Guia da Semana

Foto: Airton Libanori


Todo mundo já sonhou em voar, ter a liberdade dos pássaros, planar livremente pelos ares e ver tudo pequenininho lá de cima. A ambição de conquistar o céu já é antiga ao ser humano. O primeiro planador da História data aproximadamente 300 anos antes de Cristo, quando o filósofo Architas fez uma tentativa malsucedida com seu projeto de "asas". Dois séculos depois, surge o mitológico Ícaro, considerado o homem voador. Após algumas outras tentativas frustradas de inventores do mundo inteiro, em 1480 o gênio italiano Leonardo Da Vinci desenvolve o que seria a primeira engenhoca voadora realmente eficaz. Mas a história da asa delta não é tão antiga quanto o desejo do homem em planar no vento.

Só depois da 2ª Guerra Mundial que o voo livre de fato apareceu. O pesquisador norte-americano Francis Rogallo foi o primeiro a registrar a patente das asas flexíveis, em 1951, e a NASA queria usar o projeto como alternativa para trazer de volta suas cápsulas espaciais de volta à Terra. Mas Rogallo tinha outros planos. Surgida da vontade do pesquisador em criar uma aeronave simples e barata o suficiente para que qualquer pessoa pudesse ter uma, sua invenção já nasceu predestinada ao sucesso e deu asas ao desejo de voar.

Essa descoberta foi fundamental para o surgimento do esporte e da prática da asa delta, que hoje é opção certa para quem gosta de altura. Um dos fundadores do Clube de Voo Livre do Litoral Paulista, em São Vicente, Tuffy Elias, é piloto há 31 anos e referência nacional de voo. Ele diz que quase não há restrições para voar. "A pessoa só precisa ter vontade, não ter problema grave de saúde ou pesar acima de 100 quilos, e estar com os equipamentos certos para manter a segurança". A idade mínima para a prática, de acordo com a Associação Brasileira de Voo Livre, é 16 anos. "A maioria que pula é jovem, mas já voei com pessoas de 77 anos", afirma Elias.

Quem quiser voar sozinho deve fazer um curso preparatório com uma média de 15 aulas. Os saltos mais comuns, chamados voo duplos, são feitos com instrutor e custam em média R$ 200, 00, variando de local para local. O estudante Arthur Facchini, 20, planou do Morro do Voturuá, mais conhecido como Morro da Asa Delta, no litoral paulista. "Sempre tive medo de altura, mas a vontade de voar era mais forte", conta. "Em compensação, me senti mais seguro na asa do que subindo no teleférico para a rampa de voo", brinca o corajoso aprendiz, que ganhou o passeio de aniversário e afirma que valeu a pena. "A sensação é de liberdade e bem-estar. Sentir o vento no rosto e acompanhar de perto os pássaros é indescritível, só mesmo voando para entender".

Investimento

Foto: Arthur Facchini


O programador Daniel Libanori, 27, voa desde 2006 e já fez aproximadamente 60 planagens. "Experimentei paraquedas, parapente, escalada e rapel, mas me apaixonei mesmo pela asa delta. Não foi uma escolha, foi amor à primeira vista". Daniel gostou tanto do esporte que resolveu investir R$ 1.500,00 no curso para voo solo, mais o preço do equipamento. "O curso durou cinco meses e exige disciplina, pois geralmente é nas manhãs dos finais de semana, então nada de balada no dia anterior".

A prática no Brasil só vem crescendo nos últimos anos. "Atualmente está aumentando muito por causa da novela das oito", afirma Elias, que não tem número exato, mas faz mais de 300 voos por ano no clube. Não há dados concretos sobre o número de voos, mas o vice-presidente da Associação Brasileira de Voo Livre, Haroldo de Castro Neves afirma que "nos estados do sul e sudeste é onde tem a maior concentração de praticantes".

A altura média de voo é de mil a três mil metros e dura de 15 a 30 minutos. O equipamento básico da asa delta consiste em algumas partes fundamentais: Cinto especial, paraquedas de emergência, capacete e dois mosquetões (anel metálico usado para passar a corda). Atualmente, na busca incessante por maior segurança e performance, o brinquedo se modernizou e já não é tão simples e barato como Rogalli desejava. Os equipamentos mudaram, deram lugar a asas mais modernas e leves, projetadas por engenheiros aeronáuticos, possui GPS, variômetro (aparelho que mede altura) e rádio. A asa mais barata custa em média R$ 3 mil, e alguns modelos chegam a custar mais de R$ 20 mil.

A prática por aqui é popular. Os únicos estados que não o praticam são Alagoas, Amapá, Amazonas, Acre, Piauí e Pará. O Brasil também foi campeão mundial de asa delta por equipe em 1999 e continua sendo um dos países do mundo com maior nível técnico e de praticantes. Confira algumas das principais rampas espalhadas pelo país e aventure-se:


Local: Clube de Voo Livre do Litoral Paulista
Endereço: Alto do Morro do Itararé, s/n - divisa de São Vicente e Santos / SP
Horário: domingo a domingo, 10h às 18h
Telefone: (13) 3568-8043
Preço: R$ 220,00

Local: Academia de Voo Livre de Atibaia
Endereço: Rua Comendador Jacomo Antônio Laselva, 45 - Atibaia / SP
Horário: segunda a sexta, 8h às 17h30
Telefone: (11) 4411-7619
Preço: R$ 200,00 com transporte incluso

Local: Federação de Parapente e Asa Delta do Estado do Ceará
Endereço: Rua Costa Barro, 1641 - Fortaleza / CE
Horário: Domingo a domingo, 13h às 19h
Telefone: (85) 8855-1831
Preço: R$ 150,00

Local: Lagoa Clube de Voo Livre
Endereço: Praia Mole - Florianópolis / SC
Horário: Domingo a domingo, 7h às 19h
Telefone: (48) 9111-2202
Preço: R$ 200,00




Atualizado em 6 Set 2011.