WrestleQuest é um RPG inspirado no universo do wrestling, com combate por turnos, desenvolvido pela Mega Cat Studios e distribuído pela Skybound Games. O jogo coloca o jogador no controle de dois aspirantes às glórias do wrestling, embarcando em uma aventura de grandes proporções em busca do cinturão e do carinho do público.
Vale a pena colocar nosso título em jogo por essa empreitada? Vamos descobrir agora, em mais uma análise espetacular do Pizza Fria.
Elite
Sinto que não estou completamente inserido na realidade, caros leitores. Pode ser por causa das horas intermináveis que passo jogando videogames, ou da grande quantidade de sorvete que consumi outro dia. Ou, talvez, por conta de um golpe forte que levei na cabeça de um lutador russo enlouquecido vestindo um fio dental vermelho. As dúvidas persistem.
Menciono isso por dois motivos. Primeiro, porque parece que estou jogando o terceiro título de wrestling do ano, após WWE 2K23 e AEW Fight Forever. Além disso, tive a nítida impressão de que WrestleQuest seria um RPG de turnos. Como diz a música do Queen, isso é a vida real? Ou apenas uma fantasia?
Sendo honesto, fiquei surpreso com a premissa do jogo. Já joguei muitos jogos desse gênero esportivo ao longo dos anos, desde os dias gloriosos do SNES até hoje, e não me recordo de terem adaptado a ação do ringue no estilo do clássico sistema de turnos. A chance de dar errado era grande, e admito que tinha muitas reservas sobre a qualidade do produto final. No entanto, como verão a seguir, eu me preocupei à toa. Como sempre.
A história de WrestleQuest nos coloca nas botas de plástico de Randy “Muchacho Man” Santos, um boneco que sonha em alcançar o mesmo nível de seu ídolo, Randy “Macho Man” Savage. O jogo se passa dentro de uma enorme caixa de brinquedos, repleta de federações de wrestling e uma infinidade de aspirantes a superstars e amantes do gênero. É neste mundo insano que nosso amigo Muchacho precisa lutar para conquistar seu cinturão. O segundo personagem que acompanhamos é Brink Logan, que também busca sair de seu status de jobber em busca de glórias e fama.
Ao longo do jogo, conhecemos uma variedade de personagens que podem se juntar ao nosso grupo, se tornando aliados na hora do combate e até managers. Todos, posso garantir, são muito charmosos e interessantes de se acompanhar. Tenho que elogiar a trama e ambientação do jogo, que conseguiu ser caricata e divertida sem exageros, nos conquistando sem fazer muito esforço. O momento em que me apaixonei foi ao ver um NPC velociraptor reclamando que não poderia roubar um carro por ter os braços muito curtos. Clássico.
Além disso, os fãs de Telecatch vão se deliciar com a grande quantidade de homenagens e referências ao gênero, com piadas e brincadeiras que vão fazer rir sem esforço. Fica evidente, para mim, que os desenvolvedores realmente amam e respeitam tudo que faz o esporte ser tão divertido. Somado aos personagens fáceis de amar e uma trama leve e despretensiosa, posso afirmar com tranquilidade que esta é uma história que vale a pena acompanhar do início ao fim.
Em termos de gameplay, WrestleQuest se comporta como um clássico RPG de turnos. Temos nossos personagens, cada um com suas habilidades, atributos e equipamentos diferentes. Controlamos um por turno, escolhendo a ação a tomar e pressionando os botões correspondentes para garantir que o inimigo seja atingido e que nós nos esquivemos de seus ataques.
Achei muito interessante a forma como o jogo incorpora elementos de wrestling que, em outros títulos, acontecem de forma mais dinâmica e com ação. Temos os chamados gimmicks, que são as habilidades. Eles variam desde golpes mais ortodoxos como suplexes e dropkicks até ataques mais exagerados. Além disso, alguns deles podem ser usados com a ajuda de qualquer combinação dos 3 personagens do nosso time. Isso representa os golpes das lutas em duplas que vemos na TV, e foi implementado de forma inteligente e elegante aqui.
Tudo que se espera de um bom wrestling é incorporado na jogabilidade, de uma forma ou de outra. Ao atacar um inimigo, temos que pressionar um botão para dar mais força ao ataque. Isso pode fazer com que o inimigo atingido bata nas cordas do ringue e volte para nós, permitindo um segundo ataque. Também temos o bom e velho pin, com um minigame para representar a contagem do árbitro. Isso é necessário para eliminar alguns inimigos humanoides.
Outra mecânica envolve o hype, uma barra que enche conforme realizamos determinadas ações e habilidades. Uma barra cheia oferece benefícios como mais dinheiro ao final da luta, mais dano, recuperação de pontos de magia, entre outros. Podemos usar uma provocação, clássica no arsenal de qualquer bom lutador, para fazer a barra subir rapidamente. Mas, isso nos deixa vulneráveis por alguns turnos. Alto risco, alta recompensa.
WrestleQuest também permite escolher qual “classe” nosso lutador representará. Cada uma tem suas vantagens e desvantagens, como benefícios específicos na execução de determinadas ações e penalidades em outras, e montar uma boa combinação de arquétipos é essencial para qualquer grupo que queira se tornar a maior força dominante na caixa de brinquedos.
Por fim, temos uma série de outras pequenas mecânicas que conseguem transferir toda a dinâmica e magia dos ringues para o sistema de RPG. O jogo até possui um sistema de karma, representando os alinhamentos de heel e face que governam a vida de todo bom lutador. Isso garante que as coisas sempre se mantenham dinâmicas, ajudando o ciclo de jogo a não se tornar monótono facilmente.
O único ponto negativo de WrestleQuest, em se tratando de jogabilidade, é relativo ao tempo de carregamento entre algumas delas dos mapas, quando entramos em alguns combates e na tela de loading inicial do jogo. Não é algo que invalida a experiência, de forma alguma. Mas, eu precisava reclamar de algo para manter um semblante de seriedade, não é mesmo?
Sons e Visuais
WrestleQuest possui visuais coloridos, inspirados e muito divertidos. A ideia do jogo envolver bonequinhos de brinquedo abriu portas para termos todo tipo de herói e vilão, referenciando todo tipo de coisa seja do universo da brincadeira ou da pancadaria. As habilidades são bem animadas e explosivas, os cenários são bonitos e ver tudo em movimento é uma graça.
A sonoplastia não fica atrás, com músicas muito bem feitas, divertidas e abrangendo uma boa quantidade de estilos. Temos até como escolher quais usar em nossas entradas aos ringues para combates oficiais! Realmente, esse departamento não deixou nada a desejar.
Vale a pena comprar WrestleQuest?
É tempo, leitores e leitoras. Estou vestindo minha roupinha listrada de juiz, e é hora de definirmos se WrestleQuest merece, ou não, levar o título de melhor jogo de wrasslin’ do ano. Como sempre, vamos começar recapitulando os pontos positivos e negativos da experiência. Logo de cara, podemos falar que o título conseguiu a proeza de transferir, sem perda alguma, um estilo que sempre favoreceu os títulos de ação e esportes para o universo das brigas de turnos.
Ainda que não fosse uma carta aberta de amor ao wrestling, WrestleQuest ainda seria um RPG excelente, com mecânicas divertidas e bem construídas, uma trama leve e despretensiosa, personagens carismáticos e visuais para ninguém colocar defeito. Vale notar, ainda, que as legendas em PT-BR estão demais. O título apresenta leve lentidão em alguns pontos mas, sério, quem liga?
Ao soar do último gongo, posso falar com tranquilidade que WrestleQuest é uma recomendação obrigatória para fãs do esporte e, diria, até para apreciadores do gênero de RPG como um todo. Seja pela jogabilidade, pelos visuais, pela temática ou pelo amor colocado em seu desenvolvimento, não faltam motivos para encarar essa aventura. Arrisco dizer, até, que será um dos meus RPGs do ano. Acho que nem preciso dizer o quanto recomendo, não é mesmo?
WrestleQuest seria lançado nesta terça, 8 de agosto, para Nintendo Switch, Xbox One, Xbox Series X|S, PlayStation 4, PlayStation 5 e PC, via Steam, mas acabou adiado de última hora para o dia 22 de agosto.
*Review elaborada em um PC equipado com uma GeForce GTX, com código fornecido pela Skybound Games.
Pizza Fria
Reviews, notícias e tudo sobre o mundo dos gamesPor Matheus Jenevain, Pizza Fria
Atualizado em 8 Ago 2023.