Guia da Semana

Foto: Arnaldo T. Affonso


Uma viagem à Índia requer preparo, mesmo que se opte pela modalidade "luxo". A complexidade e os choques culturais são inevitáveis e recomendam toda a atenção, da dedicação ao planejamento. Optar por uma viagem muito econômica à Índia deve ser uma atitude consciente e ponderada: ela potencializa exponencialmente os riscos de dissabores, os contratempos e os aborrecimentos. Todavia, compreendo que todo viajante, antes de tudo, deve viajar, sejam lá quais forem suas possibilidades. Mas lembro que, para a Índia, o viajante deve esforçar-se por definir categorias superiores àquelas está habituado, sejam nas classificações dos hotéis, sejam nos roteiros e nas companhias aéreas.

Não tenho dúvidas de que a escolha de planos superiores resultará em um investimento altamente recompensador, cuja relação custo x benefício será muito favorável aos benefícios. Não aceite afirmações lineares de que, estando em hotéis de luxo, não conhecerá a "verdadeira" Índia, que não se misturará ao povo e não conhecerá a simplicidade autêntica: as opções de exploração do destino dependerão apenas de suas intenções. E a Índia não é apenas miséria.


Mais do que preparo, são necessários condicionamento (tanto físico como intelectual), conhecimento prévio e profundo do roteiro, algum conteúdo cultural e informações acerca da cultura do país e desprendimento - este último quesito em níveis bastante superiores e incomuns. A sujeira, a poluição, os riscos de doenças, a alimentação arriscada, a extrema demora nos deslocamentos, a infraestrutura precária - e, por vezes, inexistente -, os pedintes, os mendigos, os aleijados, os vendedores turísticos, os espertos trapaceiros, os ambulantes, os pilotos de riquixás, os esgotos a céu aberto, os odores dos mais desconhecidos aos menos publicáveis a arderem nas narinas e fundirem-se no cérebro.

Enfim, uma permanência na Índia é experimentar um conjunto de sensações que afetam os sentidos em profundidade e gravemente. É extremamente comum que o primeiro contato seja tão chocante quanto perturbador, que haja até certa tristeza e depressão. Todavia, esta é uma realidade tão inquestionável e democrática que acomete a todos, seja qual for o padrão da viagem e o preparo do viajante, mas que, em boa parte deles, deixa marcas extremamente positivas e relevantes. Entretanto, para principiantes, a chave do sucesso é o planejamento, que deve levar em conta itinerários equilibrados. Considere momentos de relaxamento e de exploração, contemple roteiros não insanos e mais lógicos, tenha em vista o equilíbrio entre o conforto e as experiências verdadeiramente legítimas de integração com o povo e sua cultura.


Quem é o colunista: Viajante, turista, fotógrafo e escritor amador de viagens.

O que faz: Empresário.

Pecado Gastronômico: Comer mais do que precisa e menos do que mereça.

Melhor lugar do mundo: O Rio de Janeiro (ou qualquer outro ao lado de minha mulher).

O que está ouvindo no carro, iPod, mp3: Pat Metheny Group.

Fale com ele: interatabr@yahoo.com.br ou visite seu blog.


Atualizado em 6 Set 2011.