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Como Mr. Macphisto, nem a Casa Branca escapou dos trotes de Bono |
Deixar o nome gravado na história da música de uma maneira original é um privilégio para raros artistas. Muitos se valeram de álbuns seminais, apresentações memoráveis ou talento ímpar em composição de obras que fizeram gerações e ainda hoje são reverenciadas como marcos sagrados, que, por trazerem novas perspectivas ao cenário, se tornaram fundamentais para o entendimento de uma época.
Para alguns músicos, entretanto, é necessário descolar-se de suas próprias personalidades e conceber personagens capazes de exprimir uma fase, um conceito ou apenas de instigar sem expor a cara - de verdade - ao tapa. A idéia de encenar nos palcos um papel que muitas vezes não condiz com a imagem da banda foi explorada de maneiras distintas no decorrer do tempo. Certos artistas injetaram uma boa dose de humor e provocação em seus personagens, outros se aproveitaram deles como autênticas minas de ouro.
Sarcasmo e megalomania
A aura quase messiânica que sempre cercou o U2, e que alçou Bono à condição de uma das figuras mais influentes do planeta, provocou, no início da década de 90, certo descontentamento entre seus integrantes. Como resposta à grande mídia que insistia em ressaltar as manias de grandeza de seus shows e aparições, o quarteto se despojou do bom-mocismo e deu mais uma prova de genialidade ao empreender duas turnês, ZooTV e Popmart, de proporções realmente gigantescas, pautadas pelo sarcasmo à espetacularização do rock.
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Mirrorball Man: verdadeiro megalômano |
Mr. MacPhisto, uma diatribe com McDonald´s e Mephisto, o diabo de Goethe, provavelmente seja o personagem mais conhecido dentre os três criados por Bono. Além de estrelar o clipe de Hold Me, Thrill Me, Kiss Me, Kill Me - trilha sonora do filme Batman Forever -, a figura maliciosamente arrogante consagrou-se pelos hilários trotes que passava durante a parte final dos concertos da ZooTV. No palco, instigava a platéia com insinuações sobre consumismo, luxúria e tentação, além de convidar personalidades polêmicas, como o escritor indiano Salman Rushdie, para participar de suas performances.
O marciano de Bowie
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Stardust: sexo, drogas e um figurino ousado |
Com morte e nascimento planejados, Ziggy Stardust viveu o suficiente para consolidar o estilo glam e pautar o comportamento de um sem número de artistas até os dias de hoje. Ainda que anos mais tarde Bowie tenha concebido outros personagens, como o obscuro The Thin White Duke, foi o marciano andrógino de cabeleira rubra que se tornou parte indissociável de seu rico histórico. (Confira o clássico clipe de Starman).
Os caras pintadas
A história não é nova, mas costuma acender discussões tão intermináveis quanto carentes de resposta. Afinal, os integrantes do Kiss plagiaram ou não a maquiagem dos Secos & Molhados para criar seus ilustres personagens? Ney Matogrosso jura de pés juntos que após recusar uma proposta de contrato nos Estados Unidos, se deparou com a recém-surgida banda de Gene Simmons e Paul Stanley lançando mão de pinturas semelhantes às usadas pelo grupo brasileiro.
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Mais do que personagens, o Kiss se tornou uma marca milionária |
Mais do que uma das bandas mais performáticas da história do rock, o Kiss fez de seus membros personagens lendários a entreter platéias de todos os cantos. Uma breve vasculhada na internet revelará o imenso leque de produtos aos quais a marca Kiss foi associada nas últimas décadas. De caixão à máquina de fliperama, o quarteto apostou pesado no conceito de marca, angariando cifras milionárias enquanto cuspia sangue no palco e disparava fogos de artifício pelas guitarras. É voz corrente que no momento em que o Kiss ousou se desvincular de seus personagens, abandonando a maquiagem e maneirando nos efeitos especiais, passaram a amargar sua pior fase.
Fotos: reprodução/divulgação Myspace
Atualizado em 6 Set 2011.