Guia da Semana

Foto: Leonardo Filomeno


Situado numa área de 820 mil metros quadrados e coberto por Mata Atlântica original, o Parque Zoológico de São Paulo é considerado o maior Zôo da América Latina em diversidade de espécies e está entre os dez maiores do mundo no mesmo quesito. Com 50 anos de fundação, o local foi inaugurado com apenas 482 animais, crescendo ao longo das décadas mais de sete vezes e atualmente conta com 3,5 mil bichos, sendo esses de até 450 espécies diferentes.

No parque, pode-se encontrar os felinos: leões, tigres e gatos; animais grandes e pesados: elefantes, hipopótamos e rinoncerontes; os brincalhões: macacos e micos; enfim, uma diversidade que agrega a fauna africana, européia e principalmente a brasileira. Em toda sua história, o Zôo já recebeu 77 milhões de pessoas, com uma média de 1,5 milhão por ano. Há pouco tempo o parque bateu o recorde, com 25 mil visitas em um único dia.

Foto: Glória Jafet
Com a divulgação da chegada do orangotango português Sansão no aniversário de 50 anos do parque, em 15 de março, promete ser outra atração bem requisitada, pois o público tem como preferência animais de grande porte, como girafas, elefantes e felinos em geral, competindo com as serpentes, que despertam o medo e a curiosidade das crianças. Embora não tão procurados, os visitantes começaram a adquirir interesse pelos animais nativos, que habitam nossas florestas, como o Tamanduá Bandeira, o Lobo-Guará, as Araras e o Mico Leão.

A maioria dos animais que chega ao zoológico vem de cativeiro, por isso conseguem se adaptar melhor a esses ambientes. Até o começo do século XX, existia a caça para levar os exóticos para os zôos, hoje já não faz parte das ações de parques idôneos. Eventualmente, a polícia ambiental captura traficantes de animais e encaminha os bichos para o parque. Antes, porém, é preciso passar por uma quarentena, evitando assim a epidemia por algumas doenças e avaliando qual o melhor recinto para cada um, seguindo sempre as normas do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis).

Fome animal

Toda essa bicharada reunida representa um consumo de aproximadamente quatro toneladas de alimentos, sendo um deles somente de carne. A maioria do cardápio é produzida em uma fazenda que pertence ao Zoológico, em Araçoiaba da Serra (117 km de São Paulo). No local, boa parte dos vegetais, milho, soja, sorgo, frutas e verduras variadas são plantadas com o mínimo de agrotóxico. As carnes são compradas de um frigorífico com uma variedade que respeita o cardápio de cada animal.

Para complementar, o Zôo possui um Biotério, ou seja, um setor onde se cria animais para o abate, entre eles os coelhos, porquinhos da índia, pintinhos, codornas, baratas, grilos e tenérios (larva do besouro da farinha), tudo isso serve de alimento e são abatidos em câmeras de gás com CO2, sem causar dor para os bichos.



Opções de lazer

Foto: Leonardo Filomeno
Os visitantes que freqüentam o Zoológico durante o dia percebem que alguns animais não estão lá com muita vontade de receber visitas. O biólogo Guilherme Domenichelli, que trabalha no parque há sete anos, explica o motivo: "muita gente reclama quando vem para cá dizendo que o leão fica deitado, o tigre só dorme, que a gente não cuida direito. Eles são animais de hábitos noturnos e durante o dia dificilmente o público vai ver o tigre e leão acordado, o hipopótamo fora d´água".

Para resolver esse problema, o parque criou a Visita Noturna ao Zôo. Com grupos de 70 pessoas, os monitores primeiro abordam alguns assuntos do passeio no anfiteatro, depois andam por um percurso pré-determinado no parque para ver os animais de hábitos noturnos acordados. Trabalhando com o Programa de Enriquecimento Comportamental Animal, coloca-se carne pendurada, essências, tudo para eles interagirem no espaço, como os felinos leopardo-neve e lince, jacarés, lobos e tamanduás. Ao fim da atividade de três horas, um lanche é serviço ao público.

Além disso, o parque realiza passeios monitorados durante o dia, com saídas de manhã ou à tarde. Biólogos andam com os grupos por parte da Mata Atlântica, visita à cozinha do zôo, o biotério e assistem apresentações de animais treinados - leões marinhos e serpentes - adaptando as informações para os diferentes tipos de público, seja ele infantil, adolescente, universitário, professores ou simplesmente visitantes comuns.

Foto: Leonardo Filomeno
Pensando nas dificuldades dos deficientes visuais, o Zôo realiza uma visita especial para esse grupo, priorizando os animais que abusam do aspecto sonoro, como araras e pássaros, ou animais que exalam odores particulares, como o cachorro do mato e porcos. "Nós levamos bichos de plásticos e explicamos como são, sempre através do contato físico, como exemplo, um passeio que levamos uma corda para mostrar o comprimento da tromba do elefante", explica Guilherme.

Depois de 30 anos na mão de uma empresa particular, o Simba Safari foi incorporado como área de controle do Zoológico de São Paulo, tornando-se o Zôo-Safari. Nele, o público visita - dentro do carro particular ou do microônibus alugado do parque - os animais soltos em seu habitat natural. Passando por vários territórios, como o dos pavões, emas, hipopótamos, cervos, macacos, entre outros, com a possibilidade de comprar a ração e dar para os bichos. O Zôo planeja produzir cartilhas para entreguar na entrada com explicações sobre os animais, percursos e hábitos.

Próximos projetos

Referência no estudo de reprodução de espécies, o Zoológico mantém vínculos com parques Europeus e Americanos. "Nós mantemos uma parceria com os Zoológicos Europeus, responsáveis pelo Programa de Conservação de Espécies Ameaçadas, que, entre outros bichos, recebeu o orangotango Sansão e este ano ainda ganha mais três animais da espécie, para formarem dois casais. Em troca enviamos raros felinos brasileiros, como os Gatos: do Mato Pequeno, Mourisco, Palheiro, Maracajá. Nesse intercâmbio, além de evitar o fim das espécies, trocamos experiências para tentar pulverizar os animais em extinção no mundo", enfatiza Guilherme Domenichelli.

Foto: Leonardo Filomeno
Nessa troca, muitos bichos integraram-se ao parque. Em 2006, veio um casal de tigres-brancos da França, o Baboo (macho) e a Tainá (fêmea). Em 2007, foram oito chimpanzés do Zôo de Lisboa (Portugal) e depois nasceram mais duas fêmeas. No final de 2007 três girafas vieram da África do Sul, cujos nomes as crianças escolheram através de um concurso (Palito, Cristal e Mel). O concurso serve para atrair e fazer o público interagir com o parque.

"O Zoológico de hoje não é só a exposição pura e simplesmente dos animais, ele quer trabalhar como público, principalmente as crianças que, participando, aprendem sobre os animais e passam a preservar a natureza. Esse é o papel fundamental de um Zôo moderno", afirma o biólogo Guilherme.

Curiosidades
Rinoceronte Cacareco

? Chegou para inauguração em 1958, emprestado pelo Zôo do Rio de Janeiro, e foi bem quisto por todo o público paulistano. Era época de eleição para vereadores na cidade de São Paulo e, devido a um descontentamento com os candidatos, o público resolveu escrever nas antigas cédulas de eleição o nome do rinoceronte Cacareco. Ele foi o vereador com maior número de votos na cidade de São Paulo, (100 mil votos). Não empossou e depois voltou para o Rio, onde faleceu.

Hábitos alimentares inusitados

? A elefanta Teresita é o bicho mais alimentado do parque. Chega a comer até 100 quilos por dia em três ou quatro refeições. Sua dieta é composta de capim, cana-de-açúcar e frutas.
? Os ursos-de-óculos Bob e Marley possuem um cardápio mais sofisticado, com ração com iogurte natural, frutas variadas e mel.
? O Iguana é um lagarto excêntrico, nas suas refeições a prioridade são pétalas de rosa.
? O Zôo teve que quebrar a cabeça até descobrir que um morador do parque, um tigre, tinha alergia a carne bovina, causando perda de pelo. Depois de muitos estudos, descobriu-se que ele poderia comer carne de ovelha.



Serviço:

Zoológico de São Paulo
Horário: terça a domingo, das 9h às 17h
Ingresso: Adultos e crianças acima de 12 anos: R$ 12,00; crianças de 7 a 12 anos: R$ 3,30; estudantes: R$ 6,00. Excursões de escola estadual não pagam estrada

A Visita Monitorada custa R$ 20,00 por pessoa e acontece no período da manha ou a tarde. No caso de excursões escolares, a cada 10 crianças, um professor ou monitor participa gratuitamente.

Para deficientes físicos, a Visita Monitorada é grátis

A Visitação Noturna ao Zôo acontece duas vezes por mês, sempre às sextas, a partir das 18h45.
Preço: R$ 60,00 por pessoa; crianças de 5 à 10 anos pagam R$ 40,00.
Datas: 11 e 25 de abril, 9 e 30 de maio e 13 e 27 de junho

Para participar, inscrições pelo telefone 5073-0811, ramais 2128 ou 2141

Fonte:
Guilherme Domenichelli, biólogo

Site: www.zoologico.sp.gov.br

Atualizado em 6 Set 2011.