Guia da Semana


Das memórias de infância que guardo até hoje, três regressam constantemente à minha cabeça: as macarronadas dos almoços de família, as louças e objetos quebrados pelas brincadeiras com meu irmão mais velho e os passeios em que nosso pai era "arrastado" para o Parque do Ibirapuera.

O prato italiano persiste como preferência, os castigos pelas travessuras esvairam-se, mas a diversão familiar sempre me intrigava: por que tinha que esperar até o domingo? A medida que fui crescendo percebi que as tais saidinhas dominicais eram um pretexto para deixar os ´pestinhas´ menos eufóricas e botar ordem no caos que as crianças pequenas causam constantemente quando juntas.

Mesmo assim, mantive o hábito de freqüentar o parque desde aquela época, aliando a proximidade de minha residência, com as inúmeras atividades disponíveis para praticar. Essas evoluíram, iniciando das brincadeiras de playground, passando pelo futebol e Cooper, até as visitas culturais à Bienal e o Museu de Arte Moderna.

Embora a metrópole paulistana não seja agraciada com praias afrodisíacas, morros recortados, ilhas ou cataratas, alguns lugares da cidade cantada por Tom Zé e Arnaldo Antunes fazem do roteiro turístico de qualquer estrangeiro, a Avenida Paulista e o Parque do Ibirapuera são dois deles.

O que me impressiona é a diversidade das pessoas que passeiam pelo Ibirapuera. Atletas profissionais e de fins de semana; mendigos a empresários; crianças, jovens e idosos; encontros românticos, de negócios e culturais; enfim, quase tudo cabe nesse espaço de 1,6 milhões de metros quadrados, tido como pulmão de São Paulo.


Olhando pela parte arquitetônica, em que lugar você veria tantas obras de Niemeyer - como o MAM, a Oca, o Museu Afro e o Pavilhão Ciccillo Matarazzo - reunidas e dialogando com árvores frondosas, trilhas de caminhadas e mais de 120 espécies de aves, que povoam o lago com fontes, colorindo a noite da cidade.

E, neste ano de comemoração do Centenário de Imigração Japonesa, uma boa opção para quem se interessa por uma visita sem agitação é o Pavilhão Japonês. Lá você pode conhecer um pouco da cultura nipônica com o Jardim Zen, o Lago das Capas e o acervo de roupas de samurais, estatuetas e vasos de várias dinastias.

Enfim, quando Caetano Veloso cantava a "dura poesia concreta de tuas esquinas", não estava referindo-se ao espaço de lazer freqüentado por até 130 mil pessoas nos domingo. É por isso que reflito e entro em uma coclusão, o Parque do Ibirapuera pode não ter sido minha casa, mas com certeza foi o meu jardim.


Quem é o colunista: Leonardo Filomeno

O que faz: Esportes e Jornalismo

Pecado gastronômico: Pizza e comida japonesa.

Melhor lugar do mundo: Ainda preciso conhecer

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Atualizado em 6 Set 2011.