Guia da Semana

Época de calor, sol de rachar, mas nem por isso fico sem tomar vinho. Aliás, não sei explicar porque há tanto preconceito em torno do vinho branco e porque o consumo desse vinho é tão baixo no Brasil, em comparação com o tinto. No nordeste, então, segundo as estatísticas, o consumo de tinto é muito grande, absolutamente incompatível com o clima e o tipo de comida...Bem, o tempo não é muito o problema, porque deve-se tomar o tinto refrescado, e restaurantes em geral têm ar condicionado. Portanto nada impede o seu consumo. Mas no almoço, ou numa noite de bar, por que não uma taça bem geladinha (de 8oC a 10oC)?


É muito comum ouvir a bendita frase "não gosto de vinho branco"..., e eu mesma me flagrei recentemente, numa loja nos estados Unidos onde os preços dos vinhos eram extremamente tentadores, comprando só tintos mesmo com uma grande oferta de brancos.

Em geral os brancos não são tão ricos de sabores quanto os tintos e muitos dos brancos baratos - sempre começamos a beber pelos baratos - são tão ácidos e sem graça que novamente o franco leva a fama aos fortes, e as pessoas não arriscam comprar brancos mais caros, e por isso de mais qualidade.

Eu gosto de brancos, mas a verdade é que os conhecemos menos, pois muitas vezes quando o clima pede branco, acaba-se oferecendo o espumante.

Acredito que a qualidade dos espumantes brasileiros e seu preço atraente tiraram um pouco o lugar dos brancos. Mas nós, amantes de vinhos, temos que batalhar contra o racismo. Dizem que os brancos não são tão complexos - o que não se aplica a todos - quanto os tintos e não tem aquela variedade de aromas e paladares que os tintos podem ter.

Além do mais, o vinho branco da garrafa azul fez um estrago bem grande na imagem dos seus primos. Vamos lembrar então, aos consumidores, que aqueles tempos mudaram. O paladar do brasileiro mudou e felizmente aquela bebida nem é mais tratada como vinho... Brancos podem ser deliciosas surpresas como companhia a comidas leves ou mesmo como aperitivos.

A título informativo, no seu processo de elaboração os vinhos tintos permanecem em contato com as cascas (maceração), o que lhe confere a cor avermelhada, e os brancos não passam por esse processo. Para os tintos é importante extrair o máximo de cor, para assegurar a longevidade do produto, já nos brancos o que se busca é o frescor e a juventude. Por isso é que os brancos são vinhos de consumo rápido, ou seja não podem ser guardados tanto tempo como os tintos, mas oferecem o frescor da bebida jovem. Na maceração, além de matéria corante, extraem-se também taninos, substâncias que conferem aos tintos sabor adstringente e estrutura.


Só como exemplo, outro dia minha mãe ofereceu um lanche para amigas e me pediu espumantes ou tintos. Como era um evento à tarde, sugeri um branco, de Santana de Livramento, RS, bem frutado, o Gewurztraminer da Cordilheira de Santa. Uma explosão de aromas florais de extrema delicadeza. Fui um sucesso! As senhorinhas acabaram com o estoque da minha mãe e saíram encantadas. Para combater o preconceito, sugiro a escolha de brancos de qualidade. Muitas de nossas revistas têm boas sugestões de brancos. Sirva-o na temperatura certa, use taças adequadas, as mais bojudas para que seus aromas possam ser liberados adequadamente, e veja quantas sensações vão surgir.

Em geral os brancos são servidos nas taças menores porque deve-se por menos quantidade no copo para que ele se mantenha refrescado, no baldo de gelo. Mas use as grandes, sirva pequena quantidade e veja a explosão de aromas. Vai se surpreender.


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Quem é a colunista: Denise Cavalcante, jornalista.

O que faz: Trabalha com eventos de vinhos e gastronomia.

Pecado gastronômico: Abrir garrafas de vinho para tomar sozinha, mas não ter coragem de abrir os melhores só para mim!

Melhor lugar do Brasil: Minha casa, ao lado do meu filho.

Fale com ela: [email protected]

Atualizado em 7 Ago 2012.