Guia da Semana

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Essas são as perguntas que rondam a cabeça de quem ouve falar em espetáculos gastronômicos. Gênero muito utilizado por profissionais das panelas em diversos países (como o chef/celebridade Jamie Oliver) a moda vem ganhando adeptos por aqui também. Com o intuito de ministrar uma aula ou reproduzir uma peça, o estilo lota espaços reservados a grandes produções, eventos culinários e áreas comuns de restaurantes.

Ainda novidade, a fórmula Teatro Gourmet é usada por atores brasileiros como Rodolfo Bottino e chefs, não necessariamente nacionais, mas com o espírito brazuca, no caso de Olivier Anquier. Confira como a mistura de ambas as artes pode resultar em um momento prazeroso e, porque não, saboroso.

Panela atrás da coxia

Temperos, pratos, talheres tudo misturado às cortinas e as poltronas do teatro. A técnica de misturar cozinha e atuação não é novidade nos países de fora. Adaptados de canais de TV para os palcos, a fórmula de arrastar as cozinhas dos programas culinários para o tablado faz muito sucesso. Dessa forma, o chef Olivier Anquier já rodou diversos Estados do Brasil protagonizando o espetáculo Olivier, Fusca e Fogão. Segundo o cozinheiro, ele vive não um personagem, mas sim ele mesmo, portanto a atuação não se faz presente em nenhum momento. "Trata-se de uma performance culinária sem roteiros e textos, onde o personagem principal é o público".

Ao contrário do gourmet francês, o ator Rodolfo Bottino atua na peça Risotto e encara como um espetáculo teatral atrelado a uma das paixões que sempre teve em sua vida: a cozinha. "É um texto pronto. Eu improviso quando o público interage. Sou o único ator que juntei isso no Brasil. Sempre tive esse amor pela culinária e me deu vontade de fazer um monólogo que fosse ligado à culinária", afirma.

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À la carte

O francês Olivier naturalizou-se brasileiro e ganhou fama depois de participar de programas de TV. Foi proprietário de uma padaria no bairro de Higienópolis em São Paulo, possui uma fabrica de pães e apresenta um programa em seu site oficial. Além disso, está à frente do espetáculo Olivier, Fusca e Fogão. Amante do carro, o chef não dispensa o possante e faz questão de ressaltar isso na peça. Porém, a cozinha ainda é seu maior dom. "Eu sempre administrei eventos, palestras, aulas e tive um público bem numeroso. Isso fez com que eu adquirisse uma intimidade em me apresentar e segurar uma plateia, o que não é uma coisa nada fácil. E fazer isso durante duas horas é bem complicado", confessa.

Fugindo de qualquer tipo de roteiro, o espetáculo é improvisado e Olivier oferece opções ao público, que escolhe o menu que será preparado. "Cada apresentação é uma coisa nova e inclui entrada, prato principal e a sobremesa. Raramente faço o mesmo menu em um final de semana, o que quer dizer que cada peça é uma coisa nova", afirma. O chef ainda credita o sucesso ao boca a boca das pessoas que assistem e ressalta que isso o ajuda ainda mais a encher as salas de aula quando realiza algum curso pelo Brasil.

Itinerante

Ator por formação, Rodolfo Bottino já realizou diversos trabalhos em TV, teatro e cinema, mas o seu maior papel de destaque foi na minissérie global Anos Dourados, de 1986, onde viveu Lauro. Amante da culinária desde criança, já esteve à frente de programas voltados a culinária, porém agora viaja por diversos cantos do Brasil com a peça Risotto. O espetáculo, diferentemente de Olivier, Fusca e Fogão, possui um texto e uma história, mas mesmo assim, o público tem um papel fundamental. "Tudo acontece na cozinha. Não tem problemas em mesclar isso, porque vou brincando e eu finjo que é uma turma que estou dando uma aula. Vou jogando perguntas para a plateia e dessa forma eles vão interagindo", assegura.

Sem um local específico para suas apresentações, o ator leva a peça a diferentes lugares que variam desde eventos gastronômicos até teatros e restaurantes. No final, o público pode degustar o que foi preparado por Rodolfo e, segundo ele, o espetáculo é bem fácil de se movimentar. "É preciso ter meus clareiros com gás embutido, panelas, os ingredientes todos e dependendo do número de pessoas que estão assistindo, preciso de uma pessoa para me ajudar a mexer a panela", destaca o ator.

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Ator X Chef

Para quem assiste Olivier no palco, a impressão de que o chef já realizou algum tipo de trabalho é comum, porém, ele faz questão de destacar que nunca fez a peça com a intenção de se lançar como ator. "Antes mesmo do espetáculo, eu já recebi convites, mas eu não quis porque não sou ator. Não pretendo desencadear nada nesse estilo. Vou a programas de TV apenas para cozinhar", afirma Olivier.

Já Rodolfo, ressalta que a maioria das coisas do seu dia a dia acontecem na cozinha e trazer isso para os palcos e misturar à interpretação não é problema. "Vou brincando e finjo que estou dando uma aula. Jogo perguntas para a plateia e dessa forma eles vão interagindo. Algumas pessoas procuram porque se interessam em saber como juntar o teatro com a comida. Mas, eu ainda acho que procuram pela peça em si".

Escorregadas

Assim como todo bom espetáculo que depende da interação da plateia, o que não faltam são fatos inusitados e nesse caso, os dois sabem bem como é isso. "Como o público participa, às vezes algumas pessoas começam a falar demais e eu preciso ter todo um jogo de cintura para reverter à situação e de certa forma cortar para não perder a peça" revela Rodolfo. Já Olivier acredita que tudo que pode derrubar o espetáculo acaba levantando e torna o momento ainda mais engraçado. "Acontece direto de queimar a comida ou o convidado provar o prato e não gostar. Tudo isso faz com que o espetáculo fique mais legal e eu me apoio nisso pra que ele ganhe ainda mais vida".


Atualizado em 7 Ago 2012.