Guia da Semana



Futebol, dança, natação... Em meio a tantas atividades infantis, uma das que chamam mais a atenção dos pais é o aprendizado de uma segunda língua. Pode parecer precoce pensar em aulas de alemão para crianças pequenas, mas diversas pesquisas já mostram que quanto mais cedo um novo idioma for introduzido, mais fácil ele será assimilado. Isso acontece porque o cérebro trabalha sintetizando estruturas fonéticas e semânticas, dando de presente aos mais novos o poder de aprender uma segunda (ou terceira) língua de forma mais simples. Mas deixando a teoria de lado, qual é a melhor hora para matricular os filhos na escolinha de inglês?

De olho no relógio

Antes mesmo de aprender a ler, é possível começar dar os primeiros passos em outro idioma. É o que acontece em casos como os de pais de nacionalidades diferentes, por exemplo, que expõem seus filhos a línguas estrangeiras antes da alfabetização (entre 1 a 4 anos), através da forma oral de ensino. "A partir dos quatro anos de idade é o melhor período para aprender um idioma. Brincadeiras lúdicas ajudam a desenvolver o vocabulário e não sobrecarregar a criança", explica o psicólogo Sebastião Alves de Souza.

Mas o especialista ressalta que as primeiras palavras só devem aparecer após os cinco anos. A explicação está na biologia de como funciona a cabecinha deles. Até os quatro anos de idade, o cérebro é como uma biblioteca, armazena as informações, mas ainda não consegue colocar em ordem as ideias. Isso se deve porque o hipocampo cerebral (área responsável pela memória de longa duração) não está completamente desenvolvido.

Apenas depois dessa fase que toda essa informação começa a se colocar em ordem e o cérebro amadurece bastante. É aí que geralmente as crianças aprendem o alfabeto e até a cantar em inglês, espanhol, alemão, ou qualquer outro. Mas é comum misturá-los com a língua nativa.

No intervalo até os oito anos, as informações começam a se separar e ficar cada vez mais claras para os pequenos. Passado esse momento, o cérebro começa a se comprometer mais com a língua nativa, dificultando o aprendizado de um novo idioma. Lembrando que apesar de mais difícil, assimilar outra língua depois dessa idade, está longe de ser impossível.

Brincando e aprendendo



Para o aprendizado tornar-se diversão, os pais devem estimular os filhos de todas as formas possíveis. "Os adultos têm que se colocar a disposição, falar o quanto é importante aprender, mas sem pressão", adverte o psicólogo. Para isso, transformar a hora do estudo em lazer já um bom começo. "Filmes, músicas, games e livros de história fazem com que a criança crie uma intimidade com a língua", garante Sebastião. Também vale associar palavras estrangeiras a atividades rotineiras, como cozinhar (cook) e tomar um banho (take a bath).

Qualquer adulto, mesmo os que não sentem vontade de aprender um segundo idioma, jamais devem demonstrar essa característica. "Eles são o espelho. Se o pai acha uma coisa ruim, chata e entediante, provavelmente vai influenciar na forma como a criança pensa e acabar afetando o aprendizado".

Mas para os mais empolgados, o psicólogo alerta que, mesmo com toda a facilidade até os oito anos de idade, três idiomas diferentes já estão de bom tamanho. "Os pais às vezes esquecem que as crianças estão no auge de do aprendizado, são como esponjas, absorvendo tudo. Tem que deixar espaço para o descanso e a brincadeira também", conclui Sebastião.

Por essa razão, é sempre bom ter em mente a moral da história: mesmo que seu o seu filho seja um poliglota em potencial, é bom lembrar que independente de qualquer estudo ou teoria, cada um tem o seu tempo de aprendizado. Afinal de contas, a cabecinha de uma criança, por mais inteligente que ela seja, continua sendo uma mente em formação, que requer todo o cuidado necessário para se desenvolver com saúde e tranquilidade.

Atualizado em 6 Set 2011.