Guia da Semana

Foto: Getty Images


Esses dias eu peguei um voo e duas aeromoças sentaram-se ao meu lado. Mas não eram as aeromoças do voo, eram outras que estavam pegando uma carona. Duas passageiras cujas profissões eram ser aeromoças. Elas estavam sentadas como cidadãs normais, só que suas roupas eram de aeromoça... você entendeu, né?

Interessante que, antigamente, eu lembro, era um requisito: pra ser aeromoça tinha que ser jovem e bonita e vice-versa. Hoje em dia, não. Ultimamente eu tenho visto umas aeroidosas (velhas), outras meio aerohebes (pré-históricas) e outras aerodilmas (feias)... Quem disse que pessoas acima dos 70 não têm lugar no mercado?

Eu estava sentado na janela. Durante o voo, a que estava sentada do meu lado se comportou como se fosse aqueles CDFs chatos da escola, saca? Por exemplo: ela afivelava o cinto de segurança momentos antes da aeromoça dar essa instrução, colocou a poltrona na horizontal também momentos antes da instrução e desligou o celular um pouco antes da aeromoça pedir. Era como se pensasse:

- Eu sei! Trabalho aqui há um tempão. Tenho tudo decorado.

Só que eu tenho o meu tempo pra fazer as coisas. Geralmente não faço na hora em que a aeromoça dá as instruções. Eu sempre deixo que ela olhe pra mim e aponte o que tenho que fazer como se fosse um jogo dos sete erros:

- Por favor, coloque a mala no bagageiro, afivele o cinto, deixe a poltrona na horizontal, desligue o celular, levante a mesinha, coloque as calças e apague o fogo da poltrona ao lado.

Com aquela aeromoça meio sistemática do meu lado, não deu pra esperar até a outra aeromoça chegar e pedir pra eu fazer.

- Com licença, acho que o senhor não ouviu as instruções que a minha colega acabou de dar.

Sabe aquela irritação que vem do nada? Então... foi como se eu fosse uma mulher na menopausa, porque não veio pra mim. Nada de irritação, ao contrário, decidi me divertir com a situação - afinal, nunca vi uma aeromoça nervosa. Resolvi brincar com a neurose dela.

- Putz, não ouvi. Tava distraído. Só peguei a parte em que ela fala inglês.

- Então, por favor, senhor!

- Mas eu não entendo inglês.

Com aquele tom que poderia muito bem ser usado em callcenter, ela disse:

- Por favor, afivele o cinto, coloque a poltrona na horizontal, desligue o celular e levante a mesinha.

- Será que você pode falar mais devagar? Eu tenho um problema de memória e acabei esquecendo o que você disse no começo da frase.

E ela começou falando pausadamente, até que a aeromoça sentada ao lado dela riu e disse:

- Silvana, você não conhece o moço? Ele é do CQC. Tá te zuando.

Ela acabou com a minha diversão porque a outra se tocou. Isso fez com que eu perdesse todo o entusiasmo em sacaneá-la. Sendo assim, já não posso mais dizer "isso nunca aconteceu comigo", porque, naquele dia, o que aconteceu nada mais foi do que uma brochada com uma aeromoça.

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Quem é o colunista: Um ser humano com uma personalidade muito parecida com a do Pica-Pau.

O que faz: Sou ator, humorista, repórter e um representante Jequiti.

Pecado gastronômico:
Gosto de sorvete, sorvete também me atrai, às vezes sorvete e, pra variar, um milk-shake.

Melhor lugar do mundo: Sorveteria.

O que está ouvindo no carro, iPod, mp3: Pearl Jam, música clássica e Cavaleiros do Forró.

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Atualizado em 6 Set 2011.