Guia da Semana

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Quatro-olhos. Fundo de garrafa. "Zóinho". Quem usa óculos desde criança já recebeu ao menos um desses apelidos. Fundamentais para a correção visual, a peça já foi ameaçada de extinção várias vezes. Mesmo com seus substitutos mais tecnológicos - as lentes de contato e as cirurgias corretivas a laser, eles mantêm um certo charme. Seu design evoluiu através dos tempos, é verdade, o que foi um incentivo a mais para sua longevidade. Mas nada muda o fato de que esses acessórios são tão antigos que seu desenho original surgiu séculos antes de Cristo. Para quem não acredita, a dica é dar um passeio pelo Museu dos Óculos, em São Paulo.Lá estão expostas cerca de 200 peças - entre desenhos, réplicas e modelos que pertenceram a celebridades. O acervo, o único da espécie nas Américas, fica no prédio da Rua dos Ingleses, na Bela Vista, e faz parte de uma coleção que já tem 14 anos de existência. "A peça mais importante, sob ponto de vista histórico, é uma armação de madeira laqueada de preto, do século 18, com lentes sem grau, que espelha o mesmo modelo da primeira peça criada no mundo, por volta do ano 500 antes de Cristo", conta Ivani Migliaccio, assessora de imprensa do museu.Este foi de Jô Soares e está em exposição no Museu Há modelos curiosos, como os pince-nez, que têm o formato de compasso e não possuem as hastes laterais até as orelhas; o primeiro exemplar surgiu em 1270, na Alemanha. Os lorgnons, aqueles com uma haste na vertical para segurar com a mão, bem como as lorgnettes, sua versão feminina, também merecem destaque.As armações modernas são as que mais chamam a atenção, ao lado das que já pertenceram a personalidades. Os óculos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, de Mário Covas, de Jô Soares e de Elis Regina, por exemplo, fazem parte dessa lista. "As peças expostas ou em acervo são doadas por clientes, empresas ligadas ao setor óptico ou compradas por Miguel Giannini em antiquários da Europa", diz Ivani Migliaccio, assessora de imprensa do museu. Esses são os estilosos óculos que pertenceram a Elis Regina Miguel Giannini é o idealizador da coleção, à qual expõe e cuida com tanto carinho. Aos 69 anos de idade, continua à frente do estabelecimento, onde também funciona uma loja. Em resumo, ele é o sabe-tudo quando se fala em óculos, armações, graus e modelos disponíveis - ou não."Ele é responsável por mais de 50% das vendas", diz Ivani. O esteta óptico (especialista em estética dos óculos) Miguel Giannini trabalha no mundo das lentes desde os 13 anos. De office-boy da antiga Foto City, passou a empresário e abriu sua primeira loja, a Ótica Fiore & Miguel - em parceria com Fioravante Fernandes, de quem era amigo. Sua grande sacada foi transformar armações de sua coleção pessoal em peças exclusivas - tudo isso à base de luz de lamparina e dois alicates, no fim do expediente. Assim, cada uma tornou-se exclusiva. Sua ousadia, na época, gerou o pioneirismo do atendimento personalizado e, por consequência, mais clientes. Alguns viraram cativos, como o presidente Luís Inácio Lula da Silva, o jornalista Boris Casoy e a apresentadora Ana Maria Braga. Da pequena loja na Galeria Nova Barão - assiiiim... uma Brastemp -, que existe até hoje, Giannini se mudou para o casarão de três andares da rua dos Ingleses em 1996. Lá, funcionam a loja e o laboratório, além do museu. "Nessa época, Miguel já tinha um pequeno acervo de armações antigas, doadas por clientes do centro da cidade", lembra Ivani. A visitação é gratuita e a própria Ivani acompanha as pessoas nessa viagem pelo universo dos óculos e suas histórias: assim, as pessoas literalmente veem de perto os detalhes de cada armação com ou sem lentes.Fotos: Divulgação

Mapa do local

Para ver de perto

Data 28 Dez 2010-31 Dez 2011
2ª a sábado.

Preço(s) Gratuito.

Horário(s) 2ª a 6ª, das 9h às 17h30; aos sábados, das 9h às 13h.

Endereço
Rua dos Ingleses, 108, Centro 01329-000

Telefone (11) 3253-2000