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The Bad Plus: tudo é jazz, até Radiohead, David Bowie, Nirvana e Pixies |
Os mais puristas torcem o nariz, os liberais aceitam as inovações estilísticas como a evolução inerente ao gênero, enquanto isso, os músicos da nova geração jazzista dão de ombros para as nomenclaturas e rótulos que lhes colam. Cada vez mais próximo de um público que não ousa pisar em seus seletos clubes, o jazz contemporâneo tem abraçado algumas das mais importantes referências do rock. Na vanguarda do movimento, estão bandas como Martin, Medeski & Wood e The Bad Plus, além dos pianistas Brad Mehldau e Jamie Cullum.
Poucos jazzistas têm se avizinhado com tanta competência do cenário pop como o The Bad Plus. Nascido na efervescente cena nova-iorquina, o trio formado por Reid Anderson (baixo), Ethan Iverson (piano) e David King (bateria) estende seus braços em direção às mais variadas vertentes do rock, visitando peças de artistas tão distintos como Ozzy Osbourne e David Bowie.
Da visceral e melancólica Karma Police, do Radiohead, ao arrasa-quarteirão Velouria, dos Pixies, o trio não deixa a peteca cair, modelando jazzisticamente clássicos do passado como Life On Mars, do camaleão Bowie, Iron Man, hino do Black Sabath, e Tom Sawyer, do Rush. Se aproximar do rock sem deixar de soar como jazz é um dos principais chamarizes dos nova-iorquinos, que têm a medida exata de suas releituras, não enveredando, assim, por viagens sonoras ininteligíveis ao grande público e nocivas à identificação da obra original.
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Prog: a ousada face pop do jazz |
Composto por John Medeski (piano e teclado), Billy Martin (bateria) e Chris Wood (baixo), o trio Medeski, Martin & Wood tem sido considerado uma das principais revelações jazzísticas por alcançar distintas ramificações que oscilam entre o funk e o pós-rock do Tortoise, além de beber de fontes experimentais, como Hermeto Pascoal e Sun Ra Arkestra.
Com raízes fincadas em escolas tradicionais, os nova-iorquinos apimentam temas de John Coltrane, Thelonious Monk e até Bob Marley com incursões vibrantes do órgão Hammond ou do piano elétrico Wurlitzer. Já em companhia do experiente guitarrista John Scofield, lançaram dois álbuns, A Go Go e Out Louder, trabalho que resgata as faixas Julia, de John Lennon, e Legalize It, do jamaicano Peter Tosh.
Teclas ecléticas
Travando parcerias com gigantes como Joshua Redman, Lee Konitz, Jimmy Cobb e Wayne Shorter, Brad Mehldau consolidou-se no primeiro escalão do jazz contemporâneo. Dono de uma formação musical irretocável, o pianista emprega em suas melodias técnicas colhidas da música clássica, permitindo, assim, variações de tempo pouco usuais e outros truques requintados.
No repertório, além de standards de Cole Porter, Mehldau encara duas das faixas mais labirínticas do Radiohead, Paranoid Android e Exit Music (For A Film), além de River Man, de Nick Drake, She´s Leaving Home, dos Beatles, Bottle Up And Explode, de Elliot Smith, entre outras versões. Em meados de 2004, acompanhado pelo baterista Jorge Rossy e pelo baixista Larry Grenadier, Mehldau se apresentou na segunda edição do TIM Festival, saindo consagrado do evento.
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O jazz adocicado do inglês Cullum |
Atualizado em 6 Set 2011.