Sumô com beisebol. Esse mix surpreende quem pensa que beisebol é um esporte praticado somente pelos norte-americanos. Mas saiba que os japoneses são fãs do jogo com o taco, a bola, as bases e o estádio em forma de diamante. Só não são mais fãs do que do sumô, verdadeira paixão nacional e uma tradição de mais de 2.000 anos na terra do sol nascente. Se você está se perguntando onde é que ambos convergem, a resposta é no bairro do Bom Retiro. Mais precisamente, no Estádio Mie Nishi, uma referência quando se fala em beisebol e um espaço em que as tradições da luta sumô são genuinamente preservadas.

Dona Mie Nishi era mãe do ex-presidente da Federação Paulista de Beisebol, o senhor Issao. Era ela quem preparava toda a comida para os jogadores e a comissão técnica na cidade de Bastos, no interior de São Paulo, nos dias de competição. O carinho foi retribuído quando seu nome batizou o estádio inaugurado em 1958, na comemoração dos 50 anos da imigração nipônica em terras brasileiras.

Tudo começou com os primeiros japoneses que por aqui se instalaram. Entre outros objetos, eles trouxeram os tacos, as bolas e as luvas de beisebol. "Desde quando começou no Brasil, o beisebol tinha a participação da família: o filho praticava, a mãe fazia comida e o pai era árbitro ou cuidava do campo", conta Massah Fujimoto, da direção do estádio. O lugar foi palco de importantes acontecimentos nos seus 52 anos de existência. Na inauguração, esteve presente nada mais, nada menos que a família imperial japonesa. Também sediou campeonatos importantes, como o Jogos Pan-Americanos de São Paulo, em 1963, e o Sokeisen, o duelo entre as equipes das universidades Waseda e Keio - que pela primeira vez aconteceu fora do Japão, em 1996.

Ao contrário do que parece, o estádio Mie Nishi não é um clube fechado para asiáticos e seus familiares. O estádio é aberto ao público: aos fins de semana, há jogos de nível júnior, adulto e master, em que se criam tabelas onde as equipes se inscrevem. Isso quando não acontecem os campeonatos da Federação. Para quem não entende nada do jogo e não sabe o que significam as corridas em torno do estádio, ou porque o jogador corre atrás da bolinha, os funcionários até dão algumas instruções básicas; os mais interessados são direcionados a algum clube, onde são ministradas as aulas. Já as crianças de 8 a 16 anos podem aprender beisebol em classes de três horas cada, às terças e quintas, das 14h às 17h.

No caso do sumô, o mais surpreendente é que não é necessário estar muito acima do peso para praticar a luta. "Tem que ter porte de lutador, gostar de luta e ter jeito, não força", conta. Tanto as aulas quanto as lutas acontecem aos finais de semana, no ginásio construído na última reforma pela qual o estádio passou. "É o primeiro ginásio próprio para sumô fora do Japão", diz Fujimoto. Os lutadores precisam usar o mawashi, aquela faixa enrolada em torno da cintura e órgãos genitais, para entrar no tatame. No caso dos treinamentos e aulas, pode-se usar uma sunga ou short por baixo.

E, diferente do beisebol, as mulheres também podem lutar. Com um maiô ou top, para segurar os seios, e um biquíni - e sempre com o mawashi por cima - elas participam dos campeonatos e lutas. Antes que você pense que vai se atrapalhar na hora de colocar a faixa, fique tranquilo: o mawashi - que significa "enrolado" em japonês, nunca é colocado sozinho. "É sempre com o auxílio de alguém", conta Fujimoto. Definitivamente, um programa não-óbvio para conhecer esportes diferentes e uma cultura que, por mais que já esteja incorporada à nossa, sempre nos apresenta surpresas.

Mapa do local

Junto e misturado

Preço(s) Gratuito.

Horário(s) 8h às 18h.

Endereço
Avenida Presidente Castelo Branco, 5446, 05034-000

Telefone (11) 3221-5105