Guia da Semana

Foto: Arquivo Pessoal

Em San Pedro do Atacama, o difícil é decidir, em todas as manhãs, qual o programa fazer. São muitas opções para todas as idades, gostos e graus de dificuldade, além do cardápio variado, que é uma delícia.

Nós tentamos fazer uma programação variada e em um grau de dificuldade médio-baixo, pois não somos sedentárias, mas estamos longe de sermos grandes aventureiras!

San Pedro do Atacama está a 2.400 metros de altitude e o Vale da Lua está situado a menos de dez minutos do centro do vilarejo. O deserto do Atacama é considerado o mais alto e mais árido do mundo. E um fato curioso que aconteceu enquanto estávamos por lá: nós pegamos chuva e isto não acontecia há cerca de sete anos na região.

Voltando ao Atacama, o inverno nos brinda com temperaturas amenas durante o dia e muito frio ao cair do sol. A alta estação por aqui é nos meses de verão, onde o calor chega a 35 graus. Partimos, então, para a caminhada à tarde. O sol estava fraco e já sentíamos um pouco de frio. Aconselho a iniciar com um passeio deste tipo e durante esse horário, pois o corpo pode ir se adaptando à altitude sem muito esforço. Apesar do terreno acidentado, cumprimos o trajeto sem baixas.

O Vale da Lua faz parte da Cordilheira de Sal formada por um lendário lago, cujo fundo foi levantado e verticalizado pelos mesmos movimentos da crosta terrestre que criaram a Cordilheira dos Andes. Em três horas de caminhada, conhecemos bastante daquela região e até experimentamos cristais de sal tirados das rochas.

Outo ponto turístico que conhecemos foi o Vale da Morte, batizado por um expedicionário francês que queria nomeá-lo Vale de Marte, mas foi mal entendido pelo locais. Também localizado na Cordilheira de Sal, a poucos metros da entrada da cidade de San Pedro, por aqui passava uma antiga estrada que ligava o interior da Bolívia ao litoral Chileno. Para esse passeio, cavalgamos cerca de três horas.

As montanhas do Vale da Morte são mais íngremes e o solo mais arenoso, lembrando, em alguns locais, as dunas Marroquinas ou, pensando mais próximo, as de Cidreira.

Os cavalos do hotel Explora são vigorosos e, segundo nos informaram, uma mistura de crioulo chileno com inglês. Seguimos o caminho com dois guias e um huaso, como os gaúchos são chamados no Chile. No meio do caminho, convidaram as mais experientes para galopar e eu me arrisquei nesta empreitada. Posso dizer que foi no mínimo emocionante , mas o galope vigoroso deixou suas marcas no dia seguinte!

O povo de lá é chamado de atacamenho e sua língua é o kunza, um idioma que está em extinção. Há vestígios de arte rupestre datando de 4500 anos na região de Taira, que não chegamos a visitar. Em San Pedro, o Museu Arqueológico Gustavo le Paige oferece oportunidade de ver a arte local, principalmente do período Quitor (400 - 700 d.C.), o auge desta civilização, que foi sucedida pelos Incas.

O Vale da Morte é muito procurado para passeios de bicicleta, algo que eu desaconselho por causa da areia fofa e também para sand board, o que deve ser muito legal, tirando a subida das dunas à pé!

O Salar de Atacama localiza-se a 55 Km ao sul de San Pedro, medindo 80 Km de largura por 100 Km de comprimento. Partimos do Explora em uma van no meio da tarde, aproveitando para, no caminho, conhecer a pequena vila de Toconao.

O Salar oferece paisagens deslumbrantes, principalmente ao cair do sol, quando as cores mudam, criando um espelho colorido em suas lagunas brancas. O parque nacional dos flamingos, Socor, é um local de proteção e estes animais elegantes se incorporam à paisagem em tons de rosa e branco.

"Quantos quilos pesa um flamingo?". Foi a pergunta que nos fizeram por lá. Apostas de 6 a 25 quilos foram feitas, mas ninguém se aproximou da realidade. O pássaro pesa em média 1,5 quilo, pois seu corpo é pura pluma. Uma elegância só! Os animais colocam apenas um ovo por ano e os locais de proteção são fundamentais para a preservação da espécie.

Do Salar é possível enxergar a Cordilheira e seu vários vulcões. O Vulcão Kimal é um deles. Alguns passeios levam, por meio de escaladas, a estes montes, mas estes eu deixo para vocês irem e me contarem depois, ok?

Na próxima, vou contar sobre os Geisers, Termas de Puritama e darei algumas dicas na cidade de San Pedro. Até lá!

Leia a coluna anterior de Mylene Rizzo:

Aventura no Chile


E no calor...


Um roteiro que vale a pena


Quem é a colunista: Mylene Friedrich Rizzo.

O que faz: Fala sobre história no curso "Encontros com Arte" e acompanha grupos de viagens culturais.

Pecado Gastronômico: doce de ovos.

Melhor lugar do mundo: é o próximo para onde vou viajar.

Fale com ela: mrizzo@terra.com.br ou acesse seu blog Viajando com Arte.

Atualizado em 6 Set 2011.