Guia da Semana

Foto: Arnaldo T.Affonso


Agra é apenas mais uma entre as atrações de uma série fenomenal, ainda que sobre ela pesem as mais assustadoras qualificações que já li sobre a cidade: suja, fétida, agressiva, infernal, sinistra, tormentosa e trapaceira. Não posso, efetivamente, desqualificá-las, mas asseguro que o turista decidido a conhecer Agra além do óbvio, como o Taj Mahal, o Forte Vermelho e Fatehpur Sikri, viverá experiências genuinamente enriquecedoras e tocantes.

Aquele que, amedrontado pelas resenhas negativas, deixar-se influenciar a ponto de optar por não conhecer a cidade, também deixará de viver momentos deliciosamente inesquecíveis: misturar-se ao povo e conhecer a genuína vida cotidiana de Agra, o seu comércio popular, as suas ruas vivas, o dinamismo criativo de sua gente, as crianças banhando-se nas calçadas, a mesquita Jama Masjid, o jardim Mehtab Bagh, o mausoléu de Itmad-ud-Daulah e o mausoléu de Akbar em Sikandra, bem pertinho da cidade. Para evitar os tormentos, basta estar acompanhado de um guia. Indiano e confiável, é claro.


A história de Agra é tão rica quanto é pobre a cidade. Escancarada nos monumentos, ruas e fachadas, não é preciso ir muito além para perceber o esplendor do império mogol. Um roteiro a pé e de riquixá pela cidade - passeio turístico incomum - resultará na vivência dos momentos mais do "outro mundo" que se possam viver na Índia, aqueles que excedem nossas melhores tentativas de descrevê-los.

Ninguém pode imaginar que o Taj Mahal perca imponência em qualquer equiparação com outras atrações. Mas ainda que incomparável, nem por isso o Forte de Agra torna-se menos magnífico. O Taj é uma preparação a que o visitante se submete para todas as novas emoções que estão por vir.

A entrada para o forte é pelo Amar Singh Gate, uma homenagem a Rathore Amar Singh, um guerreiro extraordinariamente corajoso e leal a Shah Jahan. Originalmente, este portão era conhecido como Akbar Darwazza, ou "Portão Akbar".

O forte é uma cidadela construída na margem e em uma curva do rio Yamuna pelo imperador Akbar nos anos 1500. Cercado por um fosso - como convinha a uma fortaleza - é de uma imponência tal que, de novo, arrebata o visitante, tanto por dentro quanto por fora.

O forte não fica muito longe do Taj Mahal, tem grande relevância na história do país e, para o turista, representa uma sucessão de prazeres e encantamento. Cercado por uma muralha dupla com dois quilômetros de extensão e 20 m de altura, um paredão espetacular vazado por duas portas monumentais - o Portão de Delhi e o Portão de Lahore (ou de Amar Singh) - o complexo abriga duas joias em seu interior: os palácios de contos de fadas de Jahangir e de Akba, grandes exemplos de arquitetura e ornamentação.

Suas salas de audiência Diwan-i-Khas e Sheesh Mahal (o Palácio de Vidro) são incrivelmente ornadas, e uma delas tem o interior inteiramente incrustado de milhares de espelhos originais da época em que era o camarim do harém.

Na fortaleza, também há um interessante harém, duas mesquitas e alguns dos jardins com espelhos d`água mais luxuriantes de toda a região de Utar Pradesh. Os dois palácios em curioso estilo eclético mesclam talentosamente as arquiteturas hindu, mogol e persa. Eles dão ao complexo sua personalidade residencial, não militar.

Leia as colunas anteriores de Arnaldo T. Affonso:

O Mausoléu de Akbar

A Índia surpreende

A Índia requer preparo

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Atualizado em 6 Set 2011.