Guia da Semana

Foto: Divulgação

Filé Oswaldo Aranha, um clássico carioca que começa a ser conhecido (e amado) em outras terras

Nas oito unidades do Botequim Informal espalhadas pelo Rio, uma das pedidas é o sanduíche de mortadela, uma iguaria de forte sotaque da Mooca. Quem estiver em São Paulo pode ir ao Pirajá só para apreciar um belo Filé a Oswaldo Aranha sem precisar pegar a ponte aérea e desembarcar na Lapa para isso. E no Boteco, barzinho badalado na Asa Sul de Brasília, pode-se pedir os dois ao mesmo tempo, sem problemas. Os puristas até reclamam um pouco de uma ou outra mudança de tempero, mas não podem negar: a disseminação dos bares tipo "pé-limpo" tem, ao menos, uma coisa boa: vem tornando conhecidos Brasil afora alguns clássicos da baixa gastronomia carioca e paulistana.

Estamos falando desse tipo de bar (também chamado de boteco chique e/ou bar gourmet) que junta cenografia antiquada no salão com atendimento afinado, onde o cliente é quase paparicado. Presente em todas as capitais nacionais e regionais (clique aqui e veja o roteiro), os pé-limpos dividem corações dos botequeiros como num Fla-Flu ou no clássico Majestoso (partida entre os times Corinthians e São Paulo). Enquanto uns acham que é tudo igual, outros já os elegeram como destino (inicial ou final, tanto faz) de suas bebedeiras.

A verdade é que não há bar sem cozinha, esteja ele dentro de shoppings ou espremido entre duas meias-água. Nos bares, a velha cristaleira abriga ovos coloridos, torresmos ressecados e alguns salgados. No meio desses sabores repisados, ganha quem conseguir emplacar invenções especiais junto ao paladar do cliente, fazendo de pratos sua marca registrada. O filé Oswaldo Aranha, prato com certidão de nascimento registrada no restaurante carioca Cosmopolita, é o melhor exemplo, tornando-se, em menos de um século, um prato típico da cozinha carioca.

A difusão dos botecos gourmets leva os sabores do prato (um filé mignon alto servido com batatas à portuguesa e farofa) a mesas de Brasília, Curitiba e Recife. Mesmo que seja exagero chamar esse processo de popularização, devido ao preço praticado pelos estabelecimentos, os aromas e nuances dessa gastronomia, que se reivindica baixa, mas que trabalha com receitas consagradas na história e até técnicas elaboradas, vão ganhando cores renovadas, acrescentando pequi à farofa, coentro à feijoada e até brie com damasco no pastel de feira, um banquete cheio de brasilidade e sabor.


Leia
as colunas anteriores de Bruno Cesar Dias:

França com madeira de lei

Sabores cariocas

Império dos sentidos

Quem é o colunista: Bruno Cesar Dias, um carioca andarilho pela terra paulistana.

O que faz: Repórter de cultura do Guia da Semana.

Pecado gastronômico: Pão! Seja na bruschetta, na rabanada ou no sanduíche de queijo com goiabada.

Melhor lugar do Brasil: Essa opinião depende do dia... mas com certeza, está na Via Dutra.

Fale com ele: [email protected] ou @brunocsdias

Atualizado em 7 Ago 2012.