do jogo, e eu valorizo muito.

Pode haver um problema aqui e acolá com texturas, e alguns carregamentos meio chatos, mas nada que mate o brilho de The Signifier: Director’s Cut. Foi uma de minhas experiências mais singulares em memória recente, e penso que vale todo o tempo investido nele. Recomendo.

The Signifier: Director’s Cut está disponível somente para PC, com versões disponíveis na SteamGOG.com e Humble Bundle. No Metacritic, o game conta com a média de 68 pontos.

*Review elaborada em um PC equipado com AMD RX, com código fornecido pela Raw Fury.

Pizza Fria

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Por Matheus Jenevain, Pizza Fria

Atualizado em 2 Jul 2021.