Foto: Gabriel Oliveira
Garçons-cantores do Brooklyn, da esquerda para a direita: Alessandra Grani, Leandro Pacheco, Vall Tosta, Alexandre Lima, Carla Masumoto e Fabrício Bini

Você já reclamou do atendimento de um garçom? Pois saiba que em algumas ocasiões, ninguém vai reparar caso ele esqueça o pedido, quebre a taça ao seu lado ou até mesmo suje a sua roupa nova. Saber servir, em algumas ocasiões, não é o principal requisito para esses profissionais.

Além da simpatia e do sorriso no rosto, espera-se que o garçom moderno seja bonito, fale outra língua, dance e cante. Ser atencioso, pró-ativo e detalhista, são outros requisitos que ajudam bastante, mesmo para quem não é artista. Veja os exemplos daqueles que não se limitam apenas a servir o cliente.

Cantam e encantam

O garçom ouve o seu pedido e em vez de trazer o seu prato imediatamente, sobe ao palco e faz uma performance de New York, New York ou qualquer outro musical da Broadway. Esse é o charme do Brooklyn Restaurante, em São Paulo. Longe da realidade dos outros profissionais, que dividem o dia com outros trabalhos do gênero, os garçons-cantores já trabalharam como atores ou músicos. Mas servir e atuar não é tarefa fácil.

"No meu caso, ser garçom é mais difícil do que ser artista. São atenções diferentes. A atenção do ator é muito abstrata, você fica naquele universo da canção e querendo transportar as pessoas para aquele ambiente. Já o ambiente do garçom é prático, você tem de saber olhar, reconhecer o que está acontecendo nas mesas, quem está precisando do que e atender a pessoa antes que ela precise", afirma Leandro Pacheco, 30 anos, que está no Brooklyn desde a abertura da casa.

O restaurante só abre para o jantar. A partir das 21h, os garçons sobem no mezanino a cada vinte minutos, em apresentações breves, de dez minutos. A equipe de cantores geralmente é formada por seis pessoas, auxiliadas pelos garçons profissionais da casa. Como muitos atores participam de peças em determinados dias da semana, o elenco é sempre variado. Mas alguns deles não se dedicam apenas aos musicais. É o caso do jornalista-cantor-garçom Fabrício Brini, 36, que trabalha na casa há três anos. "Sempre fui ator de teatro e a parte musical entrou há quatro anos. Estou em cartaz com uma peça. Mas a minha segunda formação é como jornalista. Também trabalho com isso durante a semana".

Gafes dos garçons-cantores
Todos garantem que já deixaram (ou chegaram perto de deixar) alguma bandeja cair. Mas tudo é perdoado pelos clientes quando começa a cantoria. Confira abaixo as principais as gafes contadas pelos garçons do Brooklyn.

? Leandro Pacheco - "É muito comum os atores não saberem nada de bebida. Um dia uma colega nossa foi para o barman, desesperada porque não achava no computador o Cavalo Branco que o cliente havia pedido. Tratava-se do uísque White Horse".

? Felipe Azevedo - "O cliente perguntou para um colega nosso se a gente servia Frangelico. Ele respondeu que não era católico. Todo mundo caiu na risada. Como somos atores, os clientes acabam levando na brincadeira também"

? Alexandre Lima - "O maior constrangimento é derrubar alguma coisa. Uma vez estava com uma bandeja leve e mesmo assim, perdi o equilíbrio. As taças caíram, quebraram, fez um barulhão. Eu queria sumir de tanta vergonha".



Beleza e bagagem cultural

Foto: Divulgação
Garçons da agência Os Bacanas. Beleza é fundamental

Muitas agências de garçons passaram a procurar profissionais diferentes, que encaram a profissão como segundo emprego. A agência Os Bacanas, por exemplo, prioriza a contratação pessoas jovens, bonitas e que saibam falar outra língua.

"Vi essa necessidade principalmente nos eventos corporativos. Atendemos várias lojas e casamentos de nível elevado. O garçom é o cartão de visitas do cliente na sua festa, então seria divergente demais colocar um atendimento de pessoas simples. Eu procuro pessoas universitárias ou com uma boa formação cultural, interessadas em trabalhar nesse serviço como um complemento de renda", afirma Cléber Mendonça, proprietário da Os Bacanas, que durante vários anos trabalhou como maître e gerente de casas noturnas.

Nesses casos, não é necessário experiência ou formação de garçom para se trabalhar. Por isso as empresam costumam realizar um treinamento semanal, para que os contratados saibam como se portar durante um evento. A vantagem da formação acadêmica, segundo Mendonça, é na hora do atendimento. "Como são inteligentes, esses profissionais podem responder dúvidas dos clientes não só sobre o cardápio, mas também sobre a empresa que está dando o evento".

Márcio Rezende, 28, já foi um desses garçons de luxo. Depois de dois anos na função, fez um curso de coquetelaria e passou a atuar como bartender. Segundo ele, para atuar na área, prestar atenção aos detalhes é fundamental. "O atendimento tem de ser cordial, educado, rápido e ter equilíbrio com a bandeja. Também é importante ter jogo de cintura para lidar com os mal educados, que pensam que você também está lá para se divertir e acabam não tratando bem."

Márcio confessa que já levou várias cantadas de clientes (algumas terminaram em casos amorosos, segundo ele). Entre as situações cômicas, ele se recorda de um evento recente, quando os garçons foram convidados para realizar um desfile de sunga. "Não desfilei porque não me preparei para aquele trabalho. Não estava ganhando para aquilo. Mas muitos dos outros garçons que estavam lá fizeram a brincadeira", diverte-se Márcio, que já pensa em alçar vôos maiores no futro. "Quero abrir o meu bar. Entrei para fazer um bico e já estou nessa área há sete anos. Me acostumei com esse horário noturno".

Serviço:

Brooklyn Restaurante
Telefones: (11) 5533-4999 / 5093-8802

Os Bacanas
Telefone: (11) 3602-4002
www.osbacanas.com.br

Atualizado em 7 Ago 2012.