Guia da Semana

Fotos: www.sxc.hu

Seria estúpido dizer que adoro viajar. Quem não adora? Conhecer o Brasil é um sonho que realizo aos poucos, sabendo o tanto que ainda falta: praticamente tudo. Contudo, às vezes é bom refletir o que é essencial a um passeio longo. O hotel? O lugar? A culinária? A agitação da noite? Quem sabe, arrisco dizer que a companhia faz toda a diferença. Assim, vou contar bem pouco de alguns lugares em que uni a companhia perfeita com o paradeiro inesquecível.

Ah! Deixe-me apenas avisar-lhes de um pequeno detalhe. Sou do tipo ´viajante desastrada´. Sei fazer uma boa limpeza na casa, topo passeios fadados ao fracasso, até aceito passar madrugadas na estrada! Porém, assumo que sou um imã para atrair confusões. E claro, não me peça para cozinhar. Pergunte a meus amigos, se desejar. Eles experimentaram alguns de meus dotes culinários. Pouquíssimos foram aprovados, infelizmente... Quem sabe o meu macarrão instantâneo?

Mas, não vamos nos perder! Não sei dizer com certeza quantas vezes deixei meus familiares (especialmente minha mãe) em casa, de cabelo em pé, perguntando-se o que fizeram para merecer uma integrante que foge de passeios em família. Não que eu fuja propriamente, amo viajar com eles! Mas, não há nada como uma aventura de vez em quando com os amigos...

Pude conhecer alguns paraísos brasileiros junto deles. Abrolhos foi inesquecível, o arquipélago localizado no sul da Bahia, um verdadeiro presente da natureza, repleto de peixes, plantas e corais belíssimos! Tivemos também a sorte de presenciar a época de reprodução das chamadas baleias jubartes! Em compensação, o hotel era tão rústico que, ao ligarmos três chuveiros juntos, a força acabava e tínhamos de tomar banho gelado no escuro. E eu disse que pegamos carona em uma lancha para chegar ao arquipélago? Muitos dos companheiros de viagem foram presenteados com enjôos. Preciso dizer que esses enjôos decoraram o nosso único meio de transporte? Pois é... Mas, poxa, eu mergulhei com golfinhos!

Conheci também algumas cidades da Bahia. Lugar maravilhoso, povo acolhedor, e muita, muita folia! Não cheguei a ver Ivete Sangalo, mas tudo bem, ela sempre passa por São Paulo...

Arraial da Ajuda e Porto Seguro estavam no roteiro, cidades prontas para receber milhares de estudantes sedentos por muita festa. Foram noites em claro, coquetéis feitos das mais diversas frutas (e bebidas alcoólicas) e o fôlego do baiano, que pula durante uma noite toda e não se cansa nunca. Lógico que tive insolação e passei uma noite em puro delírio (não, não esse tipo de delírio, o de febre mesmo), torci o pé na balada e ganhei uma bela dor de ouvido.

Outra cidade que me encantou foi a pequena Morro de São Paulo, uma ilha localizada a 60km ao sul da capital Salvador. Há três principais praias, ótimas para agitação, piscinas naturais e esportes como tirolesa e surfe. Aliás, é em Morro de São Paulo que está a maior tirolesa do Brasil, 400 metros de cabo a 57 metros do chão. Frio na barriga?!

Eles, esses meus queridos amigos, também inventaram de acampar em uma praia do litoral do meu estado, Peruíbe. Preciso dizer que descobri, apenas lá, que sou alérgica a picada de insetos? Minhas pernas ficaram inchadas por um mês inteiro, tive de correr para o hospital e não pude tomar sol por noventa dias. Até que essa abstinência veio a calhar, já que também peguei insolação por lá.

A última aventura aconteceu no Réveillon deste ano. Estava tudo pronto para desembarcarmos no Guarujá (litoral sul de São Paulo), porém cinco dias antes, houve mudanças drásticas no planejamento. Foi difícil, mas convenci a matriarca que iria embarcar em um carro mil para a capital de Santa Catarina, Florianópolis. Confesso que até agora não sei como conquistei tal feito...

Foram 705 km percorridos em pouco mais de 10 horas para conhecer um dos lugares mais lindos desse país. Ficamos na praia chamada Barra da Lagoa, na Baía Leste da ilha, próximo à Praia Mole, paraíso do surfe e de gente bonita. A cada dia, conhecemos um pouquinho das baías e admiramos como o mar é limpo, claro e um misto de azul e verde encantador. Certamente, o passeio seria ainda melhor caso tivéssemos conseguido um cooler para colocar as latinhas de cerveja, mas tudo bem... E, se não houvesse tantas baratas para os meninos matarem toda noite (eu até posso matar baratas, mas se há algum amigo simpático para fazê-lo, por que me desesperar?).

O resultado que fica é: viajem! Muito! Aproveitem pores-do-sol, luais na praia, lareiras e vinhos na montanha, um mergulho à meia-noite e um cochilo às seis da tarde... O que importa é a companhia. O resto, tudo se ajeita.

Quem é a colunista: Angela Miguel
O que faz: jornalista e repórter da revista Meu Nenê.
Pecado Gastronômico: o tanto de camarão que comi em Florianópolis.
Melhor Lugar do País: qualquer lugar vale a pena com a companhia certa.
Para Falar com Angela: [email protected]

Atualizado em 6 Set 2011.