Foto: Gabriel Oliveira/ Guia da Semana
Variado: Mel, biscoitos, azeites e outros produtos também podem ser orgânicos

Com uma projeção de inflação para 2008 de 4,6%, é difícil pensar em pagar até 40% a mais em frutas e legumes por questões politicamente corretas. Mesmo assim, aproximadamente 3% dos brasileiros já começam a aderir ao mercado ainda pouco explorado dos produtos orgânicos.

Essa amarga diferença de preço não se dá apenas pelo sabor de seus produtos. Começa, na verdade, lá nas pequenas fazendas. Para que seja considerado orgânico, o alimento não pode conter fertilizantes químicos nem pesticidas, deixando qualquer plantio à mercê de pragas e fenômenos naturais. Isso reduz a oferta, aumenta a procura e eleva o valor final.

O percurso da fazenda à mesa também gera gastos nada saborosos. "Há todo um problema de logística", resume Ana Fanelli, responsável pelo Empório Santa Luzia, na cidade de São Paulo. Custos como a enxuta mão-de-obra, o transporte feito em condições inadequadas e até o selinho que classifica o alimento encarecem a produção. Mas tudo isso são problemas de um mercado que apenas germina.

Montagem: Fernando Kazuo/ Guia da Semana

Foi só de 2003 para cá que os produtores começaram a colher bons frutos. "O mercado vem crescendo. Tanto de consumidores quanto de produtores", contabiliza Ana. Há cinco anos, o Santa Luzia contava com um ou outro tipo de orgânico. Hoje, já dispõe de todo um setor destinado a eles. São cerca de 300 itens, que não se resumem à saladinha básica. A lista de compras inclui azeite, chocolates, macarrão e queijo.

Os mais vendidos, contudo, ainda são os hortifrutis, mas outros de origem animal também podem ser de origem orgânica. É o caso do ovo, que deve, entre outras exigências, ser proveniente de uma galinha que não tenha recebido hormônio em sua criação.


Cardápio consciente
Desde que chegou ao Brasil, em 2002, a uruguaia Clo Dimet percebeu em seu restaurante, o La Table O&CO, que o apetite dos brasileiros pelos produtos livres das tecnologias vem aumentando. Ela é uma das chefs que utilizam freqüentemente esse tipo de alimento.

Para ela, quem opta por uma alimentação como essa tem consciência ambiental, já que os seus benefícios, além do próprio consumidor, são estendidos à natureza e também a quem produz. Resumindo, trata-se de dar apoio à sustentabilidade. E se o valor desses produtos é percebido no bolso, ocorre o mesmo no paladar. "Qualquer salada verde com azeite orgânico fica mais saborosa", ensina Clo.

Aos olhos, também saltam as diferenças entre um e outro. Como não recebem tratamento, crescem sem um padrão definido de tamanho, cor ou sabor. Assim, é comum notar, em uma mesma gôndola, frutas gigantescas frentes a amostras grátis, assim como no caixa, onde realmente se tem a noção se valeu ou não apostar em produtos orgânicos.

Montagem: Fernando Kazuo/ Guia da Semana


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Serviço:

Empório Santa Luzia
Alameda Lorena, 1471

La Table O&CO
Rua Bela Cintra, 2023

Atualizado em 7 Ago 2012.