O Dia Nacional do Escritor é celebrado em 25 de julho. A escolha desta data se deve por conta da realização do I Festival do Escritor Brasileiro em 1960.
Em comemoração à data, o Guia da Semana reuniu uma lista de obras imperdíveis para todos os tipos de leitores e seus gostos. A lista abrange diversos gêneros seja ficção, fantasia ou poesia.
A seguir, 20 livros brasileiros incríveis para ler ainda este ano em celebração ao Dia do Escritor:
Confira

A Pediatra | Andréa Del Fuego
Com humor mordaz, o novo romance de Andréa del Fuego apresenta a história de uma personagem muito peculiar: Cecília, uma pediatra nada afeita a crianças. Cecília é o oposto do que se imagina de uma pediatra ― uma mulher sem espírito maternal, pouco apreço por crianças e zero paciência para os pais e mães que as acompanham. Porém, a medicina era um caminho natural para ela, que seguiu os passos do pai. Apesar de sua frieza com os pacientes, ela tem um consultório bem-sucedido, mas aos poucos se vê perdendo lugar para um pediatra humanista, que trabalha com doulas, parteiras e acompanha até partos domiciliares. Mesmo a obstetra cesarista com quem Cecília sempre colaborou agora parece preferi-lo.
Ela fará, então, um mergulho investigativo na vida das mulheres que seguem o caminho do parto natural e da medicina alternativa, práticas que despreza profundamente. Em paralelo, vive uma relação com um homem casado, de cujo filho ela acompanhou o nascimento como neonatologista. E é esse menino que irá despertar sentimentos nunca antes experimentados pela pediatra.
Foto: Reprodução/amazon.com.br

O Avesso da Pele | Jeferson Tenório
O Avesso da Pele é a história de Pedro, que, após a morte do pai, sai em busca de resgatar o passado da família e refazer os caminhos paternos. Com uma narrativa sensível e por vezes brutal, Jeferson Tenório traz à superfície um país marcado pelo racismo e por um sistema educacional falido, e um denso relato sobre as relações entre pais e filhos.
O que está em jogo é a vida de um homem abalado pelas inevitáveis fraturas existenciais da sua condição de negro em um país racista, um processo de dor, de acerto de contas, mas também de redenção, superação e liberdade. Com habilidade incomum para conceber e estruturar personagens e de lidar com as complexidades e pequenas tragédias das relações familiares, Jeferson Tenório se consolida como uma das vozes mais potentes e estilisticamente corajosas da literatura brasileira contemporânea.
Foto: Reprodução/amazon.com.br

A Palavra que Resta | Stênio Gardel
O livro do escritor cearense Stênio Gardel foi vencedor do National Book Award de melhor obra traduzida de literatura. O romance narra a história de Raimundo Gaudêncio de Freitas, um homem homossexual analfabeto que aos 71 anos de idade decide aprender a ler e escrever para ler uma carta que recebera de seu amor na juventude. Cícero desaparecera sem pistas após o seu romance ter sido descoberto e brutalmente interrompido pela família.
Foto: Reprodução/amazon.com.br

Bagagem | Adélia Prado
Bagagem traz textos carregados de emoções que, para Adélia, são inseparáveis da criação, embora frequentemente nasçam do sofrimento. Ancorado na experiência da autora, o livro traz um sem-número de referências, que vão de Guimarães Rosa à Bíblia, do teatro à filosofia. A religiosidade também permeia muitos dos poemas, refletindo a realidade da vida no interior do Brasil. Em diversas ocasiões, Adélia expõe o confronto entre o sagrado e o profano, observados nas pequenas coisas da natureza ou até na leitura de um texto religioso.
O estilo único dos poemas não reflete apenas a lenta maturação de uma obra idealizada ao longo de quatro décadas, mas também revela uma poeta com autocrítica, cultivada pacientemente, e disposta a correr riscos. Essa estreia tardia revela um equilíbrio raro: frescor e maturidade, ousadia e respeito, desinibição e humildade. Com esta obra, Adélia Prado conquistou os prêmios Camões e Machado de Assis em 2024.
Foto: Reprodução/amazon.com.br

Olhos D'Água | Conceição Evaristo
Neste livro, Conceição Evaristo aborda a pobreza e a violência urbana que acometem à população afro-brasileira. A obra reúne contos com uma tessitura poética à ficção, seus contos apresentam uma significativa galeria de mulheres: Ana Davenga, a mendiga Duzu-Querença, Natalina, Luamanda, Cida, a menina Zaíta. Ou serão todas a mesma mulher, captada e recriada no caleidoscópio da literatura em variados instantâneos da vida? Elas diferem em idade e em conjunturas de experiências, mas compartilham da mesma vida de ferro, equilibrando-se na “frágil vara” que, lemos no conto “O Cooper de Cida”, é a “corda bamba do tempo”.
Em Olhos d’água estão presentes mães, muitas mães. E também filhas, avós, amantes, homens e mulheres – todos evocados em seus vínculos e dilemas sociais, sexuais, existenciais, numa pluralidade e vulnerabilidade que constituem a humana condição. Sem quaisquer idealizações, são aqui recriadas com firmeza e talento as duras condições enfrentadas pela comunidade afro-brasileira.
Foto: Reprodução/amazon.com.br

Torto Arado | Itamar Vieira Junior
Um texto épico e lírico, realista e mágico que revela, para além de sua trama, um poderoso elemento de insubordinação social. Nas profundezas do sertão baiano, as irmãs Bibiana e Belonísia encontram uma velha e misteriosa faca na mala guardada sob a cama da avó. Ocorre então um acidente. E para sempre suas vidas estarão ligadas, em que uma precisa ser a voz da outra. Na trama, este romance conta uma história de vida e morte, de combate e redenção.
Foto: Reprodução/amazon.com.br

Olhai os Lírios do Campo | Erico Veríssimo
Olhai os lírios do campo representou uma guinada na carreira literária do escritor. Várias edições se esgotaram em poucos meses. Segundo Erico, o sucesso foi tão grande que "teve a força de arrastar consigo os romances" que publicara antes em modestas tiragens. Eugênio Pontes, moço de origem humilde, a custo se forma médico e, graças a um casamento por interesse, ingressa na elite da sociedade. Nesse percurso, porém, é obrigado a virar as costas para a família, deixar de lado antigos ideais humanitários e abandonar a mulher que realmente ama. Sensível, comovente, Olhai os lírios do campo é um convite à reflexão sobre os valores autênticos da vida.
Foto: Reprodução/amazon.com.br

Tudo é Rio | Carla Madeira
Em uma narrativa madura, precisa e, ao mesmo tempo, delicada e poética, o romance de estreia de Carla Madeira narra a história do casal Dalva e Venâncio, que tem a vida transformada após uma perda trágica, resultado do ciúme doentio do marido, e de Lucy, a prostituta mais depravada e cobiçada da cidade, que entra no caminho deles, formando um triângulo amoroso.
A metáfora do rio se revela por meio da narrativa que flui de forma ininterrupta, mas também por meio do suor, da saliva, do sangue, das lágrimas, do sêmen, e Carla faz isso sem ser apelativa, sem sentimentalismo barato, com a habilidade que só os melhores escritores possuem.
Foto: Reprodução/amazon.com.br

A Vida Não É Útil | Ailton Krenak
Em reflexões provocadas pela pandemia de covid-19, o pensador e líder indígena Ailton Krenak aponta as tendências destrutivas da chamada “civilização”: consumismo desenfreado, devastação ambiental e uma visão estreita e excludente do que é a humanidade.
Um dos mais influentes pensadores da atualidade, Ailton Krenak vem trazendo contribuições fundamentais para lidarmos com os principais desafios que se apresentam hoje no mundo: a terrível evolução de uma pandemia, a ascensão de governos de extrema-direita e os danos causados pelo aquecimento global.
Crítico mordaz à ideia de que a economia não pode parar, Krenak provoca: “Nós poderíamos colocar todos os dirigentes do Banco Central em um cofre gigante e deixá-los vivendo lá, com a economia deles. Ninguém come dinheiro”. Para o líder indígena, “civilizar-se” não é um destino. Sua crítica se dirige aos “consumidores do planeta”, além de questionar a própria ideia de sustentabilidade, vista por alguns como panaceia.
Se, em meio à terrível pandemia de covid-19, sentimos que perdemos o chão sob nossos pés, as palavras de Krenak despontam como os “paraquedas coloridos” descritos em seu livro Ideias para adiar o fim do mundo, que já vendeu mais de 50 mil cópias no Brasil e está sendo traduzido para o inglês, francês, espanhol, italiano e alemão.
Foto: Reprodução/amazon.com.br

Se deus me chamar não vou | Mariana Salomão Carrara
Quem vai contar essa história é uma criança de 11 anos. O olhar fresco e bem-humorado de quem ainda vê a vida como mistério está aqui, mas não subestime a solidão de Maria Carmem. A aprendiz de escritora, enfrentando as angústias da "pior idade do universo", irá te provar que é possível, sim, que uma menina seja mais solitária do que um velho. Ao menos uma menina que, como ela, cresce e cria suas perguntas entre os objetos de uma "loja de velhos". Ali elas já nascem antigas, frescas e pesadas, doce feito da mais dura poesia. Maria Carmem nasceu no fim. Sendo assim, do que interessa a idade? Como ela mesma diz, "é possível que um lápis pareça estar novo, mas todo quebrado por dentro".
É assim, toda quebrada por dentro, que ela desconstrói o mundo diante de si, o mundo adulto que cria regras e não as obedece, o mundo escolar, tudo: "na aula de matemática o problema dizia que um menino e uma menina precisavam calcular quantas laranjas levar ao parque se os convidados meninos comiam tantas e as meninas só mais tantas cada uma. Quando crescer, Maria Carmem vai ser escritora. Mas Maria Carmem já cresceu e já é. Esse livro é uma generosidade de sua poesia. Uma oportunidade de a gente crescer com ela.
Foto: Reprodução/amazon.com.br

Sagarana | João Guimarães Rosa
O livro que marcou a estreia de Guimarães Rosa na literatura brasileira. Sagarana traz cenários e personagens típicos do sertão de Minas Gerais. Morros, riachos, jagunços, vaqueiros, bois e cavalos povoam as estórias magistralmente construídas por Guimarães Rosa, cuja habilidade para criar enredos e protagonistas diversos e repletos de detalhes encanta leitores e influenciar outros autores.
A linguagem inventiva da obra é outro aspecto que distinguiria para sempre o autor no campo da literatura brasileira. Ao mesmo tempo em que incorpora fragmentos essenciais da oralidade sertaneja, pescando regionalismos e recuperando antigas expressões de linguagem do sertão, Rosa inova com a criação de neologismos cuidadosamente lapidados. Dentre os nove contos que fazem parte do livro, destacam-se os célebres "A hora e vez de Augusto Matraga", "Conversa de bois" e "O burrinho pedrês". Em que pese as narrativas terem como espaço o ambiente sertanejo, o leitor perceberá que os dilemas apresentados por suas personagens ultrapassam naturalmente a dimensão local, refletindo dramas e vivências que se mostram universais.
Foto: Reprodução/amazon.com.br

Um Defeito de Cor | Ana Maria Gonçalves
Um defeito de cor conta a saga de Kehinde, mulher negra que, aos oito anos, é sequestrada no Reino do Daomé, atual Benin, e trazida para ser escravizada na Ilha de Itaparica, na Bahia. No livro, Kehinde narra em detalhes a sua captura, a vida como escravizada, os seus amores, as desilusões, os sofrimentos, as viagens em busca de um de seus filhos e de sua religiosidade.
A protagonista também conta como conseguiu a sua carta de alforria e, na volta para a África, tornou-se uma empresária bem-sucedida, apesar de todos os percalços e aventuras pelos quais passou. A personagem foi inspirada em Luísa Mahin, que teria sido mãe do poeta Luís Gama e participado da célebre Revolta dos Malês, movimento liderado por escravizados muçulmanos a favor da Abolição. Pautado em intensa pesquisa documental, a obra é um retrato original e pungente da exploração e da luta de africanos na diáspora e de seus descendentes, durante oito décadas da formação da sociedade brasileira.
Foto: Reprodução/amazon.com.br

A Rosa do Povo | Carlos Drummond de Andrade
A poesia de Carlos Drummond de Andrade não precisa de manual crítico para ser apreciada. A obra se basta. Mas em se tratando desta obra, o contexto histórico em que o livro foi escrito e publicado ajuda a dar mais sentido aos 55 poemas que compõem essa obra-prima, publicada em 1945, quando o poeta completou 43 anos.
Escritos sob o impacto da Segunda Guerra Mundial e da ditadura do Estado Novo no Brasil, os versos trazem grande carga politizada. É assim com o clássico "A flor e a náusea", onde a beleza brota dos lugares mais hostis, em um tempo de desesperança, ou em "Nosso tempo", tão atual com suas poderosas imagens que chega a desconcertar o leitor. Sem esquecer da ode "Carta a Stalingrado", em que o poeta deixa claro seu humanismo diante da barbárie.
Drummond era um poeta completo. Para além do tom desesperançoso daquele momento, ele escreveu textos metalinguísticos, como em "Nova canção do exílio". Além de poemas de amor não correspondido, em "O mito", e reflexões existenciais, como em "Morte no avião". Há ainda a pérola "Caso do vestido", uma história épica, sobre traição e desonra.
Foto: Reprodução/amazon.com.br

Angústia | Graciliano Ramos
Lançado originalmente em 1936 e apresentado aqui em novo projeto gráfico, Angústia tem como protagonista Luís Silva, funcionário público de Maceió que leva uma vida medíocre e sem grandes emoções até o dia em que se apaixona por Marina. De início, a jovem demonstra certo interesse no relacionamento e no conforto material que o casamento poderia lhe proporcionar, mas logo acaba trocando o noivo por Julião Tavares, mais rico e poderoso. Tomado por ciúmes e rancor, Silva fica perturbado com os acontecimentos que se desenrolam e passa a acompanhar a vida de Marina enquanto sonha em matar Julião.
Escrito em primeira pessoa, o romance tem estrutura temporal não linear, seguindo o fluxo de consciência do narrador-personagem e aproximando o leitor dos sentimentos despertados pelos conflitos vividos por Luís Silva.
Foto: Reprodução/amazon.com.br

O Som do Rugido da Onça | Micheliny Verunschk
Em 1817, Spix e Martius desembarcaram no Brasil com a missão de registrar suas impressões sobre o país. Três anos e 10 mil quilômetros depois, os exploradores voltaram a Munique trazendo consigo não apenas um extenso relato da viagem, mas também um menino e uma menina indígenas, que morreriam pouco tempo depois de chegar em solo europeu.
Em seu quinto romance vencedor do Prêmio Jabuti, Micheliny Verunschk constrói uma poderosa narrativa que deixa de lado a historiografia hegemônica para dar protagonismo às crianças, batizadas aqui de Iñe-e e Juri, arrancadas de sua terra natal. Entrelaçando a trama do século XIX ao Brasil contemporâneo, somos apresentados também a Josefa, jovem que reconhece as lacunas de seu passado ao ver a imagem de Iñe-e em uma exposição. Em uma prosa embebida de lirismo, este é uma obra sem paralelos na literatura brasileira ao tratar de temas como memória, colonialismo e pertencimento.
Foto: Reprodução/amazon.com.br

A Hora da Estrela | Clarice Lispector
A Hora da Estrela, de Clarice Lispector, narra a história de Macabéa, uma jovem nordestina pobre e ingênua que vive no Rio de Janeiro, tentando sobreviver em meio à indiferença e à hostilidade da cidade. Vista pelos outros como insignificante, ela carrega uma existência marcada pela solidão, pela falta de afeto e pela ausência de sentido. O livro é narrado por Rodrigo S. M., um narrador-escritor que reflete sobre o ato de contar a história de alguém tão invisível para o mundo, misturando realidade, ficção e questionamentos existenciais. É uma obra que explora a precariedade da vida, a banalidade do cotidiano e a fragilidade humana com uma linguagem profundamente poética e filosófica.
Foto: Reprodução/amazon.com.br

Feliz Ano Velho | Marcelo Rubens Paiva
O romance autobiográfico sobre o acidente que colocou Marcelo Rubens Paiva em uma cadeira de rodas quando tinha vinte anos se tornou, rapidamente, sucesso de público e crítica. Longe de ser o simples testemunho de uma experiência dolorosa, Feliz ano velho é o retrato geracional de uma juventude que, no final dos anos 1970, experimentava a abertura do governo militar e o sonho da redemocratização. O estilo de Marcelo, calcado num humor despretensioso e, ao mesmo tempo, mordaz, afasta a narrativa de qualquer pendor para o melodrama ou a autopiedade; pelo contrário, esse é um texto de enorme força que, passados quarenta anos, continua atual, vibrante e uma leitura indispensável.
Foto: Reprodução/amazon.com.br

Quincas Borba | Machado de Assis
Publicado pela primeira vez em livro em 1891, depois portanto de Memórias póstumas de Brás Cubas (1881) e antes de Dom Casmurro (1899), Quincas Borba é uma das obras mais marcantes da fase realista de Machado de Assis. Talvez por se situar justamente entre esses dois monumentos da obra machadiana, o romance foi considerado uma realização menor, uma espécie de continuação de Brás Cubas. O que causou irritação em seu autor, que afirmou que a presença do personagem Quincas Borba era “o único vínculo” entre os dois livros.
Para além de seu marco inaugural no Realismo brasileiro, Machado aborda temas historicamente mais próximos de sua época e a explorar os conflitos psicológicos de seus personagens com sua sofisticada e irônica narrativa em terceira pessoa. Neste romance da maturidade do autor, a história do provinciano Rubião, herdeiro da fortuna do idiossincrático filósofo Quincas Borba, e dos tipos urbanos da corte que o levam à ruína é narrada com o distanciamento, o ceticismo e o senso de humor implacável de que só Machado de Assis era capaz.
Foto: Reprodução/amazon.com.br

Jantar Secreto | Raphael Montes
Um grupo de jovens deixa uma pequena cidade no Paraná para viver no Rio de Janeiro. Eles alugam um apartamento em Copacabana e fazem o possível para pagar a faculdade e manter vivos seus sonhos de sucesso na capital fluminense. Mas o dinheiro está curto e o aluguel está vencido. Para sair do buraco e manter o apartamento, os amigos adotam uma estratégia heterodoxa: arrecadar fundos por meio de jantares secretos, divulgados pela internet para uma clientela exclusiva da elite carioca.
A partir daí, eles se envolvem em uma espiral de crimes, descobrem uma rede de contrabando de corpos, matadouros clandestinos e grã-finos excêntricos, e levam ao limite uma índole perversa que jamais imaginaram existir em cada um deles.
Foto: Reprodução/amazon.com.br

Ensaio sobre a Cegueira | José Saramago
Uma terrível treva branca vai deixando cegos, um a um, os habitantes de uma cidade. Com essa fantasia aterradora, Saramago nos obriga fechar os olhos e ver. Recuperar a lucidez, resgatar o afeto: essas são as tarefas do escritor e de cada leitor, diante da pressão dos tempos e do que se perdeu.
Um motorista parado no sinal se descobre subitamente cego. É o primeiro caso de uma treva branca que logo se espalha incontrolavelmente. Resguardados em quarentena, os cegos se perceberão reduzidos à essência humana, numa verdadeira viagem às trevas.
Esta obra é a fantasia de um autor que nos faz lembrar a responsabilidade de ter olhos quando os outros os perderam. José Saramago nos dá, aqui, uma imagem aterradora e comovente de tempos sombrios, à beira de um novo milênio, impondo-se à companhia dos maiores visionários modernos, como Franz Kafka e Elias Canetti. Cada leitor viverá uma experiência única. Num ponto onde se cruzam literatura e sabedoria, José Saramago nos obriga a parar, fechar os olhos e ver. Recuperar a lucidez, resgatar o afeto: essas são as tarefas do escritor e de cada leitor, diante da pressão dos tempos e do que se perdeu: uma coisa que não tem nome, essa coisa é o que somos.
Foto: Reprodução/amazon.com.br

E aí, qual destes livros você pretende ler?
Por Regina Lemmi
Atualizado em 22 Jul 2025.