Guia da Semana

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O bluesman Robert Cray veio ao Brasil em maio deste ano

Eric Clapton, Rolling Stones, Paul McCartney, Robert Cray, Bob Dylan, Radiohead e Coldplay. Além de serem grandes nomes da música mundial que fizeram shows no país, o que todos eles têm em comum? O dedo do empresário Luiz Oscar Niemeyer, executivo da Planmusic Entretenimento, que conversou com o Guia da Semana sobre o show business no Brasil e no mundo.

Do histórico show do ex-beatle Paul McCartney, em 1990, até hoje, o brasileiro acostumou-se a receber, e bem, shows de grande porte, sem deixar nada a desejar em relação aos maiores países do hemisfério norte.

Guia da Semana: Trazer artistas como Rolling Stones e Elton John, além de dinheiro, envolve muita negociação. Existe algum segredo para fazer com que esses artistas estejam dispostos a cruzar continentes para fazer shows no Brasil?
Luiz Oscar Niemeyer: O Brasil ainda é um território pouco explorado, e que oferece condições únicas em determinadas situações. O show de Paul McCartney, que realizamos em 1990, no Maracanã, está até hoje no Guiness Book como recorde de maior público pagante de um artista solo. A apresentação dos Rolling Stones foi considerada a maior de rock da história, e transmitida e divulgada em todo o mundo. É essa realidade que tentamos transparecer aos artistas para atraí-los cada vez mais para cá.

Guia da Semana: Como o artista vê a cena de shows no Brasil quando tem conhecimento dela? E se não a tem, como é a impressão geral?
Niemeyer: Geralmente, os artistas saem daqui felizes e querendo voltar. Isto ocorre pois a qualidade dos shows , com a efetiva participação e calor do público, é quase sempre marcante. Na maioria das ocasiões, os artistas tomam conhecimento da cena nacional só quando chegam aqui, que é quando passam a se interessar pelo que acontece.

Guia da Semana: Em relação ao público brasileiro, que tem se acostumado a receber grandes shows, ele mudou? Ficou mais exigente?
Niemeyer: O Brasil é um grande país, com aspectos culturais diferenciados por região e preferências musicais também. O mercado de venda de CDs e música é amplamente dominado pelo repertório nacional com quase 80% das vendas. Não diria que o público mudou, mas o número de consumidores desse nicho de mercado aumentou junto com a melhora das condições econômicas do país.

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O Radiohead tocou acompanhado de Kraftwerk e de Los Hermanos

Guia da Semana: A atual situação financeira do país, com o dólar mais baixo, também é propícia para esse aumento de público? E os ingressos, como têm seu preço calculado?
Niemeyer: Sim, o dólar baixo ajuda. Já o preço é calculado considerando várias premissas. Tamanho do local, público alvo, custos que necessitam estar cobertos e o necessário lucro do produtor. Depende, obviamente, do tipo de artista estamos falando.

Guia da Semana: Falando em artistas, como é lidar com eles? Algum deles causou algum desconforto ou saia justa por conta de ego ou alguma outra situação?
Niemeyer: Lidar com esse detalhe é apenas um dos primeiros requisitos básicos de quem trabalha neste ramo. Aliás, não lidamos só com o ego dos artistas, mas de produtores, iluminadores, técnicos, etc... É impressionante como todo mundo é vaidoso nesse ramo, não é um privilégio de quem aparece e sobe no palco.

Guia da Semana: Qual o show ou evento que mais marcou até hoje?
Niemeyer: Os dois shows mais marcantes que produzi na vida foram os do Paul McCartney (Maracanã, 1990), e o dos Rolling Stones em 2006, na praia de Copacabana, para 1,5 milhão de pessoas.

Guia da Semana: Como você vê a procura pelos shows internacionais em relação aos nacionais? O público tende a valorizar mais o que vem de fora?
Niemeyer: Os artistas nacionais trabalham o ano todo percorrendo o país de norte a sul, fazendo mais de cem shows por ano. O artista internacional vem uma ou duas vezes para, na maioria das vezes, fazer dois ou três shows no eixo Rio e São Paulo. Natural que aparentemente, o show internacional desperte mais interesse pelo ineditismo.

Guia da Semana: Hoje, com a facilidade da exposição na mídia, vemos quase diariamente uma enxurrada de novos artistas. Ficou mais difícil a criação de um grande ídolo como foram os Beatles, Elvis, Michael Jackson? O grande show, a megaturnê tende a desaparecer?
Niemeyer: Acredito que sim, ficou mais difícil o surgimento do megastar, do blockbuster. De qualquer forma, não creio que o grande show tende a desaparecer. Como em qualquer negócio, temos que ser criativos no desenvolvimento de novos artistas e projetos, sempre trabalhando com artistas de ponta e shows de qualidade.

Atualizado em 1 Dez 2011.