Touhou: New World é um RPG de ação, misturado com elementos de bullet hell, desenvolvido pela Ankake Spa e distribuído pela XSEED Games junto da Marvelous USA, Inc. Criado dentro do vasto universo Touhou, criado pelo desenvolvedor solo ZUN, o título nos coloca no comando de duas garotas que viviam suas vidas pacificamente em uma vila de humanos e yokais, até que um evento inesperado vira tudo de pernas pro ar. Como era de se esperar, não é mesmo?
E aí, será o título vale nosso tempo e investimento, cada vez mais escasso? É o que veremos agora, em mais uma análise antecipada do Pizza Fria!
Do lado de lá, pro lado de cá
Touhou Project, leitores e leitoras. Admito que sempre tive curiosidade em conhecer sobre a saga, mas nunca o tinha feito até pegar nosso título da vez para analisar. Segundo as profecias do temível Google, esse universo foi construído, desenhado e programado por um único chapa, chamado ZUN, e engloba uma série de gêneros diferentes, tanto dos jogos criados por ele quanto por outros que licenciaram a marca, como este.
Pelo que compreendi, Touhou começou a se consolidar no mercado como uma série de bullet hell, o que explica o motivo de eu a ter evitado como se fosse um deadite recém ressuscitado pelo Necronomicon. Para os que não conhecem, esse estilo é aquele no qual controlamos uma nave ou personagem voador qualquer e devemos desviar de uma enxurrada de projéteis e inimigos que vão aparecendo pela tela. Levando em conta o nível de concentração e o baixo tempo de reação necessário para ser chique nessa modalidade, fica claro o motivo de eu sempre ter tido meus receios.
Mas, não mais, meus queridos e queridas. Felizmente, Touhou: New World pegou o lado dos action rpgs, sendo Diablo seu representante mais famoso, e misturou com alguns pequenos elementos desse estilo original para criar uma mistura satisfatória até, devo dizer. Mas, nada de colocar os lobos gigantes na frente dos trenós. Primeiro, vejamos qual conto embala essa doideira toda.
Touhou: New World conta a história de uma terra chamada Gensyoko, na qual humanos e yokais vivem em relativa harmonia, salvo uma ou outra treta isolada. É nesse lugarzinho idílico que vivem nossas protagonistas Reimou e Marisa, uma sacerdotisa e a outra bruxa. Os dias de paz de nossas amigas acabam quando um ataque de bonecas alopradas lança o lugar no caos completo, e acaba enviando as duas além da barreira para o mundo dos humanos.
Lá elas conhecem Sumireko, uma garota obcecada com Gensokyo que acaba retornando com as duas para a terra que tanto sonhou em conhecer. Contudo, as coisas não são mais como eram, e nossas heroínas precisaram ralar bastante para trazer o balanço de volta aos dois mundos e impedir que dores de cabeça ainda maiores venham a acontecer.
Devo dizer que me agradei da trama de Touhou: New World que, embora não muito inovadora, cumpre bem seu papel e conta com um plantel adorável de personagens, jogáveis ou não. Os diálogos, por exemplo, são muito bem escritos, o que ajuda a criar uma boa ambientação e diferenciar as experiências de Reimu e Marisa. Podemos selecionar apenas uma para jogar, e experimentar os mesmos eventos. Mas a forma com que cada uma lida com o que acontece é única, e muito legal de acompanhar. Ponto positivo, anotem aí.
Como falei ali para cima, a jogabilidade de Touhou: New World é um wombo combo do gênero action rpg com alguns elementos de bullet hell. Comecemos pela primeira metade, o que acham? Bem, logo de cara começamos escolhendo se seguiremos no controle de Remu ou Marisa. As duas possuem controles iguais, como falarei mais a frente, mas se diferem consideravelmente em se tratando de habilidades e atributos. Contudo, vale a pena jogar com as duas, visto que a experiência será familiar, contudo com um ar de frescor e novidade.
Nossas heroínas enfrentam seus perigos através de um controle no estilo famoso de Diablo, Torchlight ou Path of Exile. Vemos nossa boneca por uma visão superior, e podemos controlá-las livremente com os analógicos enquanto descemos o tapa em toda sorte de malfeitor que ouse entrar em nosso caminho. Contudo, nada de chuva de vísceras e rios de sangue aqui, seus maldosos. Contudo, podem esperar uma quantidade saudável de lasers e explosões.
Touhou: New World nos fornece a opção de utilizar quatro habilidades de dano, que podem ser acionadas com os botões de ação e equipadas ou desequipadas conforme quisermos e aprendermos novas. Três delas são de uso mais constante e recarga rápida, e uma delas funciona como uma bomba que explode na tela e acerta todos os inimigos que estiverem visíveis. Além disso, possuímos uma cura que recupera 1/4 da vida, com tempo de recarga, e um escudo que bloqueia determinados tipos de ataque.
Com isso, temos uma quantidade considerável de ferramentas para nos defender e atacar, aumentado pelo fato de que sempre estamos aprendendo novas skills para equipar ou fortalecendo aquelas que já possuímos e estamos acostumados a utilizar. A segunda metade, do bullet hell, se dá com os inimigos lançando saraivadas de projéteis que não podem ser bloqueados, sobrando apenas a opção de pular por cima deles. Tudo em tudo, essa mistureba resultou em uma jogabilidade bem divertida e viciante, que deve agradar gregos e troianos.
Touhou: New World também utiliza suas fases e movimentos para dar uma chacoalhada na rotina, fazendo com que alguns de seus segmentos sejam quase como um jogo de plataforma. Isso não ocorre sempre, e funciona bem o suficiente para ser divertido sem abusar de nossa hospitalidade. Dito isto, resta vermos o que foi implementado do bom e velho RPG,
Nossas heroínas possuem seus próprios levels e atributos, que aumentam conforme subimos de nível através de experiência ganha derrotando inimigos, os chefes extremamente divertidos de enfrentar ou completando missões primárias e secundárias. Essas últimas, além das recompensas, também servem para aumentar a exposição do mundo e daqueles que o habitam, oferecendo tanto conteúdo extra quanto um novo olhar sobre eles.
De pontos negativos, consigo pensar apenas no mau comportamento da câmera ali ou aqui, mas nada que tenha me feito sofrer. Verdade é que Touhou: New World entrega uma gameplay bem montada e funcional, sendo divertida e desafiadora em igual medida. Dependendo da dificuldade escolhida, ela pode forçar com que tenhamos bons reflexos e estratégias se realmente quisermos ir longe.
Sons e Visuais
Touhou: New World possui personagens fofos e bem desenhados, com animações bem feitas. Todos tem muita personalidade, combinando tanto com suas vozes quanto com a forma que foram escritos. O jogo não surpreende tanto no departamento visual por conta de algumas texturas serrilhadas e pobres, mas nada que ofenda os olhos.
Já a parte sonora é um deleite. Além da dublagem divertida, Touhou: New World entrega muitas músicas envolventes e cativantes com algumas sendo, devo admitir, até daquelas que grudam na cabeça. Sejam elas calmas ou rápidas, com certeza haverão algumas que os agradarão.
Vale a pena comprar Touhou: New World?
É hora, adoráveis leitores e leitoras do meu coração. Será que Touhou: New World vale a pena e a galinha toda? Bom, devo admitir que tive certa dificuldade para apontar erros e reclamar aqui. Salvo a questão da câmera malcriada em certos momentos e das texturas mais simples, não há muito mais que diminua o valor da experiência.
Já pelos positivos, uma jogabilidade variada em habilidades, inimigos e missões, somado a um estilo visual divertido e uma trilha sonora chiquérrima me fizeram aproveitar cada momento que passei com o jogo. Também achei que eles fizeram o suficiente para se diferenciar do mar de action rpgs que temos por aí, sendo suficiente para agradar qualquer fã do gênero.
Ao fim e ao cabo, Touhou: New World é um action rpg/bullet hell que consegue capturar muita bem a essência de gêneros distintos e criar um produto que remonta aos dois, mas sem deixar de criar sua identidade própria. Seja fã de um ou do outro, ou apenas um apreciadora de jogos maneirinhos, pode ir tranquila. Não irá se decepcionar.
Touhou: New World será lançado nesta quinta-feira, 13, para PC, via Steam, e Nintendo Switch. Versões para PlayStation 4 e PlayStation 5 serão lançadas no dia 12 de setembro.
*Review elaborada em um Nintendo Switch, com código fornecido pela XSEED Games.
Pizza Fria
Reviews, notícias e tudo sobre o mundo dos gamesPor Matheus Jenevain, Pizza Fria
Atualizado em 11 Jul 2023.