Guia da Semana

Fotos: Gabriel Oliveira


As previsões para o trânsito de São Paulo, em 2014, apontam que um grande engarrafamento irá acontecer na cidade devido ao aumento excessivo de automóveis nas ruas. Além disso, os problemas de saúde e do meio ambiente também crescerão gradativamente. Pensando nessa causa, a rede Porto Seguro junto com os estacionamentos Estapar resolveram implantar o projeto Bicicletários na capital paulista.

O projeto teve início no final do mês de janeiro e tem a intenção de estimular o uso das bicicletas nas ruas, fazendo com que os segurados criem o hábito de pedalar e assim tirem seus automóveis de circulação. Foram instalados sete bicicletários na rede Estapar, sendo que, cinco estão na região da avenida Paulista e outros dois ficam no Centro. Vale lembrar que o segurado não precisa ir de carro até o estacionamento, mas os que forem terão que arcar com as despesas do período em que lá permanecer, tendo um desconto de 30% no valor total. Aqueles que não possuem o convênio Porto Seguro AUTO não estão aptos a utilizar o serviço. Porém, se quiserem, podem guardar suas ´bikes´ nos paraciclos, por um período de 12 horas, arcando com a tarifa de R$ 2,00.

A empresa já atende alguns chamados de "socorro" através de bicicletas. Caso seja algum reparo que possa ser feito de imediato no automóvel, o mecânico se dirige ao local, também pedalando. O mesmo acontece quando o segurado estiver utilizando a ´magrela´ retirada do bicicletário. O monitor leva uma em melhores condições e recolhe a quebrada.

Três meses após o lançamento, nem todos sabem da novidade. A divulgação ainda segue em velocidade de bicicletas. A assessoria de imprensa da Porto Seguro diz que "o projeto é divulgado por meio dos corretores de seguro e informações enviadas da própria empresa para sua carteira de clientes. Logo será iniciada também uma campanha de divulgação, mas ainda sem previsão".

Serviço limitado

A iniciativa é exemplar, mas é preciso investimento pesado para que a sociedade se interesse. O uso do serviço, ainda restrito, acaba inibindo outras pessoas de aderir à causa. Nem todos conseguem ter um seguro de carro. Em uma das maiores cidades do mundo, como São Paulo, limitar os bicicletários à região da Paulista é, ao mesmo tempo, tirar o interesse do cidadão em pedalar. É necessário estender, de forma considerável, os pontos de retirada e entrega das bicicletas, fazendo com que a pessoa pense duas vezes antes de pegar o carro e enfrentar o trânsito, ao invés de usufruir do projeto.

O Guia da Semana foi até aos estacionamentos conveniados para saber mais sobre a utilização e procura deste serviço. Cada bicicletário tem um monitor que cuida do fluxo de saída e entrada, preenchimento de formulários, entrega e recolhimento dos equipamentos. Os monitores, terceirizados, informam que as pessoas recebem a notícia desta nova empreitada de forma agradável e surpresa, porém ainda não se interessam em praticar. "Aqui as pessoas trabalham de terno e gravata, não vão querer andar de bicicleta", explica o monitor.

Com esse limite de uso, as bicicletas ficam paradas nos estacionamentos durante a semana e são utilizadas apenas aos sábados e domingos. Ou seja, ao invés de servir como uma solução para os problemas do trânsito, o serviço está sendo visto como lazer. Ainda de acordo com os monitores, "as pessoas retiram as bicicletas para passear no parque do Ibirapuera, de sábado e domingo e depois devolvem". Raros são os casos em que a utilização é feita durante a semana. Em um dos bicicletários, após os 90 dias de funcionamento, uma só pessoa usou a bicicleta para trabalhar durante a semana, as outras pegam para passeios no fim de semana.

Falta estrutura

Para que o público possa abraçar a causa, é necessário meios mais confiáveis e seguros. Além dos pontos estendidos para utilização do serviço, a bicicleta disponibilizada precisa ser atrativa e confortável, o que não ocorre com as que se encontram nos locais conveniados. Elas são de fabricação simples, feitas com material de ferro, pesadas, sem amortecedor e num formato feminino. Hoje, já existem ´bikes´ de alumínio, com amortecedores traseiros e dianteiros, que estimulam ainda mais a prática das pedaladas.

Mas o principal motivo, segundo os monitores e funcionários da Estapar, para a falta de interesse dos conveniados é a falta de estrutura e segurança para andar de bicicleta nas ruas de São Paulo. "O pensamento é legal, mas não tem espaço para andar de bicicleta", afirma Valdecir Jerônimo, manobrista da Estapar.

O respeito também é essencial. As pessoas olham de forma preconceituosa para os que estão pedalando e automaticamente não se preocupam com a integridade destes. Os motoristas querem apenas saber do espaço que os ciclistas estão ocupando nas ruas. Ter uma rede de ciclovias é essencial para quem quer mudar os hábitos culturais de uma sociedade acostumada a andar sobre quatro rodas. Em São Paulo, há menos de 30 quilômetros de ciclovias. Boa parte em condições precárias. O cidadão brasileiro tem medo de pedalar. Não basta fazer campanhas pró-bicicletas. Primeiro, é preciso ter estrutura.


Projeto ´Bicicletários - Porto Seguro/Estapar´

Empréstimo de bicicletas: somente para segurados Porto Seguro AUTO - gratuito (das 6h às 20h).

Estacionamento para bicicletas: gratuito para segurados Auto;
R$ 2,00 para não-segurados, por um período de 12 horas.

Estacionamentos Estapar participantes:

- Hospital Santa Catarina - Avenida Paulista, 200.
- Top Center - Alameda Joaquim Eugênio de Lima, 424.
- Garagem subterrânea Trianon - Alameda Jaú, 850 (entrada e saída pela Alameda Santos, s/nº).
- Conjunto Nacional - entrada pela Rua Padre João Manuel, 60.
- Garagem São Luís - Avenida Paulista, 2378.
- Shopping Frei Caneca - Rua Frei Caneca, 569.
- Novotel Jaraguá - Rua Martins Fontes, 71 - Centro.


Atualizado em 6 Set 2011.