Guia da Semana

A massa artesanal, o molho com ingredientes frescos, a tradicional carne de cabrito e aquele gostinho de tempero caseiro são alguns itens sempre presentes no cardápio dos restaurantes da Mooca.

Além de garantir o sucesso das casas, esses cuidados fidelizam os clientes: a lealdade e o apreço pela comida italiana clássica fazem com que algumas pessoas desloquem-se quilômetros e quilômetros, vindas de outros bairros ou até mesmo de outras cidades, para degustarem os pratos típicos.

Se tivesse que definir em poucas palavras o consumidor dos restaurantes da Mooca, Arthur Carlini, sócio-gerente do Grupo Carlini de Alimentação, diria que são pessoas inteligentes. "Elas gostam de uma boa culinária, sem frescura, em um ambiente descontraído, porém, com serviço atencioso", sintetiza. O Grupo surgiu em 1985, com a abertura do seu primeiro restaurante, instalado em um típico casarão dos anos 50, na Rua Dona Ana Néri, próximo à Avenida do Estado, na Mooca

Já o sócio da Cantina San Marco, Luigi Casella, foi mais direto na resposta sobre o perfil dos clientes. "A maioria realmente é a 'italianada': povo muito alegre e exigente", comenta. O restaurante foi criado pelo pai de Luigi, em 1975, e está no mesmo prédio desde sua fundação, na Rua Orville Derby, próximo ao Largo São Rafael.

Perfil dos consumidores

As opções de pizzarias, cantinas e restaurantes italianos são inúmeras na Mooca e nos arredores do bairro, assim como a quantidade de fábricas e comércios. Por isso, durante a semana, a clientela para o almoço é majoritariamente formada por executivos, comerciantes ou pessoas que trabalham na região, segundo Luigi.

Foto: Divulgação/Carlini

O espaço interno do restaurante Carlini é refinado e aconchegante

O comerciante Osmarino Lopes trabalha bem próximo da Mooca e costuma almoçar diariamente nos restaurantes da localidade. "Dentre vários estabelecimentos que frenquento, destaco o Carlini e o San Marco e o tradicional Bar do Giba, que fica próximo da Mooca, e reúne inúmeros torcedores do Clube Atlético Juventus", comenta.

Já nos finais de semana, os estabelecimentos costumam ficar lotados de pessoas vindas de outras partes da cidade ou de antigos moradores da Mooca, que voltam para matar a saudade e apreciar os pratos tradicionais. Nos sábados e domingos, são as famílias, principalmente as com crianças, que costumam sair para almoçar ou jantar.

No entanto, no jantar de segunda a sexta é a vez dos casais jovens e grupos de amigos roubarem a cena na Mooca. Arthur Carlini afirma que não é muito comum encontrar turistas pelas ruas do bairro, apenas os que estão hospedados na Zona Leste.

Atrativos dos estabelecimentos

E o que torna os restaurantes mooquenses tão populares? "Em primeiro lugar, acho que a qualidade da comida. Depois, o preço justo", pontua o sócio do restaurante Carlini. O estabelecimento está aberto há 25 anos e é um dos restaurantes mais movimentados - e sofisticados - da Mooca. Por isso, com propriedade, Arthur afirma que a tradição também pesa na escolha do consumidor.

Luigi Casella é outro que reitera o peso da tradição reforça no sucesso da gastronomia local. "Meu pai era italiano e trouxe os truques da cozinha calabresa para o Brasil, que utilizamos no restaurante", fala.

Foto: Divulgação/Carlini

O Sorrentini Bianco é feito com massa artesanal recheada com mussarela de búfala e molho de tomate fresco com manjericão

Outro chamariz que pesa a favor da Mooca em relação a outros centros gastronômicos paulistanos, como Jardins, Itaim e Vila Nova Conceição, é a possibilidade de comer pratos italianos em um bairro de colonização italiana. Ou seja, as construções, os costumes, a fisionomia e até o sotaque dos mooquenses remetem ao país europeu.

"Acho que é um complemento sensorial. Da mesma forma que é diferente ir ao bairro da Liberdade para comer comida japonesa, consumir pratos italianos em bairros típicos, como Mooca ou Bexiga, sempre dão uma sensação complementar ao cliente", exemplifica Arthur Carlini.

Os chamarizes

É impossível não se sentir privilegiado ao degustar uma clássica massa da mamma, como são chamadas as matriarcas das famílias da Itália. Nas cantinas da Mooca, o uso da massa artesanal e do molho caseiro é regra. Isso faz com que o consumidor sinta o gostinho da comida de casa.

"No nosso caso, as massas artesanais são um capítulo à parte. Como fabricamos nossas próprias massas, elas passam a ser um atrativo do restaurante. É notório que os clientes se sentem bem degustando uma massa caseira fora de casa", discorre Carlini. O empresário ainda destaca que as receitas tradicionais de seus antepassados são sucesso na casa, como o Gnocchi da Bisa e o Sorrentini Bianco.

Já na cantina San Marco, os pratos que os fregueses mais pedem são o Fillet à Parmegiana, a Perna de Cabrito e o Fusilli a Calabresa, que é uma receita ancestral. "Como tudo é feito na casa, a qualidade da massa, do molho e dos pratos conquistam os clientes", completa Luigi.

Foto de abertura: Divulgação/Cantina San Marco

Atualizado em 7 Ago 2012.