Trepang2 é um FPS com alta violência, e octanagem em igual medida, desenvolvido pela Trepang Studios e publicada pela Team17. O título nos coloca no controle de um fugitivo super poderoso, que não lembra nada de seu passado. Mas, felizmente, ele ainda sabe como dar tiros como ninguém, e vai usar essa habilidade muito, muito valiosa para causar um estrago sem tamanho na vida daqueles que foram responsáveis por mantê-lo em cana.
E aí, será que o título vale o ingresso? É o que veremos agora, em mais uma bela análise do Pizza Fria!
2000 voltou, e com estilo
Olha nóis de novo, leitoras e leitores totalmente excelentes deste maravilhoso sítio web, com mais um jogo para debate. Dessa vez, prometendo uma experiência que remete aos peso-pesado do início da década dos anos 2000. Quem viveu sabe o que era, poder aproveitar novidades quentes como F.E.A.R (que falaremos bastante aqui), Boishock, Timesplitters, The Chronicles of Riddick: Assault on Dark Athena e tantos outros mais. Cara, que época para se estar vivo.
O início do século XXI foi bem transformador para o mundo dos videojogos, acredito eu. No universo dos FPS, por exemplo, havia a pouco chegado um título pequeno e tímido chamado Halo que delimitou o padrão de jogos do estilo até os dias de hoje, se bobear. Em seu primo Third Person Shooter, tivemos a bomba de testosterona chamada Gears of War. Enfim, era uma era de mudança que veio e, como era de se esperar, passou.
É aí que entra nosso título de hoje, Trepang2. Oferecendo tiroteios frenéticos, um alto grau de violência e um protagonista com poderes especiais, o título promete trazer essa velha glória das antigas de volta aos olhos, e corações, da galera. Se inspirando, ainda, em muitos dos que falei ali acima. Mas, será que ele consegue acertar na mira, ou erra o alvo por muito? Bom, vejamos.
A trama de Trepang2 começa com nosso protagonista amarrado em uma cadeira, preso em uma instalação militar qualquer no meio do nada. O local é invadido por um bando de caras que dizem ser nossos aliados, somos libertados e colocados para rodar o mundo em missões para impedir que uma corporação maligna, que possui ligações com um culto muito doido, libere alguma coisa bem ruim em nosso belo e pacífico mundo.
Sendo sincero, a narrativa de Trepang2 serve mais como um pano de fundo para sabermos o motivo de estarmos em determinados locais, fazendo determinadas coisas, do que para nos engajar ou arrancar lágrimas de nossos olhos. Talvez efeito colateral de suas raízes, o título deixa essa parte pouco desenvolvida. A maior parte de meu entendimento, ao menos, veio dos diversos arquivos que podemos encontrar. Mas, quem para pra ler isso enquanto podemos estar dando rasteiras enormes e trocando tiros com vinte caras?
Tudo isso considerado, eu achei uma oportunidade perdida. O jogo nos coloca em umas situações de terror leve em alguns momentos e missões, com pequenos flashes de suspense, que lembram muito o que meu amado F.E.A.R fazia. Novamente, é de se esperar que jogos desse estilo não se foquem tanto nesse quesito, mas ainda senti que foi uma oportunidade desperdiçada. Quem sabe em um Trepang3?
Já na jogabilidade, Trepang2 entrega uma das experiências mais agradáveis que tive nos últimos anos, sem brincadeiras. Quando terminamos a primeira missão, somos levados para uma base da qual podemos sair para missões, brincar em um simulador (que falarei a frente), customizar nossas armas e nosso personagem, com luvas, calças e sapatos novos. Até aí, tudo bem.
A coisa brilha quando as balas começam a voar. O jogo nos permite utilizar uma série de habilidades para causar o caos, e todas são uma beleza de utilizar. Por exemplo, podemos deixar o tempo mais lento – no melhor estilo Max Payne – enquanto saímos correndo entre os inimigos dando headshots e voadoras em geral. Também podemos ficar invisíveis, nos esgueirando e eliminando todos das sombras. O jogo inclui um sistema de stealth simples, mas competente, que aumenta ainda mais nossas opções.
Além disso, podemos dar uma rasteira super poderosa que manda quase todos os inimigos para o alto. Tão potente, inclusive, que pode ser usada com o boneco parado e, pasmem, fazendo ele deslizar para trás! Por fim, podemos socar inimigos e pegá-los como escudo para nos defender, ou tacar uma granada no bolso deles e lançar para cima de seus amigos. Trepang2 nos dá muitos brinquedos, de fato.
Imaginem a cena, que ocorreu em uma fase que se passa numa biblioteca de um castelo. Um monte de inimigos vindo, dou a rasteira maluca e pego um deles de escudo, chuto com uma granada no bolso para cima da geral, uso a câmera lenta, pego as espingardas com dual wield (como na imagem acima) e vejo o coitado explodir no ar, limpando a força inimiga inteira enquanto folhas de papel e pedaços de inimigos voam para todo o lado. Que cena!
Trepang2 nos dá uma boa quantidade de armas para utilizar, entre as clássicas como escopetas, metralhadoras e pistolas. Todas podem ser customizadas com partes que encontramos escondidas pelas fases, e podem ser empunhadas ao mesmo tempo contanto que tenhamos duas iguais. Com o passar do tempo acabamos ficando com as preferidas, mas é bom ter opções.
O simulador de combate é o grande trunfo do jogo, que compensa o fato de sua narrativa ser, infelizmente, mais curta do que deveria. As fases são muito legais e até que longas, mas temos uma pouca quantidade mesmo contando com as missões secundárias. Esse simulador nos permite enfrentar uma série de inimigos, em dificuldades que escolhemos, em um formato de arena, com cada abate e onda fornecendo grana para comprar armas e colete. Eu fiquei muito tempo brincando com isso, e mesmo após terminar o que precisava para escrever essa análise ainda me vi voltando para os braços de Trepang2.
Por fim, também podemos liberar e utilizar alguns códigos, os bons e velhos cheats, que mudam alguns aspectos da experiência, indo de coisas simples como vida e munição sem fim até vozes fininhas para os personagens. Em suma, a parte de jogabilidade é simplesmente sensacional, e deve agradar em cheio os fãs do estilo, assim como eu.
Sons e Visuais em Trepang2
Trepang2 tem visuais competentes, com bons efeitos de partículas, sangue e destruição de partes do cenário. Os efeitos utilizados quando o tempo desacelera são muito maneiros, e ver as balas passando e os pedaços voando é impagável. Uma pena que o título conte com poucos modelos, com uma variação mínima entre os inimigos humanos e um ou outro monstro que encaramos.
A parte sonora é muito boa, com sons pesados para os tiros que passam uma ideia de impacto, e músicas com batidas aceleradas para deixar toda a ação ainda mais acelerada. Contudo, por algum motivo, encontrei um bug no qual o som das vozes ficava muito baixo, sendo possível ouvir apenas tiros e a trilha sonora.
Vale a pena comprar Trepang2?
Prestem atenção, leitoras e leitores, pois é hora de voltar para a escolinha e fazer as contas para saber se Trepang2 é bom ou não, seguindo critérios abstratos baseados em minha percepção da realidade. Oras pois, que coisa! Como de praxe, vamos começar citando alguns pontos bons que falamos, balanceados com os ruins, e dar a nota final.
Do lado bom, Trepang2 oferece uma experiência refinada, divertida e visceral de FPS, com uma boa quantidade de armas e mecânicas para brincar, junto de um modo simulador bem divertido e missões de história que me agradaram. Somado a isso, temos visuais competentes acompanhados de um lado sonoro dos bons. Em se tratando de FPS, não tem reclamação. O negativo fica por uma trama rasa e levemente desconexa, que tinha potencial para ser mais do que foi, e um bug chato com o áudio.
Mas, ao fim e ao cabo, meu tempo com Trepang2 foi uma belezura. A jogabilidade me agradou demais, consegui fazer coisas que me fizeram sentir naqueles filmes de ação no estilo Hardcore Henry ou outros do tipo, lembrei de meu amado F.E.A.R e saí muito satisfeito, obrigado. Acredito que apreciadores do gênero não devam precisar pensar duas vezes antes de conferir, e ouso dizer que qualquer apreciador de jogos com ritmos frenéticos e muitos tiroteios irá gostar também.
Trepang2 chegou no dia 2 de outubro para PlayStation 5 e Xbox Series X|S, após ser lançado em junho para PC, via Steam.
*Review elaborada no PlayStation 5, com código fornecido pela Team17.
Pizza Fria
Reviews, notícias e tudo sobre o mundo dos gamesPor Matheus Jenevain, Pizza Fria
Atualizado em 22 Out 2023.