Cheiro de História

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Perfume não é apenas aquele líquido cheiroso que passamos no corpo. Quando o usamos como acessório na hora de nos vestir, por exemplo, fazemos parte de um ritual que tem milhares de anos. Perfume, além de um item da moda, também é cultura. E história, que é mostrada de uma forma bem inusitada no Espaço Perfume Arte + História, que fica em Perdizes. Idealizado pelo grupo O Boticário e a Faculdade Santa Marcelina, o Espaço foi inaugurado no dia 23 de setembro deste ano e traz 500 peças que contam a evolução do perfume através dos tempos."Há milhares de anos, os egípcios desenvolveram o processo de maceração de substâncias aromáticas, mergulhando ervas e flores em óleo e vinho. Tais preparados eram utilizados como oferendas aos deuses no ato de embalsamar e também para uso pessoal", explica Miguel Krigsner, fundador d´ O Boticário. O Espaço surpreende os visitantes logo na entrada: o teto é repleto de cristais Swarovski iluminados por fibra ótica. E isso é só o começo. O visitante é convidado a voltar no tempo e ir para o ano 3.000 antes de Cristo, quando os egípcios aos quais se referiu seu Miguel começaram a fazer os preparados aromáticos com fins religiosos e pessoais. A palavra perfume surgiu algum tempo depois, do latim per fumum, "através da fumaça", e não sem razão: o povo das pirâmides, e também de outros lugares do mundo, acreditavam que a fumaça perfumada subiria aos céus e agradaria aos deuses. Se esses aromas agradavam aos deuses não temos como saber, mas que agradaram ao olfato humano, com certeza. O Espaço traz vários frascos utilizados para guardar os perfumes e algumas curiosidades, como a Eau de Cologne Royale - Jean Marie Farina. Ela é célebre porque era a preferida de Napoleão Bonaparte. Tanto, que ele a levava para todo o lugar. "Ele levava o frasco dentro da sua bota", conta a professora e pró-diretora acadêmica Vera Lígia Gibert, da Faculdade Santa Marcelina. Foto: Divulgação/Espaço Perfume Arte + História Eau de Cologne Royale - o perfume favorito de Napoleão O Brasil também tem seu lugar marcado na história do perfume, que chegou aqui com a corte portuguesa no século 19. Eram os aromas franceses os queridinhos mas, mais tarde, a perfumaria brasileira se desenvolveu com seus aromas peculiares e que agradam mais ao olfato verde e amarelo. "Atualmente, o mercado brasileiro ocupa a segunda posição em perfumaria no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, e é um dos que mais cresce", diz Krigsner. Essa história vai longe. Da pré-história até os dias de hoje, você se sente envolvido não somente pelos aromas de diferentes períodos, mas também pela sua cultura. No setor Perfumaria e Moda, por exemplo, desenhos de personalidades como a atriz Audrey Hepburn, do filme Bonequinha de Luxo, e a atualíssima Lady Gaga ilustram os costumes e estilos de vida de suas épocas - e seus respectivos perfumes. Mas o visitante não fica andando pelos corredores vendo frascos e sentindo cheiros. Ele também aprende um pouco sobre como é feito um novo aroma. "Ele passa a entender como funciona a nota de saída, a de fundo e a de corpo", explica Vera Lígia. Em várias ocasiões, ele pode não somente ver, mas especialmente sentir os aromas dos perfumes exibidos. E você poderá brincar de designer: em um equipamento multimídia, as pessoas podem desenhar seu próprio frasco de perfume, escolher a tampa e ainda dar-lhe um nome. A ideia do Espaço surgiu em Curitiba, sede d´O Boticário, em 2004, onde chegou a receber 2.000 visitantes por mês. Em São Paulo, além de ter recebido novos ambientes e atualizações, o Espaço é uma das ferramentas dos alunos dos cursos de Moda e da futura pós-graduação em Cultura do Perfume, que a Faculdade lançará em 2011. "É importante que o aluno conheça mais sobre perfume: todo estilista acaba desenvolvendo o seu próprio", conta a professora Vera Lígia. Depois da visita ao Espaço, que é aberto ao público e é gratuito, você nunca mais vai ver - e principalmente sentir - fragrâncias e perfumes do mesmo jeito.