Guia da Semana

Fotos: sxc.hu


Ele nasceu como uma prática urbana, paralelo ao movimento Hip Hop que crescia nos guetos norte americanos em meados dos anos 60. Batizado como streetball, no Brasil, ele ganhou o asfalto com o nome de basquete de rua. No início, foi ofuscado pelo seu equivalente no futebol, a pelada. Com o tempo, a cena mudou e a resistência, ao poucos, esmorecia dando espaço para as primeiras partidas que surgiam tímidas, na década de 90.

Os parques, sendo ambientes que congregam diversão e lazer no mesmo local, se tornaram cenários comuns para as competições. Bastava ter uma tabela disponível e um grupo de amigos para o jogo rolar.

A modalidade é uma continuidade do basquete de quadra, mas, diferente do método tradicional, requer mais agilidade e criatividade, nesse caso, a altura não é um critério indispensável. Vendo de longe, as regras são as mesmas do padrão indoor: cada time tem quatro integrantes, que competem entre si. No entanto, a arbitragem não é tão rígida. Outro modo de jogar, mais popular que o anterior, é utilizando apenas meia quadra; com esse formato, cada equipe tem apenas três membros.

A diferença entre o basquete de rua e o convencional está nas estratégias que não recebem tanta ênfase e são determinadas pela habilidade dos gamers e têm mais importância que os pontos marcados. Por conta disso, as partidas se transformam em verdadeiros espetáculos de acrobacias e manobras.

Marcando pontos
Ao prestar atenção na febre que se tornava hábito entre o público jovem, no ano de 2002, a Central Única das Favelas (CUFA) tomou a frente das partidas, institucionalizando a modalidade, com a criação da Liga Brasileira de Basquete de Rua (Libbra). A entidade assumia então a função de gestora de campeonatos nacionais.

A proposta repercutiu tão bem que, em 2004, faltou espaço para todos os interessados. Por esse motivo, a CUFA organizou a primeira edição da Libbra, somente em 2005. O torneio teve sete etapas e, no total, envolveu 96 times masculinos e 96 times femininos de todo o Brasil, além de um time masculino de Cabo Verde, país africano.

Em parceria com a Confederação Brasileira de Basquete, o Ministério dos Esportes e a Eletrobrás, a Cufa tem, hoje, escolinhas de basquete de rua na Cidade de Deus, no Complexo do Alemão, em Acari e em Nova Iguaçu.

Do esportivo ao oficial
O hábito pelo basquete de rua funciona como uma faca de dois gumes: além de ser uma prática meramente esportiva e descompromissada, o esporte também é um caminho para aqueles que querem ir para quadras indoor.

Ultrapassando às barreiras do cenário urbano, a modalidade angariou conquistas, chegando a integrar o calendário oficial dos Jogos Pan-Americanos de 2007. Dessa vez, os cariocas levaram o título de campões, na final contra o time paulista da AND1. Conforme manda o figurino, a decisão teve um show de cravadas, pontes aéreas e belos lances.

O sexto elemento
Dividindo a cena com o MC (mestre de cerimônias), o DJ (disc-jockey), o break (dança executada por B.Boys ou B.Girls), o grafite (arte de rua) e o conhecimento (parte de estudos teóricos), o basquete de rua é somado a cultura Hip Hop, como mais um elemento, que vale pela harmonia entre corpo e mente.

Enquanto o rap dá conta do recado discursivo, ao parafrasear o contexto social, da periferia, o basquete de rua marca pontos e mostra a que veio, ao propor um novo conceito que agrega valores urbanos a um esporte de quadra.

Conheça também melhor o projeto Cufa Besquete de Rua

Atualizado em 1 Dez 2011.