Guia da Semana

A sensação de ter assistido a um clássico e, depois de ter uma memória afetiva extremamente forte e carinhosa com o filme, ir ao musical, gera bastante expectativa. Afinal, mesmo sabendo das óbvias diferenças, é impossível não comparar a história, o enredo, os atores, as músicas e tudo que envolve o universo do espetáculo.

Entretanto, encantar-se com cada detalhe da superprodução para os palcos desde a primeira cena, faz as expectativas transformarem-se em ansiedade, encanto e, sem dúvidas, satisfação, tendo a certeza que o sucesso se repete.

A equipe do Guia da Semana esteve no Teatro Renault para conferir o musical Mudança de Hábito e conta agora os motivos pelos quais você não pode deixar de ir. Confira:

1- TEATRO RENAULT

O espetáculo começa antes mesmo de abrirem as cortinas. Afinal, o passeio inicia-se ao entrar no Teatro Renault, que, além da incrível arquitetura, é aconchegante e nos coloca em contato com a arte no momento em que começamos a subir as escadas.

Ricardo D’Angelo

2- HISTÓRIA

Em 1992, a comédia norte-americana Mudança de Hábito, com Whoopi Goldberg como protagonista, estreou nos cinemas e, em menos de um ano, o filme e sua estrela tornaram-se mundialmente conhecidos. Tanto o filme quanto Whoopi foram indicados ao Globo de Ouro.

Para quem não conhece a história, Deloris Van Cartier é uma cantora espalhafatosa sem sucesso que namora um homem mau caráter. Sem querer, ao vê-lo matar uma pessoa, torna-se a única e principal testemunha do crime. Para não correr risco, é levada a um convento e contra a vontade da Madre Superiora, finge ser uma freira. Para isso, precisa trocar seus brilhos, plumas e paetês pelo hábito longo e sóbreo, substituindo velhos comportamentos pelas regras aplicadas a todas as irmãs. Entretanto, com sua personalidade forte, Deloris contesta os costumes rígidos e também passa a ensaiar o coro da igreja, que é um terror.

3- O MUSICAL

A produção invadiu os palcos e ganhou a superprodução musical em 2009, reconhecida pelo público e pela crítica. Hoje já soma apresentações em 11 países, incluindo os Estados Unidos, na Broadway, e Inglaterra, no West End. Depois de ser assistido por mais de cinco milhões de espectadores no mundo, a montagem original – com letras em português e elenco brasileiro – desembarca pela primeira vez no Brasil.

4- KARIN HILS

O papel de Deloris não poderia ser interpretado por outra pessoa. Karin Hils está simplesmente maravilhosa. Com presença marcante, não só fez jus à incrível e eterna Whoopi Goldberg como desvinculou-se e deu um toque único, próprio e à altura que todos os espectadores esperavam.

5- ELENCO

O elenco está incrível e engana-se quem pensa que Karin apaga o brilho dos outros colegas de palco. Todos os atores, sem exceção, estão dando um show de apresentação, com atuação, presença de palco, voz e entrega aos personagens impecáveis.

6- MÚSICAS

Na versão dos palcos, Mudança de Hábito apresenta uma trilha sonora marcante inspirada nos estilos musicais da Motown (soul e funk), passando por influências de Barry White, até grandes temas da disco music. A trilha sonora original tem músicas do vencedor do Oscar, Grammy e Globo de Ouro, Alan Menken (A Pequena Sereia, Pocahontas, A Bela e a Fera, Enrolados, entre outros), letras do indicado ao Oscar e ao Tony Awards, Glenn Slater (A Pequena Sereia), e texto dos vencedores do Emmy Awards, Cheri e Bill Steinkellner (do seriado Cheers). A direção ficou por conta do experiente Jerry Zaks, que acumula quatro Tony Awards em sua carreira e dirigiu recentemente “A Família Addams”, na Broadway e no Brasil.

7- OS HOMENS

Em um musical onde a maioria do elenco é feminino, os homens não ficam às sombras e fazem de seus personagens tão bons e marcantes quanto. Divertidos e absolutamente talentosos, deixam o espetáculo ainda mais interessante e envolvente.

8- PRODUÇÃO

A produção do espetáculo é de deixar o queixo cair. Os cenários são lindos, bem feitos e ricos em cada detalhe. Desde a primeira cena, onde Dalores começa cantando, com luzes e brilhos, até a última, onde o elenco todo reúne-se no convento.

Além disso, as músicas são tocadas ao vivo, embaixo do palco e de frente para o público. Para quem tiver curiosidade, é possível acompanhar tudo por uma televisão nos cantos do Teatro.

9- FIGURINO

O figurino é outro ponto alto do musical. As freiras, inclusive, mudam de hábito várias vezes, do mais básico ao mais brilhante, passando por muitas variações. Eddie, o policial interpretado por Thiago Machado, também chama a atenção quando em uma cena onde está cantando muda de roupa três vezes, com uma rapidez incrível.

No fim do espetáculo, todos estão com roupas de paetês, inclusive Eddie, a Madre Superiora e o Monsenhor, dando ainda mais alegria à cena.

10- EMOÇÃO

Apesar de ser uma comédia, o musical emociona. E muito! Na cena onde as irmãs começam a cantar juntas, afinadas, fica até difícil conter as lágrimas. E assim o espetáculo segue até o final: emocionante. Não por acaso, na última música o elenco levantou o teatro inteiro (que estava lotado), que batia palmas acompanhando o que acontecia no palco. E nesse momento, foi impossível não arrepiar da cabeça aos pés, vendo que a emoção não parava na platéia, e subia para o palco, onde a diva Karin Hils e alguns companheiros levavam as mãos aos olhos para enxugar as lágrimas enquanto dançavam.

Por Nathália Tourais

Atualizado em 23 Mar 2015.