Guia da Semana

Foto: Embratur

Passei dez dias, no começo do ano, no Pantanal. Neste período, constatei o extremo potencial turístico brasileiro e o seu aproveitamento pouco efetivo.

Se optarmos começar pelo potencial, os passeios pantaneiros são deslumbrantes. Rios tão limpos e cristalinos que sequer é necessário o uso de equipamentos para visualizar seus fundos e os seres que os habitam. Animais selvagens que, em qualquer outra situação, só seriam vistos com uma grade entre eles e os observadores. Para os interessados, pode-se aprender sobre hábitos e curiosidades de qualquer um desses seres-vivos, assim como sua importância para a região, diretamente dos lábios de nativos - a não ser, é claro, que você não fale português.

Aí, então, entra o fator do mau aproveitamento.

Na maioria dos passeios que estive, contei com a participação de pelo menos um turista vindo de outro país. Entretanto, apenas um dos passeios turísticos disponibilizou tradutores que pudessem transmitir aos visitantes o conhecimento que era passado aos demais participantes, vindos de outras regiões do mundo.

Mesmo nesse passeio, a infraestrutura de apoio aos turistas internacionais não foi completamente eficaz: um casal de italianos teve de se contentar com um tradutor espanhol, língua que a mulher compreendia, ainda que de maneira precária, repassando as informações para o marido.

Faz-se válido lembrar que o português é uma das línguas mais difíceis de aprender, com todos os seus tempos verbais, sinônimos e antônimos. Exigir que turistas tenham que aprendê-la para que possam aproveitar mais intensamente a viagem que se dispuseram a fazer, apresenta-se como um empecilho ao turismo no território brasileiro.

Embora tenha me focado no Pantanal, exemplos disso podem ser observados por toda a extensão brasileira: ingleses com dificuldade para fazer seus pedidos no McDonald´s e australianos incapazes de comprar uma passagem de ônibus para outra cidade, entre outros.

Tratando-se do turismo uma das principais fontes da renda nacional - fora os incontáveis benefícios agregados ao local onde a atividade se desenvolve -, medidas devem ser tomadas para que seu aproveitamento seja muito mais efetivo e a atividade torne-se naturalmente estimulada.

A falta de preparo dos atendentes quando o quesito é se comunicar e atender as necessidades de turistas vindos de fora é notável e inaceitável. É claro que não se deve exigir tal domínio linguístico da massa trabalhadora - apesar de uma segunda língua ser um quesito de extrema importância para o mercado de trabalho.

Faz-se necessário, portanto, um investimento por parte dos empregadores. O pagamento (mesmo que parcial) de cursos de línguas para os funcionários, resultaria num atendimento muito mais preparado para a onda de turistas, se revertendo numa medida favorável aos lucros, cobrindo os investimentos.

O Brasil já possui os atrativos naturais e chama os olhos de curiosos pelo mundo todo. A única coisa que falta é preparo e infraestrutura para suprir as necessidades dos mesmos.

Quem é a colunista: Gisele Zwicker. Para ela, um fim de semana perfeito envolve um bom livro, um bom filme e uma ida ao teatro.

O que faz: Preparando-se para prestar o vestibular.

Pecado gastronômico: Filé de frango com arroz.

Melhor lugar do Brasil: São Paulo, Capital. Não há lugar melhor que o lar.

Fale com ela: [email protected]

Atualizado em 6 Set 2011.