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O grupo finlandês Maria Gasolina investe em versões de Kid Abelha, Ivete Sangalo e Caetano Veloso para conquistar o público encandinavo |
Comumente associada às pérolas da bossa nova, a música brasileira tem ganhado fãs no exterior graças a temas que passam longe da obra de Tom Jobim, João Gilberto e Vinicius de Moraes. Embora esteja em evidência graças ao seu cinqüentenário, a bossa - que conquistou grandes vozes e jazzistas norte-americanos - passou a figurar ao lado de outros ritmos em países cada vez mais distantes.
Na gélida Finlândia, o grupo Maria Gasolina driblou a distância entre o português e a língua natal para dar vida a um repertório baseado em versões que partem de Caetano Veloso e chegam a Marcelo Camelo, passando ainda por Banda Beijo, Ivete Sangalo e Novos Baianos. Nessa salada sonora, canções como País Tropical, de Jorge Ben Jor, e Na Rua, Na Chuva, Na Fazenda, do Kid Abelha, se transformam nas impronunciáveis Täällää Tropikikissa e Kadulla, Sateessa Tai Landella respectivamente.
Formada em Helsinque, o noneto liderado pela vocalista Lissu Lehtimaja - que morou no Brasil no início da década de 90 - chamou a atenção da crítica local ao reunir boas doses de MPB, axé, samba, forró e principalmente tropicalismo em uma linguagem mais pop. Pouco tempo após o lançamento do primeiro álbum, Se Jokin, o grupo figurava na programação das principais rádios do país obtendo uma repercussão positiva por parte de fãs e imprensa.
Uma ligeira passada de olhos no repertório da Maria Gasolina revela um dinamismo incomum em artistas estrangeiros que se aventuram pela música brasileira - geralmente focados em um nicho específico: do batuque contagiante do Olodum ao experimentalismo dos Novos Baianos, nada escapa às peculiares adaptações. Entretanto, nomes como Caetano Veloso e Jorge Ben têm lugar cativo nas apresentações da banda, cuja inclinação à fase setentista de ambos os músicos é evidente.
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O Arcade Fire revelou nova roupagem para Aquarela do Brasil, de Ary Barroso |
Tanto Caetano quanto Jorge Ben, aliás, são referências nítidas para essa nova geração de músicos. Em outubro de 2001, em sua única visita ao Brasil, o cultuado grupo escocês Belle & Sebastian tomou uma surra da língua portuguesa, mas arriscou versões de Baby, de Caetano - também presente no repertório do Maria Gasolina -, e Minha Menina, de Jorge Ben. Caetano, ao lado de Gilberto Gil, são influências explícitas para Devendra Banhart, cantor que se notabilizou nos últimos anos por mesclar folk e psicodelia bem ao modo Mutantes. Ao lado de Gil, Banhart interpretou Toda Menina Baiana durante um festival nos Estados Unidos.
Longe da retomada tropicalista, o coletivo canadense Arcade Fire, apontado como um dos nomes mais inovadores surgidos neste início de século, emprestou seus violinos, acordeões e demais instrumentos à clássica Aquarela do Brasil, de Ary Barroso. Além de cativar a platéia brasileira com uma bela versão repaginada durante as apresentações no Tim Festival, em 2005, o grupo incluiu em um lado b, batizado de Rebellion (Lies).
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O cantor carioca Djavan influenciou músicos das mais distintas vertentes |
Paralelamente à bossa nova, ao tropicalismo e a outros tantos ritmos que atraíram de alguma forma a atenção dos músicos de maior ou menor expressão fora do país, um artista em particular continua a exercer uma vasta ascendência nos quatro cantos do planeta: Milton Nascimento. Ao longo de sua carreira, Nascimento, dentro e fora do Clube da Esquina, trabalhou ou teve suas canções regravadas por nomes como Duran Duran, o ex-Genesis Peter Gabriel, Cat Stevens e Paul Simon, além de outros tantos grandes do jazz e da música instrumental.
Atualizado em 6 Set 2011.