Guia da Semana

Foto: morguefile

Não é de hoje que a maioria dos jovens tem verdadeira aversão à leitura. Em tempos de interatividade na internet isto fica ainda mais nítido. As conversas instantâneas na rede não prezam pela gramática nem ortografia, e sim pela agilidade. As abreviações grosseiras já deram origem até a um idioma específico, o internetês. Entretanto, a necessidade de se comunicar, tanto pela escrita, quanto oralmente, continua a mesma e a principal forma de adquirir vocabulário é pela leitura.

O questionário sócio-econômico respondido pelos alunos que participaram do Enade (Exame Nacional de Desempenho) em 2006, revela que 34% dos universitários brasileiros lêem, no máximo, dois livros por ano, exceto os escolares. Jornais e revistas também não fazem parte do dia-a-dia destes estudantes: 41,3% dos pesquisados se informa pela televisão, seguida pela internet com 33,2% da preferência nos últimos três anos.

Foto: morguefile
A professora Liamara Montagner, coordenadora da Educação Infantil do Colégio Santo Américo, diz que o gosto pela leitura deve ser desenvolvido ainda na infância, numa parceria entre família e escola: "A leitura não deve ser trabalhada apenas de forma pedagógica em sala de aula. Os pais devem estimular como entretenimento, levando os filhos em livrarias aos fins de semana, trocando livros, sempre de acordo com a faixa etária."

Como nem todas as famílias têm consciência do seu papel e muitos educadores passam isso aos alunos apenas como uma obrigação e não algo prazeroso, os jovens chegam à adolescência odiando os livros, situação que só tende a piorar com a proximidade do vestibular e os "terríveis" clássicos da língua. O professor João Luiz Muzinatti, diretor do Ensino Médio do Colégio Santa Maria, diz que a leitura deve ter um sentido: "O jovem tem que sentir prazer intelectual. O professor tem que fazer propagando do livro, dizer porque é legal, explicar o contexto histórico do autor, a crítica que ele faz ao período social, as artimanhas que ele usa na escrita."

Foto: morguefile
João Luiz lembra que, apesar de obrigatórios, muita gente não lê os livros que caem no vestibular e prefere se apoiar apenas em resumos ou filmes: "Qual a importância de saber a história de Dom Casmurro (Machado de Assis)? Nenhuma, até porque ninguém sabe no final se Capitu traiu ou não Bentinho. O importante é a dúvida, a ironia presente no texto, a expressividade do autor. Quem forma o idioma não são os dicionários, e sim os grandes autores."

Para entrar em contato com diferentes tipos de linguagem, nada melhor do que ler diversos tipos de texto. Uma publicação científica, por exemplo, passa longe do formato da ficção e ambas diferem muito de um texto jornalístico. "É na fase da alfabetização que a criança deve se aproximar dos diferentes tipos de texto, para criar estratégias de leitura. Há uma diferença entre ler para aprender a ler e ler para buscar a informação. A criança tem que saber que a literatura mostra a fantasia, como nos contos de fada, mas também retrata a realidade, como os jornais e revistas", explica Liamara.

Hoje em dia, quem não gosta de ler encontra facilmente as histórias que quer conhecer no cinema ou nas locadoras. Entretanto, as adaptações não são vistas com bons olhos por João Luiz: "Não há um processo de criação e imaginação na história, o espectador pega pronta a visão do diretor". Ele é entusiasta de qualquer tipo de leitura, desde um gibi, um conto, um romance, até o caderno de esportes do jornal: "A leitura deve ser o ponto de partida para a problematização, a discussão e o debate. Só assim se formam pessoas críticas e com vocabulário para se expressar", finaliza.

Serviço:

Colégio Santa Maria
Av. Sargento Geraldo Santana, 901 - Jadrim Marajoara
Telefone: (11) 5687-4122

Colégio Santo Américo
Av. Santo Américo, 275 - Morumbi
Telefone: (11) 2244-1888

Atualizado em 6 Set 2011.