Guia da Semana

Foto: Gabriel Oliveira/ Guia da Semana
Acompanhado de amendoim, avestruz é servido em Festival Exótico

"Como você diz que não gosta, se nunca provou?", diziam os pais de Patrícia Miguel, quando ela ainda era criança e nem imaginava tornar-se nutricionista e proprietária de restaurante. A jovem, que passou a infância entre viagens de São Paulo, onde morava, e o interior do estado, onde a família tinha uma fazenda, sempre foi uma curiosa por provar sabores diferentes.

Curiosidade esta que a leva a promover, pelo segundo ano consecutivo, mais um Festival de Carnes Exóticas em seu restaurante, o Diaccuí. Novamente ela irá servir aos seus clientes carnes pouco conhecidas da grande maioria. "Elas (carnes) ainda são mal divulgadas e muitos ainda têm preconceito por acharem que são carnes de caça, quando, na verdade, já existem criadores específicos de cada animal", explica a moça. Um desses criadores, aliás, é de propriedade de sua família e fornece ao seu restaurante capivara, da mesma família dos roedores, e queixada, também conhecido como porco-do-mato.

Sem dúvida, o preconceito é o maior empecilho no aumento do consumo destes pratos. As pessoas se assustam com o cheiro, com a aparência e principalmente com a imagem dos animais. "Tem gente que não sabe que capivara hoje é criada para abate. Só lembram dela passeando pelo rio Tietê", comenta Patrícia.

No Festival, que promoverá durante um mês, irá oferecer quatro tipos destes pratos considerados exóticos. Além da Capivara Imperial (servida com purê de maça ), também fazem parte do diferente menu a Crocância de Avestruz (servida com amendoim), a Queixada à brasileira (servida com banana da terra frita, tutu de feijão e torresmos) e o Pato nas montanhas (coxa e sobrecoxa de pato assadas em ervas, acompanhada de purê e crispis de batata doce com leve toque de calada framboesa e cuscuz marroquino).

Segundo a empresária, o carro-chefe, porém, é o Ragu de capivara com nhoque romano de semolina, que faz parte do cardápio fixo da casa.


Saindo da toca
O mercado destas carnes vem crescendo, garante Patrícia. Ela diz que se bem trabalhado qualquer um prato considerado exótico terá uma boa saída. Outro motivo que vem contribuindo muito para o aumento do consumo destas iguarias é que percebeu-se, recentemente, que elas são muito mais saudáveis que as carnes de boi e porco, por exemplo.

"A de rã é a que tem o menor índice de gorduras, e a de capivara a com maior quantidade de ferro", ensina a nutricionista. Além disso, por possuírem um sabor forte, normalmente são bem temperadas com ervas, o que pode ajudar a diminuir o uso de sal como tempero único.

Por falar em tempero, é preciso seguir algumas regras na hora de preparar tais pratos. Esqueça o arrozinho branco básico servido como acompanhamento. "Eles podem ser dos mais variados tipos, porém nunca nada muito delicado, pois senão o sabor da carne cobrirá todo o sabor do acompanhamento", afirma Patrícia. Para harmonizar, o vinho deve ser um pouco mais encorpado.

E já não é difícil encontrar carnes assim à venda pelas cidades. Em locais especializados (em São Paulo, um bom lugar é o Mercado Municipal), pode-se comprar a mesma capivara servida no Diaccuí, de Patrícia, ou ainda coelho, faisão, perdiz, rãs e diversos outros bichos que você só via no zoológico.

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Para não se surpreender
Saiba que sabor você irá sentir ao provar:


Queixada - Chamado de porco-do-mato, tem carne vermelha e baixíssimos índices de gordura. Seu sabor é muito semelhante à carne de porco magro.




Capivara - Contém Omega 3, pouca gordura e muito ferro e proteína. Pode ser servida assada, frita e cozida. Seu sabor lembra a carne de porco gordo.



Avestruz - Uma das mais saudáveis, é ideal para quem não pode consumir carne vermelha. Ao prová-la, terá a sensação de estar comendo um filé mignon com um tom adocicado.



Rã - Também muito saudável, possui quantidade relevante de proteína e muito pouca gordura. Seu gosto lembra uma mescla de frango e peixe.



Fonte: Patrícia Haldich Miguel


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Aonde ir à caça:
Festival de Pratos Exóticos - Diaccuí - De 01 de julho a 03 de agosto

Festival Selvaggina - Osteria Don Boseggia - Até o dia 06 de julho


Mercado Municipal - Rua da Cantareira, 306 - Parque Dom Pedro II

Atualizado em 7 Ago 2012.