Guia da Semana


Vamos ao "japa"? Definitivamente, quando não se gosta de comida japonesa não é nada agradável e nem fácil ouvir essa pergunta. Seria muito simples responder "não, obrigada. Eu não gosto", mas a gastronomia nipônica tornou-se tão adorada pelos brasileiros e tão pop, que eu e um pequeno número de pessoas nos tornamos alvos de olhares espantados e de um tiroteio de indagações como: "Como não? Está maluca? Impossível!", entre outras.

Na verdade, nunca liguei para isso e sempre fiquei muito feliz quando, na rodinha de amigos ou em qualquer outro lugar, encontrava uma pessoa que também não gostava, porque eu estava começando a me achar anormal. Até que em mais um daqueles dias em que começavam aqueles olhares, uma amiga me deixou intrigada afirmando: "Você só não gosta, porque nunca foi em um restaurante japonês de verdade!"

Nesse momento, percebi que ela jogou sujo, pois sabia que me sentiria desafiada. Sendo assim, virou uma questão de honra provar que ser gastronomicamente pop não era tão pop e marcamos uma terça e uma sexta na mesma semana para ir aos tais "japas".

Iniciamos a maratona no Nakombi da Vila Olímpia, em São Paulo. Perto das baladas, bonito, espaçoso e muito bem ambientado. Quando chegamos ainda estava meio vazio. Com um palm top na mão , o garçom chegou com o cardápio. Deixei por conta da srta. Espertalhona, que me desafiou. Logo, me assustei com a quantidade de coisas que ela pedia para que o rapaz anotasse. Minutos depois a entrada chegou. Eu pedi Guioza de lombo, e ela Shimeji com manteiga. Sinceramente, os meus "pastéis" estavam ótimos e apetitosos. Os dela? Nossa! Que aspecto estranho. Prefiro até não comentar as analogias que fiz, porém o gosto é inigualável. Muito bom!

Comecei a me preocupar. Será que eu já estava me apaixonando pelo japa? Ainda era só o começo e chegou o Temaki de salmão com cream cheese. Outra maravilha, que comi em segundos. Estava tudo muito bom, até o barquinho lançar âncora, e sua tripulação, dividida entre os simpatizantes, os sushis, e os inimigos, os sashimis, se apresentarem. Conhecíamos-nos praticamente só de vista. Minha amiga foi a anfitriã e nos apresentou, o que foi motivo para muitos risos, pois realmente sashimi não é para mim. A textura não me agrada e muito menos uma pessoa desesperada falando: "Mastiga! Mastiga! Mastiga! Vai, engole!". Pelo desespero dela, a minha expressão não estava das melhores.

Mas, os sushis fizeram a sua parte e foi com eles que preferi ficar. Logo depois, tomei Missoshiro e comi Tempurá de camarão. A noite na Rua Pequetita estava completa e eu, que até então não gostava da comida nipônica, estava extremamente satisfeita.

Enfim, sexta-feira! Além de estar feliz pela semana ter acabado, ia tirar a prova: não gosto ou não conheço? A questão foi lançada, e a minha opinião estava parcialmente formada, mas além de conhecer um bom restaurante à la carte, segundo a minha amiga "desafiadora", eu precisava conhecer um rodízio japa.

A alguns quarteirões do local de terça está o Kiichi, um restaurante onde o forte é o rodízio. É feito o pedido e os garçons (que são muito atenciosos e simpáticos) vão trazendo. O cardápio foi quase o mesmo, um pouco menos, e o Temaki era de shimeji com salmão, muito bom também. Vale ressaltar que, de tudo que comi, o Temaki foi o que mais me conquistou e fez elevar o meu conceito sobre ser gastronomicamente pop.

Porém, a embarcação dessa vez era diferente. A tripulação inimiga tornou-se simpatizante, pois os sashimis eram massaricados e salpicados com salsinha, o que deixou a textura diferente e um gosto bem além do tradicional. Os sushis tornaram-se amigos íntimos, afinal tinha até de pepino com cream cheese e salmão, que, cá entre nós, é uma ótima combinação. Por fim, saímos do restaurante, mais uma vez, satisfeitíssimas.

Agora, eis a questão: eu precisava mesmo de um bom restaurante e uma acompanhante especialista no assunto? Sinceramente, sim. Foi a melhor coisa que eu podia ter feito, porque procurei conhecer mais a diversidade dos pratos e quebrei os meus pré-conceitos.

A experiência foi divertida e muito saborosa. A moral da história é que não me tornei tão pop, mas agora sou uma grande simpatizante do japa!

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Nakombi
Rua Pequetita, 170
Tel.: (011) 3845-9911
De R$ 35,00 a R$ 60,00
Estacionamento: Sim


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Kiichi
Rua Ministro Jesuíno Cardoso, 201
Tel.: (011) 3842-0440
De R$35,00 até R$60,00
Estacionamento: Sim


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Quem é a colunista: Talita Matos


O que faz: Jornalista da Rádio Transamérica

Pecado gastronômico: Qualquer prato com cheddar


Melhor lugar do Brasil: Guarda do Embaú - SC


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Atualizado em 7 Ago 2012.