Guia da Semana

Foto: Getty Images


Não sou um grande fã de restaurantes em shopping, muito menos das tais praças de alimentação. Mas os compromissos do dia a dia, muitas vezes, nos obrigam a encarar esses lugares.

Como a maioria dos trabalhadores das grandes cidades, ou você leva sua quentinha para o trabalho, ou tem de se virar com o que a região oferece. Os shoppings facilitam essa escolha, pois são democráticos. Você pode optar por um lanche rápido, um trivial meio sem gosto e até mesmo um restaurante com alguma grife. Tudo depende de quanto você se dispõe a pagar.

O primeiro problema são as praças de alimentação. Poucas são agradáveis. Nesse quesito, uma das mais interessantes, em minha opinião, é a do Market Place, localizado em São Paulo. Mas, por mais agradável que seja, nenhuma praça comporta o monstruoso volume de trabalhadores famintos e apressados.

Algumas praças são um verdadeiro exercício de paciência e determinação. Dois ótimos exemplos são as dos Shopping Villa Lobos e Eldorado, também em São Paulo. Ambas exigem estratégia, rapidez e velocidade de raciocínio. Parecem mais uma praça de guerra que de alimentação. Tudo para conseguir uma mesa. E o estresse só aumenta se você já estiver com seu prato na mão.

A saída, nesses casos, é apelar aos restaurantes também presentes nos shoppings. Em sua maioria, eles oferecem o mesmo cardápio das lojas de rua. Mas a escolha deve ser feita com cautela, ou você corre o risco de se arrepender por não ter comido o hot dog da esquina do escritório.

Recentemente, tive uma experiência um tanto decepcionante ao fazer uma dessas escolhas. Estava com alguns amigos no Shopping Villa Lobos e, ao encontrar aquela praça de alimentação lotada, resolvemos ir a um dos restaurantes, o Joe & Leo´s.

O visual é simpático, estilo "american sports oldies", como eles mesmos definem. E a especialidade da casa são os hambúrgueres. Anteriormente, eu já havia experimentado algumas sugestões da casa e, sinceramente, nenhuma delas foi digna de maiores elogios.

Isso é algo que me impressionou, já que a matriz, localizada no Rio de Janeiro, prepara alguns pratos exemplares. Os da filial paulista, porém, são no máximo corretos e bem aquém do que você espera de um burguer "de grife".

Nesse almoço, resolvemos optar por grelhados com seus respectivos acompanhamentos e a sugestão de pasta do dia. Dizem que toda unanimidade é burra, mas, neste caso, acho que o ditado não tem efeito. Há tempos eu não experimentava uma comida tão sem graça e sem gosto. E olha que a experiência é longa.

Fiquei em dúvida entre chamar o garçom ou descer até um supermercado que tinha no andar de baixo e comprar um kit básico de temperos para ver se algum dos pratos podia ser consertado. Um isopor grelhado talvez tivesse mais sabor que o filé de frango que estava no meu prato. Uma total decepção.

A única desculpa para tamanho deslize é que, nas visitas que fiz à casa, o cozinheiro tinha saído de férias e deixado os pratos prontos, sem qualquer tempero, para que alguém os esquentasse no micro-ondas. Essa hipótese não parece provável. E, ao olhar aquela praça de alimentação abarrotada, confesso que senti certa inveja. Com tamanho dissabor, a pior das escolhas ali teria sido um verdadeiro manjar dos deuses.

Leias as colunas anteriores de Marco Esteves:

Nem só de italianos

Ares madrilenhos em São Paulo

Nem só de salar e vulcões

Quem é o colunista: Marco Esteves, sempre o personagem de alguma crônica gourmet.

O que faz: É jornalista e redator publicitário.

Pecado gastronômico: quem nunca cometeu nenhum, que atire a primeira jaca.

Melhor lugar do Brasil: Depois que visitar todos, eu decido.

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Foto colunista: Alexandre Cappi / BrStock

Atualizado em 7 Ago 2012.